3.5.19

Ipsis verbis

Esta conversa, iniciada pela minha filha de 5 anos, não me deixa pensar noutra coisa desde há uns dias.

- Mamã, quando for adulta não vou viver nesta casa, pois não?
- Podes viver nesta casa ou noutra casa. Depende devárias coisas.
- Não, eu quero viver noutra casa com os meus filhinhos, não quero viver aqui.
- E vais deixar-me sozinha nesta casa?
- Tu ficas com o papá e eu venho visitar-te.
- Mas eu queria que ficasses a viver comigo. Ou eu contigo, para te ajudar com os teus filhos.
- Mamã, quando eu for adulta, vou ser mesmo adulta.Não vou precisar de ajuda. 
- E quem vai viver contigo na tua casa?
- Vivo eu, os meus 7 filhinhos e o meu marido. Ainda não escolhi o meu marido, depois escolho.
- E podes deixar-me um filhinho teu cá em casa,de vez em quando?
- Posso, claro! Um ou dois. 

(Uma hora depois...)

- de certeza que não queres viver comigo quando fores adulta?
- naaaaaão!

Entretanto, como ainda estou em estado de choque com esta decisão, continuo a perguntar-lhe se quer realmente sair de casa para formar a sua própria família. Está de pedra e cal na decisão. Entretanto, os 7 filhos já passaram para 8 e também já me disse que me deixa em casa de todos os 8 filhos, em vez de apenas 2.

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1R_r_ZaoGRtOanBbRZELBDETrwngDIDhe

30.4.19

Lutamos juntos pela Carlota

Doenças infantis são um assunto que me deixa sem chão. 
Quando na semana passada soube que a filha de 4 anos de alguém que eu conheço pessoalmente tinha um problema oncológico grave, fiquei mesmo em estado de choque... Parece que é daquelas coisas que nunca nos acontece ou a quem está perto de nós, mas é mentira. Anda por aí e afecta também crianças! É uma crueldade, uma injustiça e dói-me imenso imaginar como pode um ser tão pequenino já sofrer tanto.
Depois, pensei naqueles pais. Não sei o que dizer. O que se diz aos pais num momento como este?! Recuso-me a imaginar sequer o que estarão a passar.
E a Carlota e a família não precisam da nossa pena. Eles só precisam da nossa boa energia, da nossa luz para ajudarem a sua princesa a vencer esta dura batalha. A Carlota tem uma página no Facebook - Lutamos Juntos pela Carlota - e lá podem acompanhar as vitórias diárias desta princesa guerreira e também iniciativas que promovem uma corrente de boas energias à volta desta família. 

24.4.19

As mães (e os pais) mentem

Ainda eu estava grávida da Maria Victória e já um grande amigo do outro lado do Atlântico, pai de uma menina de 2 anos, me avisava: "Você ainda não sabe, mas as outras mães vão-te mentir." E eu, ingénua, perguntava: "Mentir? Porquê? Sobre o quê?" "Sobre tudo e para se sentirem melhor", dizia ele.
Rapidamente pude constatar que era mesmo assim. Os pais mentem e acreditam piamente nas suas próprias mentiras. Tanto, que essas mentiras até passam a ser verdades para eles.
Os pais adoram os seus filhos e projectam neles todos os seus desejos e até frustrações. Os filhos são as nossas versões melhoradas e têm que ser bons a tudo. São os mais pesados, os mais compridos, fazem mais cocó, bebem mais leite... no primeiro ano. Depois, são os primeiros a andar e a falar e a cantar e a eu sei lá mais o quê... Só que muitos não! E aí começam as frustrações dos pais. Os miúdos estão-se bem a marimbar para percentis e pódios. Os miúdos querem é aprender o mundo e ser felizes naquele momento. Já os pais querem ter material para gabar o seu rebento. E quando falta esse material, toca a mentir. Há aspectos que é difícil esconder, como o andar e o falar. O que eu noto é que as temáticas sensíveis são as fraldas, a alimentação e a chupeta ou o biberão.
Como blogger até não sou muito atacada, mas já dei por mim a pensar se devia falar disto ou daquilo porque depois sei que vai aparecer um chorrilho de mentiras e de situações completamente fora da realidade.
Fraldas. "O meu filho deixou a fralda de dia e de noite em dois dias. Tem 2 anos." Qualquer outra mãe que oiça isto vai achar que o seu filho tem algum problema porque ele tem 2 anos e não controla os esfíncteres. Aliás, já tem quase 3 e ainda usa fralda e começa a sentir-se pressionada porque o seu filho deve ser o único a usar fralda. E certamente fez alguma coisa errada, é uma má mãe. E começam também as pressões com a criança em casa e isso só vai atrasar o processo do desfralde. O que a primeira mãe se esqueceu de falar é dos constantes acidentes que acontecem, da frustração que o filho sente de cada vez que há um acidente. Usa fralda? Sim. Controla sempre tudo? Não. Cada criança tem o seu tempo. Nada de pressões, nada de antecipações, nada de comparações.

