Realmente, há coisas boas que podemos retirar deste tempo difícil de quarentena. No outro dia, a propósito de uma pergunta qualquer que a Maria Victória me fez, falei-lhe no Cinema Mudo. Como há 100 anos, as personagens dos filmes não falavam, apenas havia música e uns sons. Lembrei-me, então, que aos sábados, o meu pai trazia-me sempre um filme do videoclube. Vi todos os filmes do Charlie Chaplin e, como verdadeira fã, até tive um cãozinho muito estimado chamado Charlot. Estava decidido: íamos ver um filme mudo! Fui ao YouTube e o primeiro que me apareceu foi o “The Kid” de 1921 e pareceu-me perfeito. Começou logo mal. O miúdo é abandonado num carro em frente a uma igreja pela mãe, pobre, que tinha a intenção de se suicidar. O carro foi roubado por uns ladrões e Charlot acaba por ficar com o bebé. É um filme muito engraçado, mas explora a miséria humana, inspirada também na infância de Chaplin. Foi complicado explicar muita coisa à minha filha tão pequena. O filme é, de facto, engraçado mas é muito perturbador. Ela ficou muito incomodada com o bebé abandonado... “que a mãe não devia ter abandonado o bebé”, “pobrezinho do bebé”, “as mamãs não abandonam os bebés”, etc. Ainda não sei bem se devo expô-la a estes dramas ou se devo mantê-la numa bolha de proteção. Ver este filme serviu para para dar a conhecer à minha filha várias coisas:
- Viu imagens com quase 100 anos;
- Percebeu que houve uma evolução nos filmes. As coisas não foram sempre como são agora;
- Conheceu um dos maiores mestres do cinema - Charlie Chaplin
- Percebeu que nem todos são privilegiados como ela;
- A importância do amor;
- Partilhámos um momento.
Estará para breve outro filme.
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