Agasalhei-me e levei a Blondie. Estava muito frio para sair de cabeça descoberta. Passámos a tarde numa esplanada no centro da cidade.
Já sentia falta de estar com as meninas, embora falemos com muita regularidade. É bom ouvir os problemas dos outros, para variar. Aliás, é importante que os nossos amigos percebam que os problemas deles continuam a ser importantes e que juntos possamos resolvê-los. E é importante rir e eu rio muito com as minhas meninas.
Enquanto estava com elas, recebi uma chamada de uma pessoa muito especial para mim. Ela é a minha amiga mais antiga porque a conheço desde que nasci. Foi a minha madrinha de casamento. Falamos muito pouco agora, e ela nem sequer está assim tão longe, mas simplesmente as nossas vidas foram seguindo rumos diferentes. O amor entre nós não muda, falemos muito ou pouco.
Regresso à mesa das amigas e o telefone toca de novo. Recebo uma chamada de S. Tomé e Príncipe. Outra amiga especial, com quem partilhei um estágio como professora. Já não falávamos há imensos anos, mas fiquei mesmo feliz por ela me ter procurado. Ainda bem que tenho o mesmo número de telefone desde 97. Sim, sou mesmo antiga.
O desafio que estou a enfrentar está a aproximar-me de pessoas que já foram próximas. Uma doença coloca-nos de frente com a nossa finitude. Sabemos que um dia vamos morrer, mas uma doença lembra-nos disso constantemente. E o mesmo acontece quando é alguém com quem já nos cruzámos em algum momento da nossa vida.
É muito bom que tenhamos bem presente a impermanência da vida e que tenhamos a coragem para fazer aquele telefonema, mandar aquela mensagem. Não adiar.
Sou muito grata pela onda de amor que tenho recebido. E não é só pena, sinto que também é admiração e isso faz-me muito bem e dá-me muito ânimo para enfrentar os meus dias.
Sem comentários:
Enviar um comentário