3.5.19
Ipsis verbis
30.4.19
Lutamos juntos pela Carlota
24.4.19
As mães (e os pais) mentem
Ainda eu estava grávida da Maria Victória e já um grande amigo do outro lado do Atlântico, pai de uma menina de 2 anos, me avisava: "Você ainda não sabe, mas as outras mães vão-te mentir." E eu, ingénua, perguntava: "Mentir? Porquê? Sobre o quê?" "Sobre tudo e para se sentirem melhor", dizia ele.
Rapidamente pude constatar que era mesmo assim. Os pais mentem e acreditam piamente nas suas próprias mentiras. Tanto, que essas mentiras até passam a ser verdades para eles.
Os pais adoram os seus filhos e projectam neles todos os seus desejos e até frustrações. Os filhos são as nossas versões melhoradas e têm que ser bons a tudo. São os mais pesados, os mais compridos, fazem mais cocó, bebem mais leite... no primeiro ano. Depois, são os primeiros a andar e a falar e a cantar e a eu sei lá mais o quê... Só que muitos não! E aí começam as frustrações dos pais. Os miúdos estão-se bem a marimbar para percentis e pódios. Os miúdos querem é aprender o mundo e ser felizes naquele momento. Já os pais querem ter material para gabar o seu rebento. E quando falta esse material, toca a mentir. Há aspectos que é difícil esconder, como o andar e o falar. O que eu noto é que as temáticas sensíveis são as fraldas, a alimentação e a chupeta ou o biberão.
Como blogger até não sou muito atacada, mas já dei por mim a pensar se devia falar disto ou daquilo porque depois sei que vai aparecer um chorrilho de mentiras e de situações completamente fora da realidade.
Fraldas. "O meu filho deixou a fralda de dia e de noite em dois dias. Tem 2 anos." Qualquer outra mãe que oiça isto vai achar que o seu filho tem algum problema porque ele tem 2 anos e não controla os esfíncteres. Aliás, já tem quase 3 e ainda usa fralda e começa a sentir-se pressionada porque o seu filho deve ser o único a usar fralda. E certamente fez alguma coisa errada, é uma má mãe. E começam também as pressões com a criança em casa e isso só vai atrasar o processo do desfralde. O que a primeira mãe se esqueceu de falar é dos constantes acidentes que acontecem, da frustração que o filho sente de cada vez que há um acidente. Usa fralda? Sim. Controla sempre tudo? Não. Cada criança tem o seu tempo. Nada de pressões, nada de antecipações, nada de comparações.
O meu conselho às mães é que relativizem tudo o que ouvem e que se foquem nos seus filhos. Temos quenos orientar por etapas que devem atingir, claro, mas com cautela e sem pressão. É muito triste ver a pressão a que muitas crianças e até bebés estão sujeitos hoje em dia.
Imagem: Pinterest
23.4.19
Colecistectomia - remoção da vesícula - Parte 2
Enterrei-me nos lencóis enquanto descia no elevador, a auxiliar foi sempre muito engraçada, tentando sossegar-me. No bloco cirúrgico, todos os que me receberam foram impecáveis. Percebendo a minha angústia, fizeram-me uma visita guiada pelo bloco enquanto me levavam para a minha sala de cirurgia. Nenhuma das minhas amigas estava a trabalhar no bloco nesse dia, mas fizeram questão de me deixar um beijinho através de colegas. Admito que esse contacto, apesar de não conhecer ninguém pessoalmente, me transmitiu confiança. A equipa de anestesia, enfermeira e médica, foi espectacular nos momentos que precederam a cirurgia. O meu cirurgião é top! É um miúdo, super competente, e só ouvi excelentes referências dele.
Quando saí da minha cama e me passaram para a mesa, o medo apertou de novo. Lembro-me de sentir vontade de fazer xixi (que acontece sempre que fico muito ansiosa) e de pensar que já não podia sair da mesa. Aquelas luzes, imensa gente na sala, ainda disse que me sentia na Anatomia de Grey e apaguei. Quado acordei já estava no recobro, sem dores, e quis manter-me acordada. Era hora de jantar. Depois, fui para a enfermaria e não me recordo nunca de ter dores. A maior dificuldade foi ter de fazer xixi para a arrastadeira. Eu estava deitada e simplesmente não conseguia. Entretanto sentei-me e lá consegui. É complicado vermo-nos impedidos de cumprir as necessidades mais básicas. Dormi bem, fui à casa de banho sozinha, tomei banho e saí ao meio-dia.
19 horas depois da cirurgia estava a sair, desci os 6 andares a pé, com cuidado, mas a pé. Vim para casa com anti-inflamatório e um analgésico. Não senti dores, não senti os temíveis gases, não estava particularmente inchada. Acho que foi possível aos cirurgiões retirar bastante ar antes de fecharem, nem sempre é possível. As 3 suturas cicatrizaram muito bem, apesar da do umbigo estar mais difícil... Acho fundamental repousar, haver dias passados, e eu não descansei muito. Com uma criança em casa não é fácil.
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