23.5.14

Um mês e tal de mãe

Um mês e tal não! Para ser mais concreta, eu sou mãe há muito tempo. Gosto de cuidar dos outros, gosto de proteger. Sou mãe fervorosa e sofredora dos meus animais. Sei que devia tratá-los como bichos que são, mas não consigo. Toda a vida quis ser mãe de uma pessoinha, mas a gravidez e o parto afastavam-me dessa ideia. Depois, também não era uma pessoa muito dada a crianças pequenas, muito menos bebés. Não sabia muito bem o que fazer com eles, sobretudo se ainda não falassem. Com os animais é diferente. Sou capaz de atravessar a rua para fazer festinhas num cão. Eles não falam, mas nem precisam de o fazer.

Então, se já me sentia mãe há muito tempo, mas não foi logo que me senti mãe da minha pequena princesa. Recebi a informação de que estava grávida, mas só quando senti os movimentos dela é que a ficha caiu. O sentimento de protecção, porém foi imediato. Sabia que tinha que proteger alguém que ainda não conhecia.

Há 6 semanas e 1 dia conheci, finalmente, o meu amor maior. Foi assustador vê-la cá fora e poder tocar-lhe. Que grande responsabilidade! Foi ela que me ajudou. Ela já me conhecia há mais tempo do que eu a ela. O mundo dos bebés era uma total novidade para mim. Sempre achei que um bebé não dava nada em troca. É tão errado! A mim basta-me ficar a olhar para ela para ter a maior recompensa de todas. Ela não precisa de fazer nada. Nas primeiras duas semanas, tenho a sensação de que não dormi nada. Ora estava a tratar dela, ora a olhar para ela. Dormir era o maior desperdício de tempo. Hoje, já me permito dormir. Sei que tenho que estar bem para cuidar dela.

Não gosto de me separar dela. Sempre que o fiz, estava ausente, sempre a pensar nela. Olhava para o relógio, aguardava notícias, uma aflição. Tenho a certeza de que fico pior eu do que ela. Mas sei que um bebé tão pequeno não fica indiferente à ausência da mãe. A minha pequenina está sempre comigo, sente-me, sente o meu cheiro. É normal que sinta a minha falta. Não deve é ficar tão ansiosa como eu.

Um mês e tal depois da minha princesa ter nascido, só me arrependo de não ter tido a ousadia de ser mãe antes. É, efectivamente, a melhor coisa do mundo. Compensa todas as indiposições da gravidez, cansaço, alterações do corpo, dores, o parto. Posso estar ainda sob o efeito das hormonas, mas ser capaz de fazer um ser humano é simplemente um milagre da natureza.

Só para terminar, queria deixar-vos com uma frase que uma amiga me disse um dia destes. Ela, completamente apaixonada pela sua filha, dizia que esta tinha nascido dela, mas não era sua. Pois eu discordo. Para mim, a minha filha é minha. Ainda não cheguei a esse nível de desapego. É minha, minha, minha. Pronto! E um bocadinho do pai. :)

22.5.14

O parto #2

Quando vos falei do meu parto, achei que tinha sido muito (demasiado!) descritiva. Afinal, ainda faltava falar ainda de uma ou duas coisas. Aliás, nunca li nada sobre isso e achei engraçado partilhar aqui.

Após me ter sido administrada a epidural, comecei a sentir imensa comichão no corpo, sobretudo na zona do tronco. A determinada altura, as minhas duas mãos já não eram suficientes para me aliviar. Já para não falar da figurinha que eu estava a fazer a coçar aqui e ali. Perguntei às enfermeiras e confirmaram que era um dos efeitos da analgesia. Pronto, fiquei descansada e já nem me lembro quando é que passou, mas não demorou muito tempo.

A outra coisa engraçada aconteceu já no quarto do internamento. Como sabem, os hospitais são muito quentes. Aliás, uma das minhas preocupações foi arranjar camisas de noite muito, muito frescas porque eu não me sinto bem com o calor excessivo. Então, estava a sentir-me óptima até que mudei da maca para a cama e passei a sentir um frio terrível. Mas era um frio de estar a tremer. Puseram-me uns cobertores na cama e continuei a tremer. Passado umas horas, já estava a transpirar. Tirei os cobertores da cama e continuava a transpirar. Foi assim nos dias seguintes e, mesmo, já em casa. Foi-me dito que eram alterações hormonais.

