26.1.18

Novo projecto, nova vida


Acho que acontece com muitas mães. Assim que temos um filho, começamos a repensar a vida, já não gostamos do que fazemos, queremos é estar em casa com os bebés e desatamos a ser empreendedoras. As que não são empreendedoras, aposto que pensam em ser e falta-lhes é ideias. É muito comum mães começarem actividades associadas a crianças. Também pensei nisso, mas não sei fazer nada, por isso logo afastei a ideia.
A determinada altura subscrevi as newsletters de um grupo de mães empreendedoras no Brasil. Faziam webinars, workshops online e estavam sempre a mandar emails. Era uma coisa muito incómoda porque recebia emails todos os dias e deixei de subscrever aquilo. No entanto, não deixei de pensar numa coisa que elas diziam sempre: procurem fazer algo que vos apaixone e que saibam fazer. É aí que reside a questão toda. Ora, eu sei fazer muito poucas coisas. Manualidades, zero, cozinha, zero. Só sei escrever, então vamos lá continuar o blogue. Mas o blogue não me dá dinheiro e gosto de vir cá escrever quando quero e quando posso. Fazer disto uma profissão deve ser aborrecido porque temos que arranjar maneira de ter conteúdos novos todos os dias, conteúdos apelativos e até conteúdos encomendados... Depois comecei a pensar naquilo que me apaixona. E então o que me apaixona são roupas, sapatos, acessórios, coisas de gaja, portanto. Estava fora de questão abrir uma loja física. Há demasiadas despesas fixas para um mercado tão instável como o da moda e com tanta concorrência. Então pensei naquilo que me apaixona mesmo: que são as peças feitas marcas premium, aquelas às quais é tão difícil chegar porque têm preços proibitivos. Ou não. Porque é que a pessoa comum não há-de poder comprar uma peça de luxo? Foi assim que criei a MissVintage.

A MissVintage é um conceito inovador em Portugal, apesar de já haver no estrangeiro. Vejam este vídeo.
Na MissVintage podemos colocar os nossos artigos de luxo à venda e esperar que alguém compra. Os artigos são publicados no website. A nossa equipa de especialistas avalia as imagens, preços e a descrição do artigo feita pelo utilizador, de forma a assegurar que o artigo é de alta qualidade, que se mantém atual e dentro das tendências e adequado à estação.
O vendedor pode ajustar o preço, adicionar mais detalhes e interagir com a MissVintage.
Às quantias recebidas pelo comprador são deduzidas os seguintes quantias:
- comissão da MissVintage (25% do valor de venda)
- portes de envio (5€ valor fixo, com seguro adicional)
Depois do artigo ser vendido, o vendedor deverá enviá-lo para a sede da MissVintage, com comprovativo de envio por e-mail. Também poderá optar pela recolha, agendada por nós, com seguro adicional. Uma vez na sede, a nossa equipa de Controlo de Qualidade vai comparar cuidadosamente o produto com a descrição original do artigo: verifica a qualidade (dos materiais, metais, costuras, fechos, forros, botões, solas e saltos dos sapatos, etc...) e procura qualquer sinal de que o produto possa não ser autêntico.
Caso tudo esteja em conformidade, o artigo é cuidadosamente embalado e enviado imediatamente ao comprador. Caso contrário, o artigo será devolvido ao vendedor. A compra é cancelada e o seu valor é devolvido na totalidade ao comprador.

Porquê escolher a MissVintage para vender os seus artigos?
- a nossa comissão é a mais baixa do mercado
- não vendemos à consignação
- até ser vendido, o artigo fica na posse do seu dono
- pode colocar o seu artigo à venda a partir de casa
- a compra e a venda são feitas em segurança

asseguramos a privacidade de comprador e vendedor
- temos uma equipa de Controlo de Qualidade que inspeciona o produto, antes de chegar às mãos do comprador, garantindo que compra mesmo o que está anunciado.

Este é o primeiro website em Portugal com este conceito, que já é um sucesso noutros países. Em Portugal, há várias lojas com vendas do género à consignação (com comissões à volta de 50%). Para além disso, essas lojas estão situadas no Porto ou em Lisboa, o que inviabiliza a compra para muita gente que não vive nessas metrópoles. Com a www.missvintage.pt pretendemos democratizar a moda de qualidade e disponibilizar o luxo e a qualidade a todos, de forma sustentável e acessível. 

