22.7.25

Radioterapia

Confesso, estava cheia de medo da radioterapia. 

A minha radio-oncologista é uma porreira e, tal como a minha oncologista, é jovem. Gosto! Dedicou-me imenso tempo, explicou-me tudo e até me explicou que o facto do meu tumor ter 90% de taxa de proliferação significava que responderia melhor à quimioterapia. Também disse que se não fizesse quimioterapia e radioterapia era 100% certo que o meu cancro voltaria. Explicou que a radioterapia não queima, ao contrário do que é comum achar-se. A radioterapia provoca inflamação nos tecidos, daí a alteração da cor e mesmo o aspeto queimado e dorido. Cada pessoa e cada pele reagem de forma diferente. A Dra. estava tranquila, falou da importância da radiação no meu tratamento e mostrou-se disponível para responder a qualquer dúvida que eu tivesse. Recomendou-me um creme, mas eu optei por outro. 

Por fim, tinha dito que alguém da equipa de enfermagem me telefonaria a agendar a hora certa. Só tinha o dia e seria no dia 9 de Julho. Ninguém ligou. Quando me preparava para ligar para o serviço de radioterapia, recebo uma chamada a perguntar por que ainda não me tinha apresentado. Expliquei que ninguém me tinha ligado. Disseram que sim, que ligaram. Fui ver e ligaram, de facto, enquanto estava a ser operada para retirar o cateter, no dia 2 de Julho. Também não voltaram a ligar. Pediram que me apresentasse à 1 da tarde. 

Nunca receei a radioterapia, mas uma colega destas andanças, ligada à saúde, disse que temia muito a radioterapia. E deixou-me a sementinha do medo. Também já tinha lido que os efeitos colaterais da radioterapia são subvalorizados e aí comecei a preocupar-me mesmo.  

Tentei não pensar muito no assunto nos dias anteriores. Nunca fui assim, sempre fui super ansiosa. Mas quando somos confrontados com a nossa finitude, aprendemos a gerir melhor as emoções e poupamo-nos a sofrimentos desnecessários.

A minha mãe quis acompanhar-me à sala de espera. Mantive a postura forte de assumi desde o primeiro dia mas, quando chamaram “Mara Cristiana”, desabei. Atravessei aquele corredor a chorar. A técnica que me conduziu ao vestiário foi incrível, deu-me a mão e tranquilizou-me, porém sem grande sucesso porque não me conseguiu acalmar.

Aquilo tudo era medo do desconhecido, do que virá depois deste tratamento, mas também o peso emocional de tudo o que estou a viver no pós-quimioterapia. Não é fácil gerir tantas emoções.

No vestiário, troquei de roupa para uma espécie de bata. Depois, entrei para a sala de radioterapia. Só me aquietei quando entrei e enfrentei o touro pelos cornos. Fui recebida por profissionais impecáveis, muito calmas e acolhedoras. Contei-lhes que ter informação me tranquiliza e elas, sobretudo a Cristiana, foram explicando cada passo com todo carinho. Isso fez toda a diferença comigo.

Deitei-me naquela maca dura e desconfortável e resolvi confiar no que me diziam. De barriga para cima e braços para trás, as técnicas calibraram e ajustaram tudo ao meu corpo. Tinha que estar alinhado com as tatuagens que deixaram na minha pele. 

Depois de tudo concluído, as técnicas saíram da sala e eu fiquei sozinha. Elas iam falando comigo através do intercomunicador. Eu não podia responder, tinha que me manter absolutamente imóvel, respiração superficial… só podia mexer os dedos das mãos. A radioterapia é de tal forma precisa que qualquer movimento fará interromper o tratamento. Não me mexi nem um milímetro e, quando acabou, já tinha a mão esquerda dormente. Isto foi o mais difícil.

A Cristiana explicou tudo, tudo, todos os termos técnicos, que eu entretanto esqueci devido à memória de galinha que a quimioterapia me deixou. 

A máquina gira à nossa volta e nunca se aproxima da cara, que era o meu receio. A parte do tratamento propriamente dito foi rápida e indolor. Não, não queima, não se sente nada, só se ouvem uns barulhinhos engraçados. Passei grande parte do tempo de olhos abertos a observar os movimentos.

