30.4.19

Lutamos juntos pela Carlota

Doenças infantis são um assunto que me deixa sem chão. 
Quando na semana passada soube que a filha de 4 anos de alguém que eu conheço pessoalmente tinha um problema oncológico grave, fiquei mesmo em estado de choque... Parece que é daquelas coisas que nunca nos acontece ou a quem está perto de nós, mas é mentira. Anda por aí e afecta também crianças! É uma crueldade, uma injustiça e dói-me imenso imaginar como pode um ser tão pequenino já sofrer tanto.
Depois, pensei naqueles pais. Não sei o que dizer. O que se diz aos pais num momento como este?! Recuso-me a imaginar sequer o que estarão a passar.
E a Carlota e a família não precisam da nossa pena. Eles só precisam da nossa boa energia, da nossa luz para ajudarem a sua princesa a vencer esta dura batalha. A Carlota tem uma página no Facebook - Lutamos Juntos pela Carlota - e lá podem acompanhar as vitórias diárias desta princesa guerreira e também iniciativas que promovem uma corrente de boas energias à volta desta família. 

24.4.19

As mães (e os pais) mentem

Ainda eu estava grávida da Maria Victória e já um grande amigo do outro lado do Atlântico, pai de uma menina de 2 anos, me avisava: "Você ainda não sabe, mas as outras mães vão-te mentir." E eu, ingénua, perguntava: "Mentir? Porquê? Sobre o quê?" "Sobre tudo e para se sentirem melhor", dizia ele.
Rapidamente pude constatar que era mesmo assim. Os pais mentem e acreditam piamente nas suas próprias mentiras. Tanto, que essas mentiras até passam a ser verdades para eles.
Os pais adoram os seus filhos e projectam neles todos os seus desejos e até frustrações. Os filhos são as nossas versões melhoradas e têm que ser bons a tudo. São os mais pesados, os mais compridos, fazem mais cocó, bebem mais leite... no primeiro ano. Depois, são os primeiros a andar e a falar e a cantar e a eu sei lá mais o quê... Só que muitos não! E aí começam as frustrações dos pais. Os miúdos estão-se bem a marimbar para percentis e pódios. Os miúdos querem é aprender o mundo e ser felizes naquele momento. Já os pais querem ter material para gabar o seu rebento. E quando falta esse material, toca a mentir. Há aspectos que é difícil esconder, como o andar e o falar. O que eu noto é que as temáticas sensíveis são as fraldas, a alimentação e a chupeta ou o biberão.
Como blogger até não sou muito atacada, mas já dei por mim a pensar se devia falar disto ou daquilo porque depois sei que vai aparecer um chorrilho de mentiras e de situações completamente fora da realidade.
Fraldas. "O meu filho deixou a fralda de dia e de noite em dois dias. Tem 2 anos." Qualquer outra mãe que oiça isto vai achar que o seu filho tem algum problema porque ele tem 2 anos e não controla os esfíncteres. Aliás, já tem quase 3 e ainda usa fralda e começa a sentir-se pressionada porque o seu filho deve ser o único a usar fralda. E certamente fez alguma coisa errada, é uma má mãe. E começam também as pressões com a criança em casa e isso só vai atrasar o processo do desfralde. O que a primeira mãe se esqueceu de falar é dos constantes acidentes que acontecem, da frustração que o filho sente de cada vez que há um acidente. Usa fralda? Sim. Controla sempre tudo? Não. Cada criança tem o seu tempo. Nada de pressões, nada de antecipações, nada de comparações.

O meu conselho às mães é que relativizem tudo o que ouvem e que se foquem nos seus filhos. Temos quenos orientar por etapas que devem atingir, claro, mas com cautela e sem pressão. É muito triste ver a pressão a que muitas crianças e até bebés estão sujeitos hoje em dia.

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1GRgsbaoUhGnCrssTxlaVfEMHnVMQKSyD