Gostava que me visitassem nas redes sociais e no site. Temos lá peças de perder a cabeça, lindas de morrer, de marcas de sonho e a preços fantásticos. Até já!

Facebook
Instagram
www.missvintage.pt 



24.1.18

A mamã foi à escola

O Jardim de Infância da Maria Victória fica na nossa área de residência, a uns 300 metros de casa. No entanto, ela até tem transporte para a escola que passa à porta de nossa casa. E vem sempre almoçar a casa, também no transporte. Um luxo, não acham? Pois é, vantagens de se viver em Trás-os-Montes e na periferia da cidade de Vila Real.
É que apesar de o JI mais parecer uma creche muito familiar e acolhedora, há um esforço da comunidade escolar, e até da comunidade em geral, para que todos participem na educação destes meninos.
Desde o início que os pais são convidados a ir à escola fazer qualquer coisa com as crianças. Eu sou professora de Inglês, logo não seria difícil de arranjar uma actividade para eles. Fui adiando, adiando... Estava um pouco hesitante porque sempre que pensava em alguma coisa, logo me ocorria que eles ainda não sabiam ler. Fui treinada para ensinar Inglês a meninos adolescentes e não é fácil lidar com crianças tão pequenas. A Maria Victória conhece imensas músicas em Inglês e tem um vocabulário bem razoável... mas eu já a expus à língua desde que nasceu. Aprendeu tudo sozinha. Mas chegar a uma sala com uma actividade nesta língua, que provavelmente nunca ouviram com atenção, é desafiante.
Hoje foi o dia. Escolhi levar uma
música porque os miúdos adoram cantar, é fácil de memorizar e ainda podem cantá-la na festa de final de ano. Levei o meu iPad e pus a tocar a música "Are you sleeping, are you sleeping, brother John?" Adoro esta versão do Dave and Ava porque tem umas imagens lindíssimas, não acham?
Apesar da Maria Victória já conhecer a música há imenso tempo até se portou muito bem, não se exibiu e deixou os meninos cantar ao seu ritmo. De facto, as crianças são mesmo surpreendentes. Nenhum dos meninos tinha sido exposto à língua inglesa, nunca tinham ouvido a música, mas rapidamente a aprenderam. Uns melhor do que os outros, mas todos cantaram. Uns fizeram de galo, outros de John dorminhoco, outros andavam com uns sininhos improvisados. Foi tão bom, tão bom que tive que arranjar outra música. Escolhi a Johny Johny Yes Papa e foi igualmente um sucesso. São músicas curtas, muito repetitivas e fáceis de decorar. Eles adoraram, fizeram a dramatização e ficou muito bem. De notar que fiquei lá menos de 1 hora e alguns aprenderam as 2 músicas.
Caso me permitam, espero poder ir lá mais vezes e trazer alguma novidade àqueles meninos. Alguns vêm claramente de famílias mais desfavorecidas e ainda me dá mais vontade de lá voltar. Acho que o ensino do Inglês (ou de outra língua estrangeira, na verdade) devia ser iniciado o mais cedo possível. Nestas idades, as crianças são esponjinhas e absorvem tudo o que lhes dermos (o bom e o mau, claro) e é agora que têm que ser expostas às línguas. Devia ser o nosso Ministério da Educação a ter essa preocupação e a ter noção da oportunidade que se está a perder ao não explorarmos mais as potencialidades das nossas crianças. Não é pô-los a falar já Inglês ou dar-lhes mais que fazer, mas simplesmente sensibilizá-los para as línguas estrangeiras. E não se preocupem porque uma criança até aos 6 anos consegue aprender 6 línguas em
simultâneo. Fantástico, não é? Depois, é muito mais difícil e faz todo o sentido a expressão "Burro velho não aprende línguas".

15.1.18

Super Nanny

Não consegui ver a Super Nanny no horário em que passou porque estava a ser mãe. Entre banho, jantar, preparar as roupas para amanhã, deitar a minha filha, preparar a lancheira... só me consegui sentar a ver este programa há pouco. Já percebi que está a ser polémico e há opiniões muito divergentes. Cá fica a minha opinião.