E, pronto, era isto.

13.5.14

Data prevista para o parto

Hoje era a data prevista para o meu parto. A minha princesa acabou por chegar quase um mês antes do tempo. Apesar de toda a felicidade que ela trouxe, não consigo deixar de pensar no erro médico que precipitou o seu nascimento e nas possíveis consequências de um parto prematuro. Felizmente, a minha menina nasceu pequenina, mas muito saudável e com vontade de crescer. Até à semana passada, já tinha aumentado meio quilo no peso. Come com voracidade e urgência. Quando a fome se manifesta, ela abre as goelas como se estivesse a passar fome há dias. E tem que comer logo! As doses de leite aumentaram de 30, para 60 e, desde a semana passada, para 90 ml. Acho até que os 90 ml já não a satisfazem. Parece-me tão estranho um ser tão pequeno comer tanto... Não lhe quero aumentar a dose antes de falar com a pediatra. Eu estou a tirar o meu leite com uma bomba. Infelizmente, não consigo produzir leite suficiente para as necessidades dela e tenho que lhe dar fórmula. Enquanto puder, vou acumulando os dois tipos de leite, mas como ela já bebe tanto, não consigo dar-lhe muito do meu leite. Hoje, por coincidência, tive que ligar para o consultório do excelentíssimo médico que me provocou o parto prematuro por causa de umas facturas. Falei com a secretária e ela perguntou-me se a bebé já tinha nascido. E eu disse que sim, que nasceu um dia depois de eu ter estado lá na consulta. E ela respondeu que era normal, que era o "jeitinho especial" que o doutor costumava dar. Quando lhe disse que foi um mês antes do tempo, ela disse que isso não. Fiquei cada vez mais convencida de que ele confundiu tempos e datas. Aquele irresponsável!! Apesar de muita gente me dizer que ainda bem que ela nasceu antes, eu recuso-me a esquecer o abuso de que fui (fomos) vítima(s). Admito que o parto e respectiva recuperação foram fáceis devido ao tamanhinho dela, que pudemos tê-la connosco um mês antes, mas não vou agradecer ao médico por isso. A minha menina estava muito bem na minha barriga. Estava confortável e a engordar. Não tinha nada que ser exposta a este mundo antes do tempo. Eu não tive leite, não tinha uma série de coisas preparadas, ainda estava a trabalhar... Além disso, fico com a sensação de que se eu tivesse um trabalho com mais stress e esforço físico, a pequenina teria nascido ainda mais pequenina. Graças a Deus que descansei muito, alimentei-me bem e não a incomodei em nada. Por outro lado, será que eu trocava este último mês por alguma coisa? Claro que não! Ainda bem que vieste no dia 17 de Abril e não no dia 12 de Maio.

27.4.14

As bênçãos das Índias

Uma das minhas amigas mais próximas e queridas é indiana e vive na Índia. Chama-se Krupa Suresh. Conhecemos-nos por motivos profissionais e a amizade surgiu. Desde então que me vejo mergulhada na sua cultura e costumes. Os festivais, os inúmeros deuses, as mezinhas para tudo e mais alguma coisa, os mantras, os símbolos. Tudo é tão diferente da nossa cultura e tão interessante.

Quando engravidei, a minha amiga mandou fazer um ritual especial num templo a um deus para que me protegesse na gravidez. Recebi, depois, as cinzas resultantes dessa reza. A gravidez correu bem!

Depois, foi novamente ao templo quando pressentiu que algo não estava bem comigo no dia em que a Maria Victória nasceu. Lá acabou por correr tudo muito bem. Muito bem mesmo.

Hoje, informou-me que era um dia muito especial para a minha filha. O décimo primeiro dia após o nascimento de um bebé é particularmente auspicioso. Hoje, foi feita a primeira puja ao Lord Ganesh em nome dela. A foto em baixo representa essa puja. Neste dia, as pessoas próximas da bebé abençoam-na com nomes auspiciosos.

O nome escolhido pela Krupa foi Gowri. Já estava pensado há muito tempo, mas só agora o pôde revelar. Gowri é um nome muito especial e é o nome da mãe de Lord Ganesh. Eu tenho uma particular admiração por Ganesh e tenho várias representações dele em casa.

Perante tudo isto, como é que algum dia vou poder agradecer tantas bênçãos? Este cuidado e atenção não têm preço. Sinto-me muito abençoada por ter amigos a rezar por nós tão longe.