Demorou mais um pouco por ser a primeira sessão, mas as próximas serão mais curtas. Primeiro, faz-se uma imagem, depois quatro tratamentos. 2 deles demoram certa de 15 segundos e os outros dois, por serem em arco, em que a máquina roda sobre nós como um arco-íris, demora um pouco mais, talvez 1 minuto de cada vez. 

Sempre que recebemos radiação, acendem-se umas luzes vermelhas e o som é diferente. Quanto o tratamento terminou, avisaram que podia baixar os braços, mas devia permanecer deitada porque a maca estava muito alta. As técnica entretanto entram na sala e ajudam-me a sair. E está feito. 

Saí da sala muito mais leve do que entrei. Ainda com cara de choro, claro, mas com uma sensação silenciosa de coragem, mesmo com medo.

Entretanto, já fiz 9 sessões de radioterapia. Nunca mais chorei. Não custa mesmo nada. Só de pensar que tinha preferido fazer mais 1 mês de quimioterapia em troca, até me arrepia. 

Também tive consulta de enfermagem onde me foi explicado que deveria usar roupas de algodão, claras, e largas para não agredirem a pele. Se sentisse necessidade de usar soutien, deveria usar uma t-shirt primeiro e depois o soutien por cima para não agredir a pele. Hidratar com o creme recomendado 3 vezes por dia e tomar banho com um óleo lavante. Ter cuidado com as agressões à pele, não apanhar sol nem calor, e água do banho mais para o frio. 

A 6 sessões do final, sinto o mamilo diferente do outro. Está mais escuro e um pouco inchado. Também a zona da mama onde a cirurgia interna aconteceu está um pouco mais retraída. Antes, a minha mama estava absolutamente normal e agora está repuxada. Hidrato sempre muito, mas também massajo para que a pele mantenha a elasticidade. 

Sei que os efeitos adversos podem surgir mais no final do tratamento e após. Ainda é cedo para avaliar, mas não me sinto mal. Não estava à espera, mas estou bastante cansada e nauseada. Podem ser ainda efeitos da quimioterapia, já que acabei há apenas 1 mês e meio. O envenenamento a que fui sujeita não sai do corpo assim tão facilmente. Há que ter paciência. 



1.ª sessão 

 
9.ª sessão 


7.7.25

Trombo na aurícula

Grande reviravolta que isto deu.

Há duas semanas tive consulta de ginecologia para marcar uma cirurgia que me vai remover as trompas e os ovários. Não tenho qualquer problema nestes órgãos, mas aqui são produzidas grande parte hormonas que alimentam as minhas células cancerígenas. As restantes são controladas com medicação. 

Fiz análises e eletrocardiograma já para preparar a cirurgia já em Julho. Estava tudo ok.

Só que da parte de tarde fui fazer um ecocardiograma com Doppler para despistar uma sombra que apareceu no coração no último TAC que fiz. Confirmou-se que era um coágulo, muito provavelmente provocado pela quimioterapia e pelo cateter. Tenho um trombo no coração e é assustador, não vou esconder. 

Fui imediatamente falar com a minha oncologista e aquela cirurgia cancelou-se. Vai ter que ficar para depois. Iniciei anti-coagulante para tentar dissolver o trombo (e terei que continuar durante 3 meses) e decidiu-se que o cateter vai ter de sair, como eu tanto queria. 

Entretanto, dei os primeiros passos na radioterapia. Consulta, tac para fazer as marcações e as minhas primeiras tatuagens. Não achei a posição muito confortável, mas vou ter aguentar. 

Marquei logo consulta de cirurgia com a minha cirurgiã no @trofa.saude e o cateter foi removido no dia 2. Correu tudo muito bem, como sempre, e até trouxe o cateter de recordação. 

Fiz o check-in e pouco depois já estava a ir para o bloco. Deram-me uma sedação porreira porque, apesar de não ser anestesia geral, não me recordo de nada e não me doeu nada. O anestesista até perguntou à Dra. Ana Sofia por que motivo eu tinha um cateter, já que não dava para ver nada nas minhas mamocas. E não dá. Ela fez um trabalho excelente e espero que não seja estragado pela radioterapia.






30.6.25

Hormonoterapia

2 semanas depois da quimio terminar, dei início à hormonoterapia. 

Fui ao hospital de dia para começar a tomar a injeção Zoladex. Ao chegar, percebemos que não me tinham dado previamente a pomada ou selo anestésico. E a injeção é dolorosa. Aplicaram-me a pomada e voltei para casa para regressar lá mais tarde. Além disso, também ninguém me tinha explicado os efeitos da dita cuja, e a enfermeira disse que não me dava a injeção sem que eu falasse com a oncologista primeiro. 

Voltei ao fim do dia para a consulta de oncologia e sala de espera estava completamente vazia. Nunca tinha visto. Recebi boas notícias das TACs que fiz na semana anterior a terminar a quimio e discutimos os próximos passos. Para além da Zoladex, vou tomar diariamente Letrozol (comprimidos) e ambos vão inibir a produção das hormonas que alimentavam os minhas células cancerígenas. Mais para o fim do mês, darei início aos preparativos para a radioterapia. 

A seguir, fui à enfermagem tomar a da injeção. O creme anestésico tinha sido aplicado 4 horas antes e não doeu absolutamente nada. A agulha é grossa e fiquei com a barriga negra durante duas semanas.








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29.6.25

Quimioterapia - o fim

Acabei a quimioterapia no dia 27 de Maio e só estou a conseguir falar sobre isso agora. Sempre que tentava voltar aqui para escrever, chorava copiosamente. 

Falei brevemente no Instagram aqui e aqui só para assinalar as datas, mas foi muito doloroso. A verdade é que chorei mais neste último mês do que durante os 5 meses de tratamento. E isso foi muito surpreendente porque tudo o que eu queria era chegar a este dia 27 de Maio. Achava que ia ficar feliz, mas não fiquei. 

Quando me instalei para fazer tratamento, informei, entusiasmada, a enfermeira que era a minha última quimio. Só que ela não pareceu nada impressionada. Primeira desilusão. Não entendo como um marco tão importante na vida de um doente oncológico pode ser tão ignorado pelos profissionais de saúde que nos acompanham. Afetou-me profundamente. Claro que a minha médica também não apareceu. Sabem aqueles sininhos que costumam haver nos hospitais estrangeiros? Aqui não há! Nem isso, nem palavras de incentivo. 

Quando cheguei a casa, a minha querida mãe tinha-me comprado flores. E foi a única pessoa que percebeu verdadeiramente o que significou aquela última quimioterapia. E ela é que merecia as flores. Porque ver o que ela viu não é fácil. 

As outras pessoas que compreenderam foram as minhas colegas de luta. Pode parecer clichê, mas só mesmo quem passa por isto consegue avaliar. É tão importante esta comunidade de mulheres… Quer sejam aquelas que já passaram por isso e nos ajudam, quer sejam as que estão no início do processo e nós ajudamos. 

E de que forma nos ajudamos? Com partilha de informação, com escuta ativa… Para mim foi importantíssimo ter a amiga Ângela a esclarecer-me no início e entretanto várias outras pessoas chegaram à minha vida. Ajudas preciosas.

Resumindo, terminei uma etapa tão difícil e importante, mas não houve festa, não houve celebração, não houve nada. E por isso é que esta viagem é tão solitária. Mas fiquei triste e desiludi-me porque tive expectativas.

Passada aquela minha euforia de terminar o tratamento, foi altura de aguentar os efeitos secundários. Foram dias infernais, após o último tratamento. Ainda hoje me sinto envenenada e terei esse veneno dentro de mim. 

Apesar de eu ter maioritariamente náuseas e fadiga, o que se sente é muito mau. Talvez tenha sido pior porque já tinha passado por uma cirurgia, tinha começado pelas brancas e aguentar as vermelhas, que são as mais duras, no final de tudo, foi extremamente difícil. Ou seja, não há uma dor que eu possa identificar, mas doeu-me muito. Foi um desconforto enorme, uma dor de alma, uma inércia, um vazio… foi mau, muito mau. 

Quando me dizem que estes 5 meses de quimioterapia passaram rápido… como assim? Como se atrevem a dizer tal coisa? Foi penosamente lento! É querer tentar manter alguma normalidade, mas a maior parte das pessoas que nos rodeia só vê uma pessoa com cancro à frente. E sentem pena. Ou medo. Outros não conseguem lidar connosco e com a nossa imagem e afastam-se. E isso dói. Parece que desistiram de nós quando mais precisamos deles.