O meu conselho às mães é que relativizem tudo o que ouvem e que se foquem nos seus filhos. Temos quenos orientar por etapas que devem atingir, claro, mas com cautela e sem pressão. É muito triste ver a pressão a que muitas crianças e até bebés estão sujeitos hoje em dia.

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1GRgsbaoUhGnCrssTxlaVfEMHnVMQKSyD

Imagem: Pinterest

23.4.19

Colecistectomia - remoção da vesícula - Parte 2

Quando soube que a cirurgia era inevitável, fiz o que sempre faço quando estou com medo. Pesquiso tudo e mais alguma coisa. Eu preciso de informação para me acalmar. Vi horas de vídeos de cirurgias no YouTube. Sim, horas! Já vi todo o tipo de vesículas e vísceras e percebi como umas são tão simples de retirar e outras tão trabalhosas. Depois passei para os vídeos das anestesias gerais. Descobri que é necessário entubar os pacientes, que nos desligam completamente e que nos voltam a ligar. Ganhei mais um medo que não tinha. Depois passei aos vídeos de pessoas que fizeram a cirurgia. Os brasileiros são muito bons nisso, descrevem tudo, filmam tudo. Percebi que a cirurgia é desconfortável, mas que o pior são os gases que ficam na cavidade abdominal. Mais um stress! Gases de ficam alojados nos ombros e nas omoplatas, pessoas que precisaram de ir às urgências devido a essas dores... são passageiras, mas até lá tem que se aguentar. Pareceu-me tudo muito mau. Depois de longas noites com poucas horas de sono a ver vídeos, finalmente sosseguei. Conversei com 2 amigas médicas (curiosamente uma cirurgiã e uma anestesiologista), ralharam-me por pesquisar na net, mas sossegaram-me quanto aos procedimentos. E esperei que me chamassem para a cirurgia.
No dia 1 de Abril, recebo uma chamada do hospital a convocarem-me para a tão aguardada cirurgia. 3 dias depois. Ainda pensei que me estivessem a pregar uma tanga, mas a senhora parecia mesmo uma administrativa do hospital porque, assim que eu comecei a chorar, ralhou logo comigo a dizer que era apenas uma cirurgia à vesícula. Esta falta de empatia com o próximo choca-me. Eu sei que a senhora deve ver imensas situações muito mais graves, de ameaça à vida, mas na minha vida isto é muito grave.
Enfim, fiquei em estado de choque, mas comecei a preparar a minha ida para o hospital. Organizar o trabalho, organizar a casa, organizar os horários da minha filha, a mala e a minha cabeça. 
No dia da cirurgia, apresentei-me no 6.º piso às 8:30 em jejum. Não ando de elevador e fui a pé. Fui depois chamada para uma conversa com uma cirurgiã e logo de seguida fui para a enfermaria. Colocação de cateter, recolha de sangue, vestir pijama e descer ao rés-do chão para realização de raio-X e electrocardiograma. Voltar a subir ao 6.º andar para tomar um banhocom um desinfectante qualquer e vestir a roupa de gala. E esperar... A ansiedade cresce com esta espera.A cada pessoa que entrava na enfermaria, eu estremecia e chorava. Fartei-me de chorar, até que foi mesmo a minha vez e aí teve mesmo que ser.
Enterrei-me nos lencóis enquanto descia no elevador, a auxiliar foi sempre muito engraçada, tentando sossegar-me. No bloco cirúrgico, todos os que me receberam foram impecáveis. Percebendo a minha angústia, fizeram-me uma visita guiada pelo bloco enquanto me levavam para a minha sala de cirurgia. Nenhuma das minhas amigas estava a trabalhar no bloco nesse dia, mas fizeram questão de me deixar um beijinho através de colegas. Admito que esse contacto, apesar de não conhecer ninguém pessoalmente, me transmitiu confiança. A equipa de anestesia, enfermeira e médica, foi espectacular nos momentos que precederam a cirurgia. O meu cirurgião é top! É um miúdo, super competente, e só ouvi excelentes referências dele.
Quando saí da minha cama e me passaram para a mesa, o medo apertou de novo. Lembro-me de sentir vontade de fazer xixi (que acontece sempre que fico muito ansiosa) e de pensar que já não podia sair da mesa. Aquelas luzes, imensa gente na sala, ainda disse que me sentia na Anatomia de Grey e apaguei. Quado acordei já estava no recobro, sem dores, e quis manter-me acordada. Era hora de jantar. Depois, fui para a enfermaria e não me recordo nunca de ter dores. A maior dificuldade foi ter de fazer xixi para a arrastadeira. Eu estava deitada e simplesmente não conseguia. Entretanto sentei-me e lá consegui. É complicado vermo-nos impedidos de cumprir as necessidades mais básicas. Dormi bem, fui à casa de banho sozinha, tomei banho e saí ao meio-dia.
19 horas depois da cirurgia estava a sair, desci os 6 andares a pé, com cuidado, mas a pé. Vim para casa com anti-inflamatório e um analgésico. Não senti dores, não senti os temíveis gases, não estava particularmente inchada. Acho que foi possível aos cirurgiões retirar bastante ar antes de fecharem, nem sempre é possível. As 3 suturas cicatrizaram muito bem, apesar da do umbigo estar mais difícil... Acho fundamental repousar, haver dias passados, e eu não descansei muito. Com uma criança em casa não é fácil. 

