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24.3.20

A fuga para o interior

Estamos há 13 dias em isolamento social. Não me custa muito porque já o praticava antes, mas ser forcada a isso é tramado. Vivemos em Trás-os-Montes e vivemos numa aldeia, a 5 km de Vila Real. Nem sempre é fácil viver numa aldeia. Temos que nos deslocar para tudo: compras, restaurantes, cafés, passeios... A grande vantagem é a largueza de horizontes, a paz de viver sem ruídos, sem trânsito, o espaço. Ter uma casa com espaço, com jardim onde os miúdos podem brincar. Aqui os vizinhos oferecem ovos, legumes, ajuda, simpatia. O interior está despovoado. Ninguém cá quer viver porque não há empregos. O meu marido tem que sair daqui para trabalhar. O apelo para viver no litoral foi muito grande. Eu recusei vários trabalhos em Lisboa e Porto. Entretanto, tive o privilégio de trabalhar a partir de casa e conseguimos manter a nossa vida familiar no interior. A escola que a minha filha frequenta vai fechar. Já está decidido! E logo eu que queria atrasar que ela fosse para uma escola grande... eu queria mesmo que ela frequentasse uma escola pequena numa aldeia. Portanto, ninguém quer viver numa aldeia, mas nestes dias as aldeias estão cheias de gente. De repente, viver na aldeia já é bom. Sejam todos bem-vindos! Mesmo! Mas fiquem em casa! Por favor! Eu que vivo na aldeia, na saio de casa, mas quem vem do estrangeiro, contactou com imensa gente, anda a passear pelas ruas, lojas e a visitar familiares. Não sejam inconscientes! Não matem os poucos habitantes das nossas aldeias. Só espero que, quando tudo isto passar, não se esqueçam do interior. Agora precisamos todos de estar em casa.

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