Ao ver a Margarida não pude deixar de ver ali muitas características da minha própria filha. A diferença é que a Maria Victória tem 3 anos e a Margarida tem 7. Acredito que, tal como a Maria Victória, a Margarida não seja sempre assim. São momentos que desembocam em birras. No meu caso pessoal, sei que as birras são totalmente culpa minha. Passo muito tempo com a Maria Victória, sou muito ocupada e é mais fácil ceder às suas exigências. O pai da Maria Victória é muito ausente e faz com que quase tudo recaia sobre mim. É cansativo e nem sempre tenho tempo e disposição (admito!) para me impor como deveria e como ela deveria. Depois, as crianças sabem o quanto as amamos e usam isso a seu favor. Fazem chantagem emocional e as mães, quais idiotas, cedem. Eu, que até sou educadora, no papel de mãe esqueço todas as correntes de pedagogia que estudei e todas as estratégias que defendi e sou como a maioria das mães: um coração de manteiga.

Então, vamos lá às questões polémicas:

- privacidade da criança - É verdade que me custou ver uma criança exposta num momento de fragilidade. Estava cheia de pena da menina... Claro que poderá ser embaraçoso no futuro, mas também poderão ser as fotos que partilhamos em redes sociais com determinadas roupas ou penteados... o que os vai envergonhar no futuro só dependerá deles. E, em última análise, foi uma decisão da mãe e, acredito, do pai. Podem tem decidido que o embaraço era menos importante do que resolver esta problemática.

- o programa - Vivemos na era da Reality TV. Há programas de tudo e mais alguma coisa. Tal como dizia o Andy Warhol, todos vão ter os seus 15 minutos de fama. Já lá estamos. Este programa é mais um que tem como estrelas as crianças, como o Masterchef, os Extraordinários, Uma canção para ti... Esses miúdos também não serão gozados na escola? É mesmo preciso aparecer na TV para se sofrer de bullying? Se Margarida fizesse uma birra na escola ou no supermercado e um amigo visse, não seria igualmente gozada?

- a mãe - A mãe está sozinha com a filha, não parece ter companheiro e dedica-se exclusivamente à miúda. Vai buscar à filha o afecto que provavelmente não tem. É muito fácil cairmos nesse erro. Dormem juntas, a menina é muito meiga, a mãe não se consegue impor quando a menina se porta mal, a mãe trata a criança de 7 anos como um bebé, fazendo-lhe tudo! A mãe, tal como eu, também fala de mais. Ameaça muito e não faz nada. A filha já nem quer saber. Quem precisava de uma intervenção urgente era a mãe. A mãe também é mulher e precisa de recuperar esse lugar também em casa quando está com a filha.

- a avó - A avó só faz o que fazem os avós. Não há problema nenhum em mimar excessivamente os netos. O que não pode acontecer é desautorizar a mãe e a mãe não se impor. Muito menos com uma avó tão presente, ou seja, isso está sempre a acontecer e tem os efeitos que se viram na Margarida.

- os métodos - Sinceramente, os métodos não me chocaram absolutamente nada. Excluiu-se em absoluto as palmadas e insistiu-se no reforço positivo e no elogio. Até gostei do banquinho. Durante a birra é importante que eles tenham tempo para se acalmar. Sem os berros da mãe, sem a mãe, um tempo sozinhos. Não percebi bem quanto tempo seria, mas se for pouco tempo só me parece bem. Cartões, pontos, seja lá o que for... os miúdos gostam de ganhar. Qual o mal de usar isso a nosso favor e levando-os a fazer tarefas básicas do dia-a-dia? Vai chegar o dia em que já nem vão ligar aos incentivos e as tarefas já entraram na rotina.

- o sono - a mãe queria ou não queria dormir com a filha? Pessoalmente, dormir sem a minha filha comigo é muito melhor. Ao fim de quase 4 anos a fazê-lo, desespero por uma noite na minha cama. A diferença é que a minha filha dorme sempre na cama dela, eu fico com ela até adormecer e regresso se ela me chama (tem uma cama de casal e até nem é muito mau). Fá-lo cada vez menos, por isso o desmame está quase feito. Vai ser natural e vai acontecer quando ela também estiver pronta para isso.