Obrigada, Krupa! (Ela vai traduzir o texto online) :)

23.4.14

O parto

No ultimo texto descrevi a terrível consulta com o meu obstetra. Foi aí que começou o meu parto.
Cheguei a casa ainda muito abananada, deitei-me no sofá a escrever o post para o blogue e trabalhei ao computador, sempre deitada de lado. Tinha contrações, sem dores, mas sentia aquelas dores, tipo menstruais, o tempo todo. Como já era habitual, não quis dar muita importância. Entretanto, o meu marido pediu-me que fôssemos jantar ao café ao lado de casa, pois ia dar um jogo de futebol com o Benfica. Fui a pé e regressei depois com uma amiga.
Em casa, fui à casa de banho e vi a primeira parte do rolhão mucoso. Era um muco espesso, cheio de sangue e absolutamente assustador. Ao longo de toda a gravidez, não tinha perdido uma gotinha que fosse de sangue e ver aquilo tudo foi muito mau. Porém, o médico tinha alertado para alguma lerda de sangue nos dias seguintes ao toque. Assumi que fosse normal. A partir daí, comecei a sentir contrações com dor. Era meia noite e as contrações vinham de 6 em 6 minutos, qual relógio. Muito raramente, eram 7 ou 12 minutos. Dei-me ao trabalho de passar a noite toda a anotar os minutos no telemóvel, na esperança das construções ficarem irregulares. Por volta das 2 da manhã, liguei à minha cunhada para saber o que seria aquilo, já que se estava a tornar insuportável. Disse que podia ser normal, que fosse tomar um banhinho quente. Se fosse o parto, acelerava-o, se fossem apenas dores, aliviavam um pouquinho. De facto, aliviou o suficiente para eu dormir umas 2 horas e depois voltou tudo ao mesmo. 6 em 6 minutos uma dor muito forte por uns 10 segundos. Eu nem queria acreditar que pudesse ser o parto. O marido dizia que aquilo devia ser normal, que não devia ser assim tão forte, que aguentasse, que o médico sabia o que estava a fazer, etc, etc. Sempre que adormecia, acordava e ia ver a última contração e tinha sido há 6 minutos atrás. Não dormi nada.
De manhã, perdi o resto do rolhão, desta vez mais abundante. Fui logo fazer as análises, como o médico pediu. Entrei no laboratório a chorar com dores. Fiz o hemograma e a cultura da bactéria estreptococo B e pedi que fossem entregues ainda naquele dia, pois não sabia o que ia acontecer e precisava mesmo delas. Só me davam o hemograma ao fim do dia, a outra só na semana seguinte.
Fui para casa, e tratei de informar no trabalho que não conseguia trabalhar e que precisava de tirar uns dias. Nem sabia se não ia mesmo entrar em trabalho de parto. Eu tinha que preparar 2 pessoas para me substituírem durante a minha licença, mas só ia fazer isso mais tarde, mais próximo de Maio. Enviei os documentos necessários para poderem fazer o meu trabalho e apressei-me a desligar o pc. Neste tempo todo, tive o raio das contrações de 6 em 6 minutos. Ao início da tarde, fui ao serviço de internamento de obstetrícia e ginecologia ter com a minha cunhada para fazer um travado e ver como estaria a minha pequena. Ela estava bem, mas as contrações já tinham uma grande amplitude. Foi-me aconselhado andar a pé. Quando saí do hospital, já nem me apetecia ir para casa, tais eram as dores. Por mim, tinha ficado logo lá, mas por algum motivo eu recusava-me a acreditar que aquilo fosse o parto. Não podia ser! Eu só tinha 36 semanas e 4 dias. Descansei a gravidez toda, não tinha tensão alta, as análises estavam todas óptimas e no dia anterior o médico não disse nada que o parto estaria iminente. Estive uma meia hora em casa, no escuro e resolvi ir para o hospital, desta vez para as urgências. Fosse o que fosse, nada justificava que eu estivesse com tantas dores e durante tantas horas. Estava exausta pelas dores e pela falta de sono.
No hospital, a minha cunhada entretanto tinha saído do seu turno e acompanhou-me o tempo todo. O médico que me recebeu não se surpreendeu que eu estivesse cheia de dores e perguntou o que é que o meu médico teria na cabeça para me fazer o que fez. Já não me deixaram sair. Fiquei com a confirmação de que o trabalho de parto foi provocado no consultório do médico, no dia anterior. Fizeram-me vários toques e nenhum doeu. Não doeu nada! Depois perguntaram-me pelas análises do terceiro trimestre e não as tinha, claro. Conseguimos o hemograma, mas as outras não. Por causa disso, ficou determinado que tinham que assumir que o resultado era positivo e, portanto, teria que levar uma injeção de penicilina.
