Não dormi nada. Às 3 ainda estava acordada e às 4:30 o Filipe estava cheio de febre e pediu-me uma toalha fria molhada. Fiquei acordada até às 6. Às 7:30 o despertador toca para preparar a MV para o colégio. Dormi a partir das 8:30, mas o Filipe acorda-me novamente às 9. Às 10 saio da cama para tomar banho e me preparar para o dia. Tomo pequeno-almoço, o que habitualmente não faço. A minha mãe preparou-me torradas e ovos mexidos, abacate e beterraba. Já não consegui comer o mamão. Antes de sair, preparei o pequeno-almoço ao Filipe para ele tomar um Brufen. Entretanto, a D. São também chegava a casa e já o orientava.
A minha mãe quis acompanhar-me para perceber como tudo acontece, mas sinceramente não é necessário que volte a fazê-lo. Não há espaço para se sentarem e, na verdade, não estão lá a fazer nada.
Comecei por me apresentar na recepção 15 minutos antes das 12. e aguardei que me chamassem. 5 minutos depois estava a entrar para a sala onde administram os tratamentos. É uma sala comprida e há cadeirões reclináveis dispostos ao longo das paredes. Tem grandes janelas que dão para o exterior e a luz ilumina a sala toda. Hoje estava nublado, portanto os níveis de luz eram baixos. Nessas cadeiras, umas 8 pessoas recebiam tratamento. Eram maioritariamente idosos. Os enfermeiros têm a sua estação de trabalho ao centro e encaminharam-me para uma dessas cadeiras.
A Sandrinha chega para me ir vir e emociona-se. E eu também por vê-la assim. Os enfermeiros aproximam-se para me colocarem o cateter periférico e aí a Sandra já não aguentou e foi embora.
Colocaram-me o cateter no braço e é desconfortável, como sempre. Felizmente, vou colocar o cateter central já na quinta-feira, no Hospital da Trofa. Não consegui arranjar uma posição cómoda para o braço durante todo o tratamentos.
Não sei o que me aplicaram, mas descobri mais tarde que ainda não era o tratamento. Entretanto, fui a outra sala, sempre com aquilo que mais parece um bengaleiro com rodas, falar com uma enfermeira que me fez algumas recomendações. Focou-se nos cuidados com a alimentação, que se assemelham àqueles que as grávidas têm, cuidados com a pele e a higiene oral. Também trouxe de lá um saquinho com algumas amostras que posso usar durante os tratamentos.
De volta à sala de tratamento. No caminho, passei por outra sala que tinha outras pessoas a receber tratamento mas em camas.
Entretanto, recebi mais um remédