10.12.13

O teste do pezinho

Quero alertar para o facto de eu ser totalmente ignorante acerca de bebés e gravidezes. Nunca convivi com pessoas mais novas do que eu, não convivi com bebés e não acompanhei de perto nenhuma gravidez. Chegar aos 35 com uma dose de ignorância empírica tão grande, pode ser assustador. Agora, tento compensar com todo o tipo de informação possível.

Então, hoje, ao ver o prograna Pregnancy and Birth: The Truth, descobri que que a zona mais sensível do bebé é mesmo o pé. Para aquelas mamãs mais ansiosas que querem ter a certeza de que o seu bebé está a respirar enquanto dorme, basta tocar no pezinho que ele vai reagir. Se não reagir, algo se está a passar. Logo, não vale a pena abanar e agitar a pobre criancinha.

9.12.13

Sair à noite ou não sair à noite? Eis a questão.

Sempre fui moça de gostar de sair à noite. O marido é como eu. Com o tempo, as noitadas foram ficando mais escassas, mas temos que ir ao café à noite todos os dias.

Desde que engravidei que a situação mudou um pouco. Nos primeiro meses, tinha tanto sono, mas tanto sono que só pensava no meu sofá. A ideia de ter que me arranjar para sair dava-me ainda mais sono. Tentei manter ao máximo uma vida normal, com as mesmas rotinas, mas foi complicado.

Logo no início do 2º trimestre, fiquei com uma constipação terrível. Sempre que apresentava melhoras e punha o nariz fora de casa, voltava a ficar pior. Andei assim umas 3 semanas e, consequentemente, fora do círculo nocturno. Depois, veio a 'amniocentese' e foi repouso absoluto mais uns dias. Resumindo, estive recolhida uma série de fins-de-semana e ninguém me pôs a vista em cima.

Este fim-de-semana preparei-me para sair. Já estava mesmo a precisar. Jantar com o marido e depois ida ao café do costume. Aqui, as coisas não correram muito bem. Depois de ter tomado o meu habitual carioca de limão, vendo que todos bebiam as suas minis, fiquei com uma enorme vontade de beber um panaché (cerveja com 7up), acompanhado de uns tremoços. Pedi ao marido que me pedisse um panaché fraquinho com cerveja sem álcool. Quando comecei a beber aquilo, parecia-me cerveja normal. Perguntei aos meus amigos se a cerveja sem álcool tinha o mesmo sabor. Disseram que com a 7up era provável que sim. Foram chegando mais pessoas e olhavam para o meu copo. Eu dizia, orgulhosa, que era sem álcool. Entretanto, fui sentindo aquela dormência típica de quem bebe álcool e não está habituada. Perguntei ao dono do café se aquilo tinha álcool e ele disse-me que sim, mas que era fraquinho. Fiquei furiosa!! Quem é ele para decidir se eu quero fraquinho, forte ou sem álcool? Logo ele que acabou de ser pai do segundo filho. Isto não se faz. Valeu-me que bebo devagar e quando me apercebi ia o copo a meio.

Depois, fomos a um bar novo. O pior foi mesmo que cheirava a tinta, pelo menos num dos espaços. Não gosto nada de me expôr a este tipo de lugares. Mantivemo-nos no espaço mais arejado, perto da saída. Iam chegando amigos e nós íamos dizendo que eu estava grávida.

O momento mais engraçado da noite foi quando um dos amigos do meu marido me disse que, dado que estava grávida, esta seria a minha última noite a sair. Concordam? Acham que uma grávida deve ficar em casa, esperando que o rebento chegue? A minha saída, para além dos percalços inesperados, não teve nada de violento. Às 2:30 já estava na caminha. Eu acho que, enquanto me sentir bem e os espaços forem adequados, vou sair. Ter uma mãe deprimida em casa também não deve ser muito bom para o bebé. O que acham?


4.12.13

O meu mundo e o mundo das outras pessoas

Estou grávida de 17 semanas e o mundo ainda não sabe que estou grávida. Aliás, o meu mundo sabe. O mundo das outras pessoas é que ainda não. E também não me importa muito que saibam ou não.

No início desta gravidez, tive muitas reservas. De cada vez que ia à casa de banho, estava à espera de ver sangue, de perder a bebé. Isto tudo porque uma das minha melhores amigas já perdeu dois bebés assim, nas primeiras semanas de gravidez. Como acompanhei tudo de muito perto e os especialistas dizem que é muito normal, sempre achei que poderia acontecer comigo. Não queria sofrer o que ela sofreu, não queria ver expectativas a desabarem, por isso só estava à espera do momento em que isso me fosse acontecer também. Graças a Deus, até agora tudo correu bem.

Porém, ainda não durmo descansada e acho que nunca irei dormir. Outra amiga próxima, passou por outra situação terrível. Grávida de gémeos, eles morreram aos 7 ou 8 meses de gestação, com o cordão enrolado. Perante estas tragédias tão próximas, como posso viver a minha gravidez sossegada? É certo que tenho imensos exemplos de gravidezes bem sucedidas, crianças lindas e saudáveis que estão entre nós. É nessas crianças que tento pensar quando me sinto mais em baixo. Penso que tudo correu bem durante as suas gravidezes, que os problemas sérios que acontecem são raros e que tenho que pensar sempre positivo. Também não ajuda nada ainda não saber os resultados da biópsia que fiz na semana passada.

Quando penso que só irei descansar quando a minha bebé nascer, lembro-me que aí é que os problemas começam. Todas as mamãs se queixam dos infectários e, quanto mais crescem, mais preocupações dão, não é? Estou muito depressiva, mesmo. Já não há remédio para mim.

No lado oposto ao meu, estão aquelas mães que nunca pensam em problemas. Assim que fazem o teste de gravidez caseiro, publicam nas redes sociais, espalham a notícia aos 7 ventos, compram roupinha de bebé, fazem todo o enxoval... Inicialmente, sinto alguma pena delas. Se algo corre mal, vão ficar arrasadas. Depois, penso melhor, e talvez elas é que estejam certas. Vivem felizes, aproveitam enquanto podem. Na verdade, ninguém está preparada para enfrentar problemas na gravidez e filhos, por mais preparado que se esteja. E também não consta que quem é mais ansioso e pessimista, como eu, consiga evitar problemas.

Moral da história: acho que não consigo deixar de ser ansiosa, mas posso tentar ser aproveitar mais a minha gravidez, permitir que me mimem, sentir-me bem com a minha bebé a crescer dentro de mim.


3.12.13

A vontade de ter netos

As avós da minha bebé andam excitadíssimas com a chegada da primeira neta, de ambos os lados. Primeira neta, primeira bisneta, primeira sobrinha. É a primeira, e pronto.

Já andavam meio desesperadas com a possibilidade de não virem a ter netos. Pelo menos os meus pais, dado que sou filha única. Eu e o meu marido já estamos casados há mais de 4 anos, não nos apetecia ter filhos e evitávamos o assunto. Somos daqueles que até gostamos de crianças, mas pelas mãos dos outros. Quando vamos jantar fora, não gostamos nada de berreiros e gritarias, etc, etc. Posto isto, andávamos a adiar a decisão de sermos pais. Era uma certeza que tínhamos, mas se pudéssemos adiar mais um bocadinho...

Quando ficámos grávidos, foi a alegria do povo. Confesso que a minha mãe, por ser minha mãe, estava mais aflita com a minha reacção à gravidez do que feliz por ser avó. Eu tinha tanto medo que algo corresse mal, que não me permiti ficar feliz, nem permiti aos outros. Assim que a fase crítica passou, foi a loucura total.

Sobretudo as avós andam numa correria desenfreada a comprar tudo e mais alguma coisa. Tem que se lhes pôr um travão. É calcinhas e camisolinhas e mantinhas e gorrinhos e babygrowzinhos e vestidinhos e pantufinhas e sei lá mais o quê. Uma delas nem me dá as coisas. Fica com elas lá em casa, nem percebo porquê. Deve pôr-se a olhar para aquilo quando está mais aborrecida.

Entendo a excitação delas, mas não deixo de achar que é muito prematuro. Eu estou grávida de 4 meses. Ainda falta mais de metade do tempo. Fico feliz que andem entusiasmadas, poupam-me imenso trabalho e dinheiro. Só receio o dia em que comprem qualquer coisa que eu não goste. Não vou consegui dizer que é bonito e tenho a certeza que vou partir um coração. Espero que esse dia nunca chegue. Elas têm bom gosto, é o que vale!

29.11.13

AMNIOCENTESE ou BIÓPSIA DAS VILOSIDADES CORIÓNICAS | a minha experiência

Ontem fiz uma amniocentese, ou melhor, uma biópsia das vilosidades coriónicas.

Sempre achei que ia fazer uma, devido à minha idade. Quando engravidei, tinha acabado de fazer 35 anos. Depois, fui percebendo que não era bem assim. Havia outros exames a fazer antes de nos decidirmos por uma amniocentese. Ao longo das ecografias (e, em 16 semanas, já fiz 5), fomos vendo que tudo estava dentro do normal. Depois, às 12 semanas, fiz o rastreio bioquímico. Também não revelou nada de anormal. Perante isto, o médico disse que a amniocentese ficava ao meu critério. Deu-me umas semanas para eu pensar no assunto. O que é que eu ia fazer? Na verdade, não tinha nenhuma vontade de fazer a amniocentese, mas também não queria ficar na dúvida tantos meses. Juntamente com o meu marido, decidimo-nos pela amniocentese. Seria uma amniocentese por vontade materna.

