24.7.18

Na próxima vida quero ser Ursa

Nesta vida eu sou uma mulher. Na minha próxima vida, eu gostaria de voltar como uma URSA. Quando somos ursos, hibernamos. Ou seja, durante 6 meses não fazemos mais nada que não seja hibernar. Acho que lidaria bem isso.

Antes de hibernar, ia comer como uma desalmada. Também acho que lidaria bem com isso.

Enquanto jovem ursa, daria à luz os filhotes (que são do tamanho de nozes). Enquanto dormia, os meus filhotes cresciam e iria acordar com eles parcialmente crescidos e muito fofinhos. Eu definitivamente lidaria bem com isso.

Quando somos mamãs ursas, toda a gente sabe que falamos a sério, que afugentamos quem incomoda os nossos filhotes. Se os filhotes saírem da linha, também apanham da mamã ursa. Eu lidaria bem com isso.

Quando se é uma ursa, o seu companheiro já está à espera que acorde a resmungar. Ele já está à espera que tenha pêlos nas pernas e excesso de gordura.

É isso mesmo! Vou ser uma URSA!

20.7.18

Lixo na praia

Já não vinha ao Algarve há uns anos e o que mais me surpreendeu foi perceber que as praias continuam tão sujas como antes. Aliás, estão aparentemente limpas, mas ao caminharmos percebemos as pontas de cigarro, os papéis, tampas de garrafas de plástico, caricas... Apesar de todos os caixotes do lixo estrategicamente colocados, os veraneantes ainda não perderam o mau hábito de esconder o pequeno lixo na areia.
Assumi o compromisso pessoal de apanhar todo o lixo que encontrasse no meu caminho. Saquinho na mão, apanhei um pouco de tudo e, felizmente, não cheguei a encher o saco.
O que mais me chocou foi quando um vendedor jovem de Bolas de Berlim parou mesmo ao lado dos Nadadores Salvadores para descansar um pouco e dar dois dedos de conversa enquanto fumava um cigarro. Acabado o cigarrito, toca a deitá-lo na areia e apressadamente seguiu o seu caminho. Fiquei mesmo revoltada! Como é que pessoas que vivem da praia não a respeitam como ela merece? Uma praia com bandeira azul! Fui ter com os nadadores-salvadores e demonstrei o meu desagrado, até porque o cigarro foi para o chão mesmo ao lado deles. Responderam-me que já tinham falado com o senhor em causa e que iam voltar a fazê-lo. Expliquei que não tinha qualquer intençáo de humilhar a pessoa, mas havia havia caixotes do lixo espalhados por todo o lado e não havia mesmo qualquer necessidade de colocar lixo no chão.
No dia seguinte, voltei à praia e lá andava o vendedor de bolas de berlim. Ele e outros 3. Parou novamente junto dos nadadores-salvadores para a pausa para o cigarro. Quando terminou, foi colocá-lo no lixo. Aproximei-me dele propositadamente, comprei 2 bolas de berlim para as miúdas e, antes que ele fosse embora, falei-lhe no cigarro e agradeci-lhe por tê-lo colocado no lixo. Paraceu envergonhado, mas espero que seja menos um a deixar lixo na praia.

6.7.18

Crianças com QI acima da média

Hoje conversava com uma amiga que, muito angustiada, me confessou que o filho foi diagnosticado como sendo “sobredotado”. Todos queremos tanto que os nossos filhos sejam precoces e bons no que fazem, mas este é um desafio para o qual nenhum pai ou mãe estão preparados.
O menino só foi para o Jardim de Infância com 5 anos - contava mal até 20, não sabia desenhar e conhecia meia dúzia de letras. 3 meses depois, a minha amiga é chamada à escola por suspeitas da criança ser hiperactiva. Fizeram testes neuropsicológicos e o menino tinha um QI de quase 140. A média para a idade seria de 90. 3 meses depois de entrar no Jardim de Infância, já lia sozinho, já sabia contar até 100.000 e calcular... Fez 2 anos em 3 meses!
60% destas criancas (enfants zèbre como lhes chamam no país onde vivem) acabam por nem concluir o 12.º ano. O sistema não está preparado para crianças assim. Nem os pais. Estes pais estão angustiados por não saberem como lidar com uma criança especial. Estão preocupados porque nunca se aperceberam de nada, não viram nenhum sinal de alarme, apenas viam uma criança muito agitada, como muitos são. Esperavam um diagnóstico de problemas de concentração ou de hiperactividade, mas nada disto. Foi uma surpresa total. Os pais estão inseguros porque não notaram os sinais, mas a verdade é que a maioria dos sobredotados não sabe que o é e não está diagnosticada.
O menino de 5 anos passou directamente para a primária, mas continuava a ser o menino de 5 anos, com os amiguinhos da mesma idade. Estão a avaliar se terá que passar mais outro ano à frente ou não. Nova perda de amigos. O preocupante é que apesar do menino ser intelectualmente desenvolvido, a sua parte emocional pode não acompanhar. Gerir essas frustrações é um desafio para professores e, sobretudo, para os pais.
Como é que os pais podem ajudar?
- proporcionar um ambiente com recursos que continuem a estimular a criança;
- evitar a supervalorização e as expectativas quanto ao desempenho da criança; ela mesma, em geral, já é muito exigente, e os pais devem aceitar falhas e ajudar a criança a enfrentar dificuldades de qualquer ordem;
- ajudar a criança a lidar com frustrações emocionais; apesar do sobredotado não passar por dificuldades no aspecto académico, o fracasso faz parte de outros contextos da vida, e prepará-lo para isso é favorecer seu desenvolvimento emocional saudável;
- não se esquecer de que, embora possua capacidades avançadas para sua idade o a criança sobredotada deve ser tratada de acordo com a sua faixa etária de desenvolvimento.
Tudo o que é fora do normal nos assusta. Mais ainda quando a vida nos brinda com uma situação mais ou menos rara. Esta mãe, a minha amiga, tem receio de não estar à altura, mas não tem nada que temer. Ela é uma mãe fantástica e vai saber cuidar do seu menino. Claro que não vai poder desabafar ou aconselhar-se com uma amiga ou outra mãe sobre esta ou aquela situacão porque a maioria de nós não tem de lidar com isto. Aliás, eu nunca conheci ninguém sobredotado e só ouvi falar de um aluno que frequentava uma escola onde dei aulas. Por isso, o melhor que soube dizer à minha amiga foi que ouvisse o seu menino e que ele saberia guiá-la. Não há melhor instrução e conhecimento do que o coração de uma mãe. ♥️