Vesti uma bata e chinelos do hospital e levaram-me para a ala dos partos. Fiquei numa sala com umas cintas na barriga, que controlam o bebê. Puseram-me um cateter com soro e ali fiquei ã espera. As dores mantinham-se no mesmo ritmo e intensidade, agora talvez até mais fortes. De vez em quando, faziam o toque. Eu pedia a epidural e as enfermeiras pediam-me que respirasse. Ora, a respiração, nesta fase, não atenua a dor. Simplesmente leva oxigênio ao bebé. Era nisso que eu pensava, mas chegou a um ponto que já não conseguia. E aí, já não eram dores de 6 em 6 minutos. A mim parecia-me tudo seguido e muito prolongado.
Finalmente, fizeram-me mais um toque e chamaram uma anestesista. Tinha um ar muito jovem, de marrona, mas muito simpática e querida. Explicou-me tudo, fez umas perguntas e lá começou o procedimento. Sentei-me na cama, de costas para ela, com as pernas em flor de lotus. Tive que ficar curvada, mas com os ombros relaxados. Deu umas anestesias na pele antes da epidural propriamente dita. Não dói, mas é uma coisa esquisita. Sente-se a agulha a entrar numa área dura, a resistência, a pressão. Picou-me várias vezes, talvez fruto da inexperiência. O pior disto tudo foi mesmo não me poder mexer durante as contrações. Sim, elas continuavam lá. De resto, é tudo muito suportável. Uns 5 minutos depois, as contrações eram muito mais leves, 10 minutos depois, sentia as contrações sem dor e logo a seguir já nem sentia nada. Sente-se sempre as pernas, mas com um formigueiro. Adorei a sensação da epidural. A dor acabou ao fim de 20 horas de sofrimento. Não há dinheiro no mundo que pague essa sensação.
Entretanto, começaram outros procedimentos e já nem sei bem por que ordem. Não me lembro porque foi tudo sem dor. Nada mais doeu em mim. Rebentaram-me as águas com a mão. Foi estranho, claro, mas não foi muito desagradável. Depois, algaliaram-me. Tinha muito medo disto, mas não custou mesmo nada. Pediram-me que me fosse virando ora para direita, ora para a esquerda para que a epidural fizesse o mesmo efeito de cada lado. Quando sentisse dor, podia chamar que reforçavam a dose de epidural. E fiquei para ali sozinha, a virar-me de uma lado para o outro, porque a enfermeira mandou a minha família jantar.
Ao fim de algum tempo, comecei a sentir as contrações ao de leve. Ia pedindo a quem entrava na sala que me reforçassem a dose. Não que doesse muito, mas tinha medo que demorasse a fazer efeito e que a dor evoluísse muito. Tinham todos ido jantar. Veio uma enfermeira e resolveu fazer-me o toque e disse que já estava. Chamou a enfermeira que me acompanhou, veio outra anestesista, reforçaram a dose e ligaram para a minha cunhada para regressarem do jantar. Ninguém atendia. Esperámos um pouco. Percebi que o parto se aproximava, mas eu não sentia nada. Nem pressão, nem vontade de fazer força, nada.
Não deu para esperar mais e puseram-me numa cadeira de rodas e fomos para a sala de partos. Subi para a marquesa e disseram-me que não fizesse força ainda, mesmo que tivesse vontade? Também não tinha. Por fim, pediram-me para fazer força e eu só me lembrava que estava ali para puxar e quis despachar o assunto. Usei o que aprendi nas minhas aulas de yoga e nas aulas de preparação para o parto. Inspirei, retive o ar, encostei o queixo ao peito e fiz força. Repeti isto 3 vezes, chega a minha cunhada à sala de partos e põem-me a minha filha na barriga.
Apanhei um susto enorme! A menina parecia um bichinho azulado, cheio de vėrnix a cobrir-lhe o corpo e não chorou de imediato. Já? Era já a minha filha? Limparam-na superficialmente, começou a chorar vigorosamente, pediram-me que cortasse o cordão umbilical e puseram-ma ao peito. Parou de chorar e foi um momento lindo.
A Maria Victória nasceu às 21:25 do dia 17 de Abril, com 45 cm e 2,345 kg.
Depois, chamaram o pai e foram tratar dela. Eu acompanhava tudo, e nem conta dei da expulsão da placenta, nem dos pontos. Fiquei a saber depois que só precisei de 2 ou 3 pontos e fizeram-me uma sutura intradérmica. Retiraram todos os cateteres (soro, algália e epidural) e fui para uma sala com a minha bebé. Permitiram que toda a família nos visitasse e eu estava super bem disposta, sem dores graças à epidural.
A irresponsabilidade do médico que me seguiu podia ter tido outras consequências. Graças a Deus, a minha filha nasceu bem, está bem e eu estou bem. 6 dias depois do parto, sinto-me óptima. Tomei Brufen e Paracetamol para as dores, que não foram muitas. Há 2 dias que não tomo nada.