Imagem: Pinterest

23.4.19

Colecistectomia - remoção da vesícula - Parte 2

Quando soube que a cirurgia era inevitável, fiz o que sempre faço quando estou com medo. Pesquiso tudo e mais alguma coisa. Eu preciso de informação para me acalmar. Vi horas de vídeos de cirurgias no YouTube. Sim, horas! Já vi todo o tipo de vesículas e vísceras e percebi como umas são tão simples de retirar e outras tão trabalhosas. Depois passei para os vídeos das anestesias gerais. Descobri que é necessário entubar os pacientes, que nos desligam completamente e que nos voltam a ligar. Ganhei mais um medo que não tinha. Depois passei aos vídeos de pessoas que fizeram a cirurgia. Os brasileiros são muito bons nisso, descrevem tudo, filmam tudo. Percebi que a cirurgia é desconfortável, mas que o pior são os gases que ficam na cavidade abdominal. Mais um stress! Gases de ficam alojados nos ombros e nas omoplatas, pessoas que precisaram de ir às urgências devido a essas dores... são passageiras, mas até lá tem que se aguentar. Pareceu-me tudo muito mau. Depois de longas noites com poucas horas de sono a ver vídeos, finalmente sosseguei. Conversei com 2 amigas médicas (curiosamente uma cirurgiã e uma anestesiologista), ralharam-me por pesquisar na net, mas sossegaram-me quanto aos procedimentos. E esperei que me chamassem para a cirurgia.
No dia 1 de Abril, recebo uma chamada do hospital a convocarem-me para a tão aguardada cirurgia. 3 dias depois. Ainda pensei que me estivessem a pregar uma tanga, mas a senhora parecia mesmo uma administrativa do hospital porque, assim que eu comecei a chorar, ralhou logo comigo a dizer que era apenas uma cirurgia à vesícula. Esta falta de empatia com o próximo choca-me. Eu sei que a senhora deve ver imensas situações muito mais graves, de ameaça à vida, mas na minha vida isto é muito grave.
Enfim, fiquei em estado de choque, mas comecei a preparar a minha ida para o hospital. Organizar o trabalho, organizar a casa, organizar os horários da minha filha, a mala e a minha cabeça. 
No dia da cirurgia, apresentei-me no 6.º piso às 8:30 em jejum. Não ando de elevador e fui a pé. Fui depois chamada para uma conversa com uma cirurgiã e logo de seguida fui para a enfermaria. Colocação de cateter, recolha de sangue, vestir pijama e descer ao rés-do chão para realização de raio-X e electrocardiograma. Voltar a subir ao 6.º andar para tomar um banhocom um desinfectante qualquer e vestir a roupa de gala. E esperar... A ansiedade cresce com esta espera.A cada pessoa que entrava na enfermaria, eu estremecia e chorava. Fartei-me de chorar, até que foi mesmo a minha vez e aí teve mesmo que ser.
Enterrei-me nos lencóis enquanto descia no elevador, a auxiliar foi sempre muito engraçada, tentando sossegar-me. No bloco cirúrgico, todos os que me receberam foram impecáveis. Percebendo a minha angústia, fizeram-me uma visita guiada pelo bloco enquanto me levavam para a minha sala de cirurgia. Nenhuma das minhas amigas estava a trabalhar no bloco nesse dia, mas fizeram questão de me deixar um beijinho através de colegas. Admito que esse contacto, apesar de não conhecer ninguém pessoalmente, me transmitiu confiança. A equipa de anestesia, enfermeira e médica, foi espectacular nos momentos que precederam a cirurgia. O meu cirurgião é top! É um miúdo, super competente, e só ouvi excelentes referências dele.
Quando saí da minha cama e me passaram para a mesa, o medo apertou de novo. Lembro-me de sentir vontade de fazer xixi (que acontece sempre que fico muito ansiosa) e de pensar que já não podia sair da mesa. Aquelas luzes, imensa gente na sala, ainda disse que me sentia na Anatomia de Grey e apaguei. Quado acordei já estava no recobro, sem dores, e quis manter-me acordada. Era hora de jantar. Depois, fui para a enfermaria e não me recordo nunca de ter dores. A maior dificuldade foi ter de fazer xixi para a arrastadeira. Eu estava deitada e simplesmente não conseguia. Entretanto sentei-me e lá consegui. É complicado vermo-nos impedidos de cumprir as necessidades mais básicas. Dormi bem, fui à casa de banho sozinha, tomei banho e saí ao meio-dia.
19 horas depois da cirurgia estava a sair, desci os 6 andares a pé, com cuidado, mas a pé. Vim para casa com anti-inflamatório e um analgésico. Não senti dores, não senti os temíveis gases, não estava particularmente inchada. Acho que foi possível aos cirurgiões retirar bastante ar antes de fecharem, nem sempre é possível. As 3 suturas cicatrizaram muito bem, apesar da do umbigo estar mais difícil... Acho fundamental repousar, haver dias passados, e eu não descansei muito. Com uma criança em casa não é fácil. 