Neste último mês, o cabelo, pestanas e sobrancelhas começaram a crescer com maior vigor, mas o cabelo continua a cair. Continuei a engordar, apesar da dieta. As unhas das mãos estão ótimas, as dos pés ficaram agora um pouco escuras. Curiosamente, depois do tratamento acabar. Continuo a não me reconhecer ao espelho, mas gosto de mim. Percebo agora que nunca mais serei a mesma. Nunca mais terei a mesma imagem e não serei a mesma pessoa. Tenho menos dificuldade em dizer NAO e digo-o. 

A quimioterapia pode ter-me curado. Espero mesmo que o tenha feito. Corrijo: curou-me! É difícil, é dura, revolve-nos a alma, mas não é tão má como eu imaginei.

A primeira e a última. 




25.5.25

Estas duas semanas têm sido terríveis. A constipação ainda não passou. Já tive todo o tipo de tosses, de expectoração, dores de garganta, os ouvidos tapados, o nariz tapado e o nariz a correr… isto simplesmente não passa enquanto estiver a fazer quimioterapia e estiver imunodeprimida.

O ponto mais baixo e mais alto simultaneamente da minha semana foi quando tive que ir fazer 3 TACs - abdominal, torácica e pélvica. Quem me conhece, sabe o pânico que tenho por este tipo de exames de imagem. 

Eu já tinha tinha feito uma TAC no dia do meu diagnóstico e foi uma choradeira. E quando fiz estas foi nova choradeira. Estive muito bem até chamarem pela Maria Cristina. Corrigi para Mara Cristiana (sim, eu sei!) e desabei em lágrimas nervosas. O que me tem valido é que as pessoas demonstram sempre tanta compaixão e tornam a minha experiência menos ansiosa. 

Deitei-me e avisam-me que não poderei tossir. Como não? Ando com tosse de cão há semanas, como vou conseguir não tossir? Arriscava-me a não conseguirem obter imagens e ter que ir lá novamente, novo contraste… Deitei-me com os braços para cima, fechei os olhos e a cama começa a deslizar para cima e para baixo, por entre ordens de suster a respiração e sons mecânicos. 

Como boa menina que sou, obedeci, mantive a minha respiração o mais superficial que pude para não tossir e concluí com sucesso as 3 TACs que lá fui fazer. 

Para fazer isto, sim, tive que ir buscar coragem.

Tenho andado super ansiosa por causa destes resultados. Não quero pensar no pior, mas acabo por só pensar nisso. Tenho tido uma dor na omoplata direita que me incomoda já há umas semanas. 

Têm sido dias bons e maus. A quimio vermelha é f&did@! Não há outra palavra para isto. Faz-me sentir mais vulnerável, sinto que não tenho o apoio que preciso, nem de amigos, nem dos médicos. E uma amiga explicou-me que parece que eu habituo as pessoas a estar sempre bem e depois ninguém se lembra que eu posso precisar. É provável que seja mesmo isso e eu estou de facto mais sensível. 

A preocupação agora é ter valores que me permitam fazer a última quimio na terça. Preciso mesmo de acabar isto! Estou cansada e farta… Já chega! 


19.5.25

Quimio vermelha 3/4

Começo a não ter vontade sequer de falar disto, embora esteja felicíssima por já só faltar uma. É muito tempo de tratamento, estou completamente drenada emocionalmente.

Enfim… na terça, apresentei-me para o tratamento, mas claramente não me sentia recuperada para lá estar. 15 dias não foram suficientes para aguentar novo tratamento. Não que as análises não estivessem boas. Pelos vistos estavam, tanto que fiz o tratamento. Mas não me sentia forte. O raio da constipação não ajuda nada.

Ao meu lado estava um senhor, pai de um rapaz que eu conheço. Tem um tumor no estômago, inoperável porque está na parte exterior do mesmo, por isso faz tratamento para o reduzir/eliminar. Contou-me que perdeu um filho em criança para um glioblastoma e concordamos que não há maior luta que possa travar do que a de ver um filho doente e perdê-lo.

A médica dele veio chamá-lo ao tratamento e foram para uma sala. A minha apareceu lá, disse-me que íamos iniciar a hormonoterapia e foi embora. Honestamente já nem sei o que pensar. Sinto-me pouco acolhida. O meu caso é muito standard e não há necessidade de ser debatido convenientemente comigo? Será isso?