(Nota do autor: o texto foi escrito num iPad e estou sem tempo para fazer a revisão. Desculpem qualquer erro.)

16.4.14

Consulta 36 semanas e meia II

Acabei de sair agora do médico e hoje tive uma experiência horrível.

Primeiro, brinda-me com o belo comentário: "Então, ainda não pariu isso?". Ora, eu estou com 36 semanas e meia, não me parece que seja a altura indicada para parir isto, certo?. Depois, chegou à conclusão de que ainda não me tinha mandado fazer análises de sangue do 3º trimestre. E eu disse que podia ir fazê-las amanhã e ele nem estava a perceber nada. Achava que eu já tinha 40 semanas e mais valia fazer isto tudo no hospital. Tive que o parar e aí ele percebeu tudo. Enfim... Hoje não fez ecografia, não me pesou, não me mediu a tensão. Também não me cobrou a consulta. Perguntou se a bebé mexia bem e se a barriga ficava dura. Confirmei que sim.

Depois, fui para a marquesa para ele me fazer o toque. Foi horrível. Peço desculpa às senhoras que ainda não passaram por isto. Não quero assustar ninguém, aliás nem é normal ser mau, mas a minha experiência foi verdadeiramente assustadora. Foi tão mau que tive que lhe agarrar nas mãos e pedir-lhe para parar. Ele não parou, claro, e terminou o exame. Ficou com a luva com sangue. Fiquei quase em choque. Achei que foi de uma violência horrorosa e nem quero imaginar o que se seguirá. Pedi-lhe desculpa pelo meu comportamento, mas doeu-me imenso, e perguntei-lhe se era normal doer tanto. Ele disse que sim, que há mulheres que se queixam e que nos próximos dias é normal perder um pouquinho de sangue. Só faltou o meu controlo da respiração. Nem me lembrei disso.

Bom, resumindo: neste momento, já estou com 2 dedos de dilatação e a coisa está bem encaminhada. Muito provavelmente, o parto vai acontecer antes de dia 12 de Maio, que era a data prevista. Pediu-me que fosse ter com ele ao hospital no dia 27 de Abril (domingo), levo as análises e vamos ver como correm as coisas.

Perguntei-lhe se achava que a bebé poderia nascer antes de dia 27 e ele disse que era provável, mas que isso até seria bom. Seria um parto espontâneo, natural e para me dirigir ao hospital em caso de rebentamento das águas, de perda de sangue e dores de 15 em 15 minutos. Claro, que se tiver dores de 20 em  20 minutos e elas forem insuportáveis devo ir também. E recomendou que não me esquecesse de pedir a epidural. Como é óbvio, não me vou esquecer. Acho que, se pudesse, tinha pedido epidural para o toque! :)

Quando saí do consultório, fartei-me de chorar. Não sei se foi da dor, se foi da invasão que senti, mas não consegui controlar-me. Entretanto, liguei à minha cunhada que é enfermeira especialista em saúde materno-infantil. Explicou-me que o facto de sentir dor é porque o útero ainda está muito recuado e ele teve subir muito a mão. Habitualmente, o toque não dói. Depois, deu-me a boa notícia de que ter 2 dedos de dilatação nesta fase de uma primeira gravidez, e saudável, é muito bom. Valha-nos isso.

Pronto, agora é dar umas caminhadas para a bebé encaixar no sítio certo e esperar que tudo corra bem. Para já, só consigo ficar deitada a recompor-me do susto.