Já conhecem a BabyLoop.pt?

Têm em casa equipamentos de bebé que já não são usados? E que tal vendê-los em segurança?E, mais importante ainda, é poder comprar artigos usados em segurança, sem medo de ser enganado.


A BabyLoop é uma plataforma de economia circular dedicada a artigos de puericultura, que permite a qualquer pessoa vender e comprar produtos de forma simples, fácil e cómoda.


Para vender produtos deve registar-se, clicar em “Vender produto”, preencher o formulário e adicionar pelo menos duas fotografias com boa resolução. Deverá escolher a categoria do produto (ex: Carrinho de Passeio) e a marca, bem como indicar o modelo.


Depois de submeter o produto ou produtos que pretender, será realizada uma avaliação com base na informação fornecida e receberá uma notificação a informar se o produto foi aceite e quanto poderá valer.


Pode entregar numa loja Continente aderente, sem qualquer custo.


Se o artigo for vendido, poderá resgatar o saldo de cada produto vendido de quatro (4) formas: para a sua conta bancária, para Cartão Continente, para Saldo BabyLoop (a usar na plataforma) ou pode optar para doar a uma instituição.


Caso os seus produtos não sejam vendidos no período de 90 dias poderá optar por receber de novo os seus produtos. Os produtos serão devolvidos em bom estado e devidamente acondicionados. Apenas terá de suportar os custos de envio. Se ao fim de 180 dias da receção do produto não solicitar a devolução do mesmo, a BabyLoop doará o produto para uma instituição de solidariedade.https://drive.google.com/uc?export=view&id=1091TyK2mxsR9mgcLzoC-baR_u1JzY4Hg

21.4.19

Ipsis Verbis

Véspera de dia de Páscoa à noite. Chego ao quarto e apercebo-me de que a Maria Victória tinha estado a comer uma bolacha na cama e deixou tudo cheio de migalhas. Ralhei imenso com ela. Estava cansada e depositei as minhas frustrações nela. Senti-me culpada e quis perceber como é que ela se sentia em relação a mim (ando a ver muito This Is Us). Sei que ainda está numa idade em que é totalmente honesta e perguntei-lhe o que achava de mim. Respondeu-me: “És perfeita!” 
Sacudi as migalhas e ficámos na macacada até adormecer... Não tenho palavras para isto. 

19.4.19

O parto - aquela inundação de Amor (ou não!)

Já cá falei no nosso parto, mas nunca abordei um determinado assunto por considerar que era a única a ter sentido isso. Ao longo destes 5 anos de mãe, já percebi que as coisas não nos acontecem só a nós. O que acontece é que ninguém fala nos assuntos tabu e, muitas vezes, damos por nós a sofrer sozinhas.

Nunca me senti muito culpada por ter sentido isto, até porque passou logo, mas achei que era estranho. E foi numa conversa com aquelas amigas com quem falo de tudo, sem qualquer filtro, que disse que no meu parto não senti aquela inundação de Amor de que tanta gente fala.

Não gostei particularmente de estar grávida, apesar de ter sido melhor do que eu antecipei, eu estava cheia de medo do parto, por isso, a minha preocupação estava orientada para os procedimentos médicos que estavam a ser feitos e para a saúde da minha filha. Como o meu parto foi muito rápido, confesso que até me assustei quando ma mostraram e ma colocaram nos braços. Parecia um bichinho assustado e com frio. O instinto pediu-me que encostasse ao peito e a aquecêsse. Não foi um momento particularmente emotivo. Eu só estava atenta ao que se passava à minha volta. 

As horas e os dias passam e o Amor que começou na gravidez cresce exponencialmente! É um amor que nos quer sempre perto daquele ser. Foi depois de ser mãe que percebi realmente a expressão “Parir é dor, criar é Amor”. Não há maior verdade. É no cuidar que se cria o vínculo que une pais e filhos para sempre. Por isso, o meu acto de parir não foi tão extraordinário como é o ser mãe todos os dias. 

Hoje sei que se tivesse outro filho, o parto seria provavelmente mais emocionante. Já sei o que me espera. Toda a literatura que li, os cuidados que tive, os preparativos que fiz... nada disso nos prepara para Amar aquele bichinho pequenino que me entregaram. São orientações importantes para se cuidar de um ser humano bebé, mas não ensinam uma mãe a Amar.  

E é por isso que basta ver um vídeo da minha filha ou ouvir alguém elogiá-la para me emocionar. Como não? Fui eu que a criei. 

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