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9.1.20

Raquel Tavares

Hoje, a Raquel Tavares foi ao Programa da Cristina para informar que iria abandonar a carreira de fadista. Ela estava profundamente angustiada, em sofrimento, e causou-me muita impressão ver um ser humano naquele estado. A reflexão que faço do que vi hoje é a seguinte:

Meio mundo anda infeliz com a sua vida profissional. E vão aguentando porque têm que viver e ganhar dinheiro e nem todos se podem dar ao luxo de escolher o que fazer profissionalmente. E é esse aguentar, esse medo de desiludir os outros ou de falhar, que nos vai destruindo por dentro, chegando ao ponto de já não nos reconhecermos. Claro que, no caso da Raquel, ainda deve ser mais difícil de compreender porque há tanta gente que queria ter o seu talento e carreira bem sucedida. A carreira de artista é muito difícil de alcançar em Portugal e ela chegou lá. 
Meio mundo anda doente emocionalmente. As doenças mentais estão a crescer nas sociedades ocidentais. Andamos todos tristes e todos a disfarçar essa tristeza. Basta entrar no Instagram para vermos os outros super felizes e realizados e nós mergulhados na nossa infeliz vida. Como se pode ver, ser-se conhecido, reconhecido, bem-sucedido não significa ser-se feliz. O melhor mesmo é deixarmo-nos de vida social virtual e passarmos mais termos a cultivar a vida social real, criar redes de apoio, passar mais tempo com pessoas que nos queiram bem. Não é vergonha dizermos que não estamos bem, que precisamos de ajuda.
Porquê esta necessidade de dar satisfações ao público? A Raquel respondeu a esta pergunta, dizendo que foi o público que a sustentou nestes anos e que lhes devia dar uma justificação. Não concordo que tenha que o fazer. O público não a sustentou. Ela vendeu um serviço e, em troca de uns momentos bem passados, o público pagou-lhe. É simpático da sua parte informar, mas não deve nada a ninguém. E pergunto-me porque é que alguém teria que a criticar? Eu também não queria ter vida de artista. Nunca estar em casa, andar sempre com a mala às costas, dormir fora de casa, refeições fora, não poder estabelecer relações estáveis e eventualmente ter uma família ou, quando se consegue, com um custo elevado e perdendo imensos momentos importantes. Não há dinheiro ou reconhecimento que pague isso. Raquel, não tens família, mas sei que tens muito bons amigos, e ainda vais muito a tempo de construir a tua. A opinião dos outros não interessa para nada! Se não tiver nada de bom para dizer, não diga nada. Todos temos opinião, mas não temos que a dar sempre. Não sei por que a Raquel seria atacada nos próximos tempos, tal como a Cristina Ferreira apelou que não o fosse. Quem gosta da Raquel artista pode sempre comprar os seus discos, ver os seus vídeos no YouTube. A Raquel pessoa nunca a conhecemos na verdade. Espero que a Raquel encontre o seu caminho e a sua felicidade. Já descobriu o que não quer fazer na sua vida e isso já é notável! Tudo de bom, Raquel. 


https://drive.google.com/uc?export=view&id=1yRmSpGcYVsBLfj8IyIGhupOCahzH8k14

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