29.11.13

AMNIOCENTESE ou BIÓPSIA DAS VILOSIDADES CORIÓNICAS | a minha experiência

Ontem fiz uma amniocentese, ou melhor, uma biópsia das vilosidades coriónicas.

Sempre achei que ia fazer uma, devido à minha idade. Quando engravidei, tinha acabado de fazer 35 anos. Depois, fui percebendo que não era bem assim. Havia outros exames a fazer antes de nos decidirmos por uma amniocentese. Ao longo das ecografias (e, em 16 semanas, já fiz 5), fomos vendo que tudo estava dentro do normal. Depois, às 12 semanas, fiz o rastreio bioquímico. Também não revelou nada de anormal. Perante isto, o médico disse que a amniocentese ficava ao meu critério. Deu-me umas semanas para eu pensar no assunto. O que é que eu ia fazer? Na verdade, não tinha nenhuma vontade de fazer a amniocentese, mas também não queria ficar na dúvida tantos meses. Juntamente com o meu marido, decidimo-nos pela amniocentese. Seria uma amniocentese por vontade materna.

Pesquisei tudo sobre este procedimento. Li imensa literatura, relatos de outras senhoras e vi vídeos. Tudo me parecia completamente inócuo, com um risco muito baixo, pouco doloroso e bastante rápido, como se pode ver neste vídeo:


Uma amniocentese

Ontem, tal como já estava marcado, fomos ao hospital para fazer a amniocentese. Fomos bem recebidos e foi tudo muito rápido. Antes de mim entrou uma senhora e, logo a seguir, chamaram-me. Cruzei-me com ela na salinha e a cara dela não era das melhores. Encaminharam-me para a marquesa e a equipa médica foi sempre muito atenciosa. Estavam lá o médico (chefe da genética do hospital), 2 médicas assistentes, 1 enfermeira e 1 auxiliar. Andavam de um lado para o outro a manipular o material, alheios à minha ansiedade. Abriam pacotinhos e pacotinhos de material esterilizado. Para eles era mais um procedimento rotineiro, para mim era um momento importantíssimo. O médico começou por fazer uma ecografia e informou-me de que não iria fazer uma amniocentese, mas sim uma Biópsia das Vilosidades Coriónicas (BVC). Pronto, se estava relativamente calma até então, aqui comecei a entrar em pânico.



Uma Biópsia das Vilosidades Coriónicas

O pessoal médico foi extremamente simpático, apesar de não se descoserem muito. O médico disse-me que ainda bem que era magrinha e eu até perguntei se era eu ou a bebé, dado que nao me considero nada magrinha. As médicas, ainda muito jovens, começaram logo a dizer que sim, que era magra, que eu devia ver era a quantidade de pessoas gordas que passam por lá e acham que são magras... e tal... e deixei de as ouvir. Percebi claramente que a conversa era para me distrair, mas a dor nesta altura era insuportável para conseguir prestar atenção ao que falavam. Primeiro, senti a agulha a entrar, mas não foi nada de especial. Uns segundos depois, senti uma dor horrível que foi desde o lugar da punção até à uretra. Deve ter sido aqui que começou a recolher o material da placenta. O problema é que não demorou 1 minuto, como me garantiram no início. E a dor foi aumentando de intensidade, sempre até à zona da uretra. Eu, que pensava que ia ser uma coisa breve, dei por mim a perguntar ao médico onde é que estava esse minuto. Isto tudo entre muitos ais, uis e lágrimas. Acho que uma das médicas assistentes foi muito lenta, enquanto retirava o primeiro frasco que se foi enchendo. Sim, vi, no final, pelo menos, 3 frascos. Parecia que andavam a remexer lá por dentro com a agulha. O médico até brincou dizendo que a doutora ainda estava com as mãos frias. E ela com medo em tocar-me, mas eu só queria que aquele momento fosse abreviado o mais possível. Lá retiraram a agulha, mas a dor manteve-se. Fiquei na marquesa, imóvel, a chorar porque não consegui conter as lágrimas. Pediram-me para me levantar e estava muito atordoada. Devia ter ficado deitada. Agora compreendo a cara da outra senhora. Fui assinar qualquer coisa e saí com o meu marido para outra sala onde fiquei em repouco mais 30 minutos.

Nessa salinha, fiquei com o meu marido, a minha cunhada e uma amiga, que trabalham no hospital. Tive que estar deitada para o lado esquerdo, mas não me explicaram porquê. Aliás, só me recomendaram que estivesse em repouso absoluto nos próximos 3 dias e que não mantivesse relações sexuais na próxima semana. É assim que tenho estado desde ontem, deitada, só me viro para o lado esquerdo, dado que me picaram no lado direito. Segundo o que li, o mal estar é semelhante ao das dores menstruais, mas não é nada disso. O que sinto é como se me tivessem esfaqueado e tivessem rodado a faca lá dentro. Quando deixo a bexiga encher muito, dói mais. Hoje, já me sinto bastante melhor.

A minha barriguita

Então, qual é a diferença entre os dois procedimentos?

A amniocentese pode ser realizada a partir das 16 semanas e a BVC entre as 12 e as 15. A primeira retira líquido amniótico, a segunda retira material da placenta. Creio a que a BVC seja mais fácil de executar e de menor risco para o bebé. Só por estes motivos entendo que me tenham feito uma BVC, dado que já estou de 16 semanas. É o tipo de esclarecimentos que me deviam ter prestado.

Nota da autora:
Com este relato não pretendo alarmar ninguém. Sou, por natureza, uma pessoa com pouca tolerância à dor. É normal que me tenha doído mais do que à maioria das pessoas. É normal que tenha sido mais tramatizante para mim do que para a maioria das pessoas. Esta é apenas a minha experiência.

Também quero pedir desculpa se houver algum erro. Estou a escrever de lado, na cama, em grande esforço.

3 comentários:

  1. :) Que coragem!!
    Já passou é o que importa. Que tudo corra bem!

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  2. Fiz amniocentese e gracas a deus nao sentir nada nem uma dor se quer eles deram anestesia local por isso nao sentir dor.

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  3. Se o que descreve foi o que verdadeiramente aconteceu, foram cometidas diversas falhas ético deontológicas. Onde está o consentimento informado? Obrigatório nestes casos. A DGS obriga a que seja escrito, mas deveria pelo menos ter havido um esclarecimento oral. Porquê uma BVC e não uma amniocentese? Se se pretendia um diagnóstico porque se gastou tempo e dinheiro a fazer um rastreio bioquímico? .......

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