A minha filha tem o grande privilégio de ter quatro avós fantásticos e ainda tem mais dois emprestados e uma bisavó. Que rica que ela é!
Devido à proximidade geográfica, ela desenvolveu uma uma relação muito especial com os avós paternos, mais especial ainda com o avô. O avô da minha filha é uma pessoa notável e a relação entre eles só podia ser singular. Ele não é apenas o avô super orgulhoso da sua neta. Ele foi sempre cuidador, dotado de uma atenção extrema.
Eu fiquei com a Maria Victória em casa quando ela nasceu. Só que, a partir dos 5/6 meses, o bebé precisa mais de atenção e eu precisava de trabalhar. Os avós, quase sempre o avô, iam buscá-la lá a casa e passavam o dia com ela. Este avô cuidava dela com o maior cuidado e dedicação. Ela cresceu sempre muito ligada a ele. Era engraçadíssimo vê-la entrar na casa dos avós e ignorar toda a gente, indo directa a ele.
O avô da Maria Victória já estava doente quando ela nasceu. A minha sogra costuma dizer que ela veio na altura certa. Eu concordo que a menina teve um papel importante na forma como ele enfrentou a doença. No entanto, a coragem é toda dele. Ele podia estar muito muito, muito doente mas, quando ela entrava por aquela porta, ele fazia último esforço para se levantar, para brincar com ela. Tantas e tantas vezes brincaram juntos... A doença foi muito grave logo desde o início, mas o avô nunca se entregou a ela. Anda sempre impecavelmente vestido e arranjado, as refeições sempre na mesa e sempre preocupado com quem o rodeia.
O avô agora já está muito doente. Aguentou-se até ao Natal. Passámo-lo todos juntos, aqui em casa, em mesas separadas para proteção de todos.
Nos últimos tempos, a Maria Victória já se tinha habituado a vê-lo mais tempo na cama. Já não sai da cama. Tem dois anjos ao seu lado que não o largam dia e noite. Ser cuidador é árduo. Mais árduo ainda quando se cuida permanentemente de quem tanto se ama. É emocionante e não tem preço.
A minha filha acha que o avô vai melhorar e ficar bom. As probabilidades disso acontecer são tão remotas... Eu sei como os avôs são importantes nas nossas vidas. O meu avô continua vivo em mim, nas minhas memórias, nas histórias que conto à minha filha. Vou certificar-me de que o avô dela também viverá sempre.
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