Já conhecem a BabyLoop.pt?

Têm em casa equipamentos de bebé que já não são usados? E que tal vendê-los em segurança?E, mais importante ainda, é poder comprar artigos usados em segurança, sem medo de ser enganado.


A BabyLoop é uma plataforma de economia circular dedicada a artigos de puericultura, que permite a qualquer pessoa vender e comprar produtos de forma simples, fácil e cómoda.


Para vender produtos deve registar-se, clicar em “Vender produto”, preencher o formulário e adicionar pelo menos duas fotografias com boa resolução. Deverá escolher a categoria do produto (ex: Carrinho de Passeio) e a marca, bem como indicar o modelo.


Depois de submeter o produto ou produtos que pretender, será realizada uma avaliação com base na informação fornecida e receberá uma notificação a informar se o produto foi aceite e quanto poderá valer.


Pode entregar numa loja Continente aderente, sem qualquer custo.


Se o artigo for vendido, poderá resgatar o saldo de cada produto vendido de quatro (4) formas: para a sua conta bancária, para Cartão Continente, para Saldo BabyLoop (a usar na plataforma) ou pode optar para doar a uma instituição.


Caso os seus produtos não sejam vendidos no período de 90 dias poderá optar por receber de novo os seus produtos. Os produtos serão devolvidos em bom estado e devidamente acondicionados. Apenas terá de suportar os custos de envio. Se ao fim de 180 dias da receção do produto não solicitar a devolução do mesmo, a BabyLoop doará o produto para uma instituição de solidariedade.https://drive.google.com/uc?export=view&id=1091TyK2mxsR9mgcLzoC-baR_u1JzY4Hg

21.4.19

Ipsis Verbis

Véspera de dia de Páscoa à noite. Chego ao quarto e apercebo-me de que a Maria Victória tinha estado a comer uma bolacha na cama e deixou tudo cheio de migalhas. Ralhei imenso com ela. Estava cansada e depositei as minhas frustrações nela. Senti-me culpada e quis perceber como é que ela se sentia em relação a mim (ando a ver muito This Is Us). Sei que ainda está numa idade em que é totalmente honesta e perguntei-lhe o que achava de mim. Respondeu-me: “És perfeita!” 
Sacudi as migalhas e ficámos na macacada até adormecer... Não tenho palavras para isto.