27.1.17

Acupunctura

Já queria fazer acupunctura há muito tempo, mas nunca tinha surgido a oportunidade. Há cerca de 6 meses resolvi marcar uma consulta. Nunca mais larguei.
Eu procurei ajuda para tratar a ansiedade. Estou a fazer outros tratamentos paralelamente, por isso não posso atribuir à acupunctura todo o mérito. Por outro lado, também não sei o que aconteceria se só tivesse feito acupunctura. O certo é que me sinto muito melhor, as consultas são muito agradáveis e as agulhas não são nada assustadoras.

Habitualmente, são-me colocadas agulhas nos pés, nos braços, nas mãos, nas orelhas e na testa. A que oferece mais resistência é a da testa (mas cada vez menos), mas é precisamente por isso que tenho ansiedade. Nas mãos só dói se as mexer. No resto do corpo não sinto absolutamente nada. E depois é só ficar ali a relaxar um pouco com as agulhas.

No final, são-me colocados uns adesivos nas orelhas com uma semente. É suposto andar uns 3 dias com os adesivos e ir pressionando as sementes. É como se eu continuasse a fazer acupunctura nos dias seguintes. Já tomei banho e fui ao cabeleireiro e os adesivos cá estão a cumprir o seu propósito.

20.1.17

O primeiro cocó do papá

Pode parecer mentira, mas hoje o papá cá de casa trocou a primeira fralda com cocó. Era algo que já não pensávamos que fosse acontecer porque a criança está a 3 meses de fazer 3 anos.
Hoje, devido a uma série de circunstâncias, o pai ficou sozinho com a Maria Victória durante 1 hora. Passou o tempo todo a mandar-me mensagens porque a menina andava aflita para fazer cocó, mas não queria fazer. Desde que ela teve problemas com obstipação, de vez em quando tem medo de fazer e piora as coisas. Hoje, era o segundo dia em que não fazia cocó. Já ia tomar medidas mais drásticas (Movicol), se não fizesse durante a tarde. Pois, fez naquele período de tempo que esteve com o pai. E nem sequer fez na sanita, foi mesmo na fralda.
Assim que cheguei, perguntei quem a tinha limpado. E diz ela, toda satisfeita, que tinha sido o papá. Ele estava muito calado e só me disse que se fosse diarreia a tinha enfiado debaixo do chuveiro. Pelos vistos, não foi nada traumático.
Honestamente, não percebo este problema de alguns homens (acredito que são cada vez menos) com os cocós. O meu homem sempre saiu do espaço onde estávamos cada vez que havia um cocó. Cheira aquilo à distância e afasta-se logo. Eu era assim até ter sido mãe. Nunca o cheiro de uma fralda suja me incomodou, bem pelo contrário. É uma felicidade enorme sempre que há cocó. Nunca insisti para que ele o fizesse porque nunca houve necessidade. Ele fazia outras coisas, apesar de eu ser a cuidadora por excelência cá em casa. Porque ele não se importa e porque eu faço questão.
Havia sempre alguém por perto que podia mudar fraldas de cocó. Até hoje! Foi o baptismo de cocó!

19.1.17

Tocofobia

Há uns dias, recebi uma mensagem no facebook de uma mulher que me perguntava se eu tinha tocofobia. Eu disse-lhe que sim, que até já tinha escrito sobre isso quando estava grávida (texto aqui), mas que já tinha ultrapassado mais ou menos esse medo com o nascimento da minha filha. Então, ela diz-me que eu não devo ter tocobia porque consegui ter um filho. Ora, para quem não sabe, a tocofobia é o medo irracional da gravidez e do parto.

Depois dessa mulher ter lido o meu texto, disse que parecia que tinha sido escrito por ela, mas ao longo da conversa que tivemos pude perceber que o caso dela era muito mais sério do que o meu. Ela tinha a minha idade, 38 anos, queria muito ser mãe, já tinha estado grávida, mas abortava sempre. E abortava de propósito, tal era o pânico de estar grávida. Vivia completamente amargurada, culpada e infeliz pelo que tinha feito e com uma série de comportamentos mais ou menos incompreensíveis (enfia-se dentro do armário, cospe a cama toda). Realmente, este caso de tocofobia era muito mais severo do que o meu, mas ainda assim esta mulher sentiu-se felicíssima por ter encontrado alguém que conseguia compreender o seu sofrimento. Confesso que os abortos que ela fez me chocaram, mas eu também não estava no seu lugar. Eu não sei o que é ter o seu sofrimento. Só sei que ela quer muito ser mãe e terminámos a conversa com outro tom. Havia esperança nas suas palavras e uma decisão de ser mãe.

Eu espero tê-la inspirado com o meu pequeno exemplo de superação, se é que lhe posso chamar isso. Superação no sentido de ter conseguido arranjar forças para ter decidido engravidar. O mais difícil é mesmo a decisão porque, no meu caso, tudo o resto foi muito fácil. A gravidez vai-nos dando hormonas que ajudam a enfrentar a gravidez com alegria e felicidade e também fui muito abençoada no parto. Nada traumático! O que eu temia não aconteceu. Se fiquei curada? Não, fiquei. Continuo a recear o medo, mas agora já tenho a vantagem de saber o que uma gravidez e um parto trazem - o maior amor do mundo. Lembro-me de ter uma grande amiga grávida quando a minha menina era ainda um bebé pequenino e eu só lhe dizia, aliviada: "A minha já está fora..." Claro que ela me chamava uns nomes feios na hora, mas eu sentia mesmo pena de ela ter ainda de passar pelo parto.

As pessoas que têm este medo irracional devem procurar ajuda profissional. Se o desejo é ter filhos, acreditem que vale a pena enfrentar o medo. Não se sintam sozinhas!


