Hoje, eu estou no lugar de cada uma dessas pessoas. Voltei a preparar o meu CV. A última versão era de 2008. Não sei se esse documento consegue falar por mim. Acho que provavelmente não me contrataria. Penso sempre que as pessoas não acham que eu preciso de nada. E preciso! Preciso de trabalhar! Não sei não trabalhar! Estar em casa e cuidar de todos nós não me chega.
Esta deve ser a pior altura de sempre para procurar emprego. Uma das empresas para onde concorri respondeu-me que recebem cerca de 10 mil candidaturas diárias. 10 mil! Como é que uma pessoa se destaca? Eu moro em Trás-os-Montes. Todos querem vir para cá em quarentena, mas aqui não há empregos. Aposto nos trabalhos à distância, a partir de cada, mais uma vez.
Estou cansada de preencher formulários com a minha formação académica e profissional. Começo a impacientar-me e omito informação. Mas não desisto. LinkedIn, sites de emprego, portugueses e estrangeiros, nada me passa ao lado. E nada aparece. Estou cansada, mas estou determinada.
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