Pesquisei tudo sobre este procedimento. Li imensa literatura, relatos de outras senhoras e vi vídeos. Tudo me parecia completamente inócuo, com um risco muito baixo, pouco doloroso e bastante rápido, como se pode ver neste vídeo:


Uma amniocentese

Ontem, tal como já estava marcado, fomos ao hospital para fazer a amniocentese. Fomos bem recebidos e foi tudo muito rápido. Antes de mim entrou uma senhora e, logo a seguir, chamaram-me. Cruzei-me com ela na salinha e a cara dela não era das melhores. Encaminharam-me para a marquesa e a equipa médica foi sempre muito atenciosa. Estavam lá o médico (chefe da genética do hospital), 2 médicas assistentes, 1 enfermeira e 1 auxiliar. Andavam de um lado para o outro a manipular o material, alheios à minha ansiedade. Abriam pacotinhos e pacotinhos de material esterilizado. Para eles era mais um procedimento rotineiro, para mim era um momento importantíssimo. O médico começou por fazer uma ecografia e informou-me de que não iria fazer uma amniocentese, mas sim uma Biópsia das Vilosidades Coriónicas (BVC). Pronto, se estava relativamente calma até então, aqui comecei a entrar em pânico.



Uma Biópsia das Vilosidades Coriónicas

O pessoal médico foi extremamente simpático, apesar de não se descoserem muito. O médico disse-me que ainda bem que era magrinha e eu até perguntei se era eu ou a bebé, dado que nao me considero nada magrinha. As médicas, ainda muito jovens, começaram logo a dizer que sim, que era magra, que eu devia ver era a quantidade de pessoas gordas que passam por lá e acham que são magras... e tal... e deixei de as ouvir. Percebi claramente que a conversa era para me distrair, mas a dor nesta altura era insuportável para conseguir prestar atenção ao que falavam. Primeiro, senti a agulha a entrar, mas não foi nada de especial. Uns segundos depois, senti uma dor horrível que foi desde o lugar da punção até à uretra. Deve ter sido aqui que começou a recolher o material da placenta. O problema é que não demorou 1 minuto, como me garantiram no início. E a dor foi aumentando de intensidade, sempre até à zona da uretra. Eu, que pensava que ia ser uma coisa breve, dei por mim a perguntar ao médico onde é que estava esse minuto. Isto tudo entre muitos ais, uis e lágrimas. Acho que uma das médicas assistentes foi muito lenta, enquanto retirava o primeiro frasco que se foi enchendo. Sim, vi, no final, pelo menos, 3 frascos. Parecia que andavam a remexer lá por dentro com a agulha. O médico até brincou dizendo que a doutora ainda estava com as mãos frias. E ela com medo em tocar-me, mas eu só queria que aquele momento fosse abreviado o mais possível. Lá retiraram a agulha, mas a dor manteve-se. Fiquei na marquesa, imóvel, a chorar porque não consegui conter as lágrimas. Pediram-me para me levantar e estava muito atordoada. Devia ter ficado deitada. Agora compreendo a cara da outra senhora. Fui assinar qualquer coisa e saí com o meu marido para outra sala onde fiquei em repouco mais 30 minutos.

Nessa salinha, fiquei com o meu marido, a minha cunhada e uma amiga, que trabalham no hospital. Tive que estar deitada para o lado esquerdo, mas não me explicaram porquê. Aliás, só me recomendaram que estivesse em repouso absoluto nos próximos 3 dias e que não mantivesse relações sexuais na próxima semana. É assim que tenho estado desde ontem, deitada, só me viro para o lado esquerdo, dado que me picaram no lado direito. Segundo o que li, o mal estar é semelhante ao das dores menstruais, mas não é nada disso. O que sinto é como se me tivessem esfaqueado e tivessem rodado a faca lá dentro. Quando deixo a bexiga encher muito, dói mais. Hoje, já me sinto bastante melhor.

A minha barriguita

Então, qual é a diferença entre os dois procedimentos?

A amniocentese pode ser realizada a partir das 16 semanas e a BVC entre as 12 e as 15. A primeira retira líquido amniótico, a segunda retira material da placenta. Creio a que a BVC seja mais fácil de executar e de menor risco para o bebé. Só por estes motivos entendo que me tenham feito uma BVC, dado que já estou de 16 semanas. É o tipo de esclarecimentos que me deviam ter prestado.

Nota da autora:
Com este relato não pretendo alarmar ninguém. Sou, por natureza, uma pessoa com pouca tolerância à dor. É normal que me tenha doído mais do que à maioria das pessoas. É normal que tenha sido mais tramatizante para mim do que para a maioria das pessoas. Esta é apenas a minha experiência.

Também quero pedir desculpa se houver algum erro. Estou a escrever de lado, na cama, em grande esforço.