Depois disto tudo, há a velha questão das crianças se comportarem pior com a mãe. Ficam mimadas, caprichosas, chantagistas, infantis. É cansativo! E as mães precisam de ajuda! Há tanto investimento em aulas de preparação para o parto e esquecem-se do que vem a seguir. Parir e criar a minha filha nos primeiros meses foi incomparavelmente mais fácil do que o que vivemos agora. Educar uma criança é exponencialmente difícil. É sempre a piorar. E os pais precisam de mais apoio e orientação.

Pessoalmente, quero agradecer aos pais e às crianças que se expõem no programa porque não se estão a ajudar apenas eles, mas a todos nós. Cada família é uma família, só nós conhecemos a dinâmica da nossa própria família e cabe-nos a nós usar esta informação e experiência da melhor maneira possível e sempre em benefício da criança.

Aguardo com expectativa os próximos programas.

10.1.18

Amigos imaginários

Nos últimos tempos, a Maria Victória tem-me falado nas suas amigas Bibi e Gabi. Não são da sala dela, mas pensei que fossem da escola primária ao lado do Jardim de Infância ou do Karate, já que não sei os nomes de todos. Não são. São amigas que ela inventou. Da primeira vez não valorizei porque a minha filha brinca muito de faz de conta, é muito criativa e fabrica situações e personagens. No entanto, ela arranja sempre maneira de trazer a Gabi e a Bibi para a conversa.

Hoje resolvi perguntar-lhe mais coisas sobre as suas amiguinhas. A Bibi tem 4 anos e a Gabi tem 6 anos. Não são irmãs, são amigas e vivem no Algarve. A Maria Victória conheceu-as na casa delas, mas elas também costumam vir cá a casa. Aliás, é quando estão juntas.

Não deixa de me assustar um pouco esta conversa, até porque vivemos numa casa com mais de 200 anos, cheia de história e, acredito, com muitos habitantes... Spooky, right?

De qualquer das formas, parece que esta coisa dos amigos imaginários é um fenómeno normal em crianças com um comportamento e personalidade elaboradas.

- costumam aparecer desde os 2-3 anos até aos 7-8 anos
- é mais comum nos primeiros filhos ou filhos únicos
- pode estar associado a crianças que convivem pouco com outras crianças ou que vivem num ambiente demasiado adulto
- está associado a crianças muito criativas e muito fantasiosas
- crianças com amigos imaginários têm tendência a ser jovens criativos, com maior empatia e boas habilidades linguísticas
- quanto maior a criatividade e fantasia da criança, maior a probabilidade de ter um amigo imaginário
- os pais devem "conhecer" os amigos imaginários e prestar atenção às suas conversas
- as crianças devem preferir sempre brincar com os amigos reais


8.1.18

Furar as orelhas

A 3 meses de cumprir 4 anos, a Maria Victória ainda não tem as orelhas furadas. Agora sei que devia tê-lo feito quando era bebé, pois agora é bastante mais complicado. Nunca o quis fazer porque não lhe queria infligir um sofrimento desnecessário em prol de um motivo fútil. Sim, as meninas ficam lindas, há brincos lindos, identifica-se facilmente uma menina pelos brincos... para mim, nunca teve qualquer importância.

A Maria Victória é muito vaidosa e feminina. Gosta de laços, folhos e cor-de-rosa. Naturalmente, gosta de brincos e outros acessórios. Outras pessoas também perguntam porque sim e porque não e hoje levei-a ao sítio que me parece mais indicado para lhe furar as orelhas.

Na loja Claire's furam as duas orelhas em simultâneo e acho que é o ideal para estas crianças. Não estou a ver a Maria Victória querer furar a outra orelha depois de ter furado a primeira. Pareceu-me bastante entusiasmada, mas o facto de as meninas da loja quererem, compreensivelmente, que ela estivesse quieta, enviabilizou tudo. Foi essa pequena hesitação que a fez ter medo e querer desistir.

Não há problema algum. Não quero forçar nada. São apenas uns brincos. Quando ela quiser muito, ela vai querer ir e eu vou estar com ela, a dar-lhe a mão. E vai ficar tão linda com brincos como fica sem brincos.