18.1.17

A RENA GRÁVIDA

Numa floresta, uma rena grávida estava prestes a dar à luz. Ela encontra um campo relvado, próximo de um rio que corria vigorosamente. Este parecia ser um lugar seguro. 

De repente, as dores do parto surgem. Ao mesmo tempo, nuvens escuras surgem no céu e um raio dá origem a um incêndio na floresta. Ela olha para a sua esquerda e vê um caçador com a sua seta apontada para ela. Olha para a sua direita e vê um leão esfomeado a aproximar-se. 

O que pode a rena grávida fazer? Ela está em trabalho de parto! O que irá acontecer? Será que a rena vai sobreviver? Será que vai conseguir dar à luz a sua cria? Irá a cria sobreviver? Ou será que tudo será calcinado pelo fogo da floresta? Será que morre pela seta do caçador? Ou terá uma morte horrível às mãos do leão faminto que se aproxima dela?  

Está limitada pelo fogo por um lado e pelo rio por outro e engaiolada pelos seus predadores naturais. O que é que ela faz? Ela foca-se em dar à luz uma nova vida! A sequência de eventos é a seguinte: 

- um raio cai e cega o caçador
- ele lança a seta e atinge o leão esfomeado
- começa a chover e o fogo diminui drasticamente por causa de chuva
- a rena dá à luz uma cria saudável. 

Também na nossa vida há momentos de escolha, quando somos confrontados por todo o lado com pensamentos e possibilidades negativas. Alguns pensamentos são tão poderosos que nos engolem. Talvez possamos aprender com a rena. A prioridade da rena, naquele momento preciso, era simplesmente dar à luz aquela cria. O resto não estava nas suas mãos e qualquer acção ou reacção que alterasse o seu foco poderia resultar em morte ou desastre. 

Pergunta-te. Qual é o teu foco? Onde está a tua fé e esperança? No meio de qualquer tempestade, mantém a fé sempre. Esta nunca te irá desiludir. Nunca. 


17.1.17

Os nossos dias

Ultimamente, venho aqui apenas para me desculpar pela ausência. Provavelmente, ninguém notou a ausência, mas eu sinto a falta de escrever. Na verdade, escrevo longos depoimentos... na minha cabeça. Seria bom já terem inventado um dispositivo que transcrevesse aquilo que nos passa pela cabeça. Ou talvez não seja assim tão boa ideia. Todos temos aqueles pensamentos que é melhor ficarem para nós...
Não sei se tenho falta de tempo ou se tenho apenas falta de organização para escrever. O facto é que não escrevo e isso não quer dizer que não se passe nada nas nossas vidas. Deve ser isso, então! Passa-se imensa coisa ao mesmo tempo e eu ando a viver isso tudo. Também não tenho ninguém que me venha aqui escrever os posts, que me tire fotos glamourosas, que me patrocine com ofertas fantásticas... 
Ter uma criança que se aproxima vertiginosamente dos 3 anos, 2 trabalhos, obras em casa, obras na nova casa, viver com ansiedade, com um marido e 2 gatos... uff cansei-me... bom, esta é provavelmente a vida menos glamourosa da blogosfera. Esta nunca foi uma prioridade. Nunca me senti glamourosa nem tenho pretensões nesse sentido. Aqui somos todos normais e eu apenas me lembrei de registar a minha gravidez, até mais para desabafar do que para registar para memória futura. 
Agora também me apetece desabafar, mas o tempo (ou falta de organização) escasseia. Não consigo acordar muito cedo porque tomo medicamentos à noite que me fazem dormir. Mas não durmo porque a minha princesa acorda pelo menos 2 vezes por noite para beber leite (e mudar a fralda). E eu acordo. Logo, a medicação não pode cumprir o seu propósito e eu não vou contrariar as necessidades da minha filha. Então, acordamos por volta das 9 e a minha filha fica comigo até às 11 ou 12. Trabalho em casa e, nesse período, tenho que equilibrar criança com e-mails e sistema e pequeno-almoco e Mickey e plasticinas e xaropes... cansei-me de novo. É atarefado, sim, mas adoro poder vê-la acordar e não ter que a preparar apressadamente para a levar ao infantário. Quando, finalmente, ela vai para casa dos avós, posso voltar a dedicar toda a minha atenção ao trabalho e a mim. Mas como a manhã entretanto já passou, como sempre qualquer coisa à pressa, tomo um banho muito rápido (ou nem tomo), trabalho mais um pouco e logo saio para o trabalho número 2. Por trabalhar em casa há muitos anos, senti agora a necessidade de sair um pouco. E vou dar aulas privadas num centro de estudo. Apesar de ao fim da tarde já estar exausta, ainda vou ensinar os filhos dos outros. E que bem que isso me tem feito. De facto, as crianças só trazem coisas boas, independentemente da idade. Por volta das 7, saio a correr para a minha criança que me aguarda cheia de saudades. E eu dela! A maior parte das vezes, não cozinho. Ou jantamos em casa dos avós ou mandamos vir qualquer coisa. Como a menina já jantou nos avós, não me preocupo muito com a nossa alimentação. E isso reflecte-se na nossa saúde, claro. Lá está mais uma evidência de que não sou nada organizada. Assim que chegamos a casa, já só me dedico à minha filha. Só há tempo para banhos e brincadeira. 
Estou à espera de mudar para a nova casa para poder fazer alterações profundas a estas rotinas. O facto de ela ir para a escola logo de manhã é capaz de provocar alterações suficientes para eu ter de me organizar melhor. 
No meio disto tudo, só posso dizer que sou uma felizarda pela filha que Deus colocou nas nossas vidas. Acordar todos os dias com esta benção faz tudo valer a pena.