O certo é que entretanto recebi notificações para fazer TACs esta semana e início a hormonoterapia logo após terminar a quimio. Está tudo a andar e é assustador. Tenho medo do resultado das TACs, tenho medo dos efeitos da hormonoterapia. Sinto que vou ser lançada às feras, como se a quimioterapia não fosse dura o suficiente.

Desta vez, aceitei uma sopa quente. Mesmo com a manta que levo de casa sobre mim, tenho frio. 

Apesar de constipada, apesar de ter 15 quimios no lombo, consegui fazer as aulas do Hugo nos 3 dias seguintes. E digo consegui porque foram uma luta e uma superação. Estou toda lixada, mas com f mesmo. Aproveito para me desafiar quando consigo porque já sei que depois só vai piorar durante os dias seguintes.

- cansaço extremo. Acabo uma refeição e fico exausta. Subo as escadas e fico exausta. Basicamente, faço as minhas coisinhas e deito-me logo a seguir.

- náuseas. Não sinto vontade de vomitar, nunca senti. Mas sinto uma resistência à comida e também à bebida. Nunca perdi o apetite, mas preciso comer muito devagar. De manhã, quando acordo, também tenho que me mexer com cautela porque sinto o estômago a revirar. 

- estômago inchado. Consigo parecer uma grávida. Não são gases, não é a zona abdominal, vejo mesmo o meu estômago a crescer. 

- queda de cabelo. Isto intensificou agora na 3a vermelha. Mantenho ainda bastantes pestanas em cima, mas em baixo já está deprimente. As sobrancelhas estão miseráveis e já não consigo ser bem sucedida a disfarçar com maquilhagem porque não tenho talento para isso. O cabelo solta-se com uma facilidade incrível, para além de estar todo branco. Sim, ficou mais branco. Também não me tinham caído os pêlos dos braços e agora também já se estão a ir. 

- unhas escuras. Não tenho usado qualquer verniz porque quero estar atenta a tudo o que me vai acontecendo. Noto um ligeiro escurecimento numa ou noutra unha, nada de dramático. Claro que ainda pode aumentar, mas é facilmente disfarçável com verniz. Não sinto as unhas mais fracas, mas também opto por usá-las sempre curtas. Nos pés tudo ok.

- pele seca. Ainda não tinha sentido nada porque a minha pele é oleosa e deve ter estado a gerir tudo muito bem, mas sinto por fim uma sensação estranha na pele. Sinto que está queimada, seca e áspera. Sobretudo no rosto, mas no corpo também noto mais desidratação. E logo agora que não consigo beber tanto… Estou a usar cremes da Avène e da Uriage e tenho conseguido contornar isto. Sempre usei batom do cieiro, mas agora não consigo mesmo estar sem.

- aftas. Desde que faço a vermelha que me aparece 1 afta na 2a semana e desaparece ao fim de 1 dia. Desta vez, ainda não apareceu. 

O que me está a incomodar mais esta semana é mesmo a constipação. Ontem fui à urgência porque os sintomas da constipação e os da quimio estavam a confundir-se e eu não quero mesmo arriscar ficar mais doente e falhar a última quimio. 

Sinto-me cansada, com dificuldade a respirar por estar entupida, garganta com pontos brancos, tosse há mais de 3 semanas. Fui auscultada e o que tenho é compatível com uma infeção vírica. Os pulmões estão limpos, apesar de terem muco que está a sair. Os pontos brancos na garganta não eram pus e são compatíveis com a virose. Trouxe xarope e água para o nariz. 

O facto de estar a fazer tratamento não me permite combater uma simples constipação eficazmente. É frustrante! E cansa! Porque passo horas sem dormir, como agora. São 5 da manhã e eu sentada na cama a escrever porque estou toda entupida. Tenho a janela de 1 semana para tratar disto porque logo a seguir tenho a última quimio para fazer.

Continuo a tomar as injeções para estimular a medula a produzir glóbulos brancos. A mínimo desconforto nos meus ossos, tomo paracetamol. Costuma aparecer-me dor ao fim de 4 dias. Estou sempre atenta a mim e ao meu corpo porque estas dores não são para negligenciar. 

Vou tentar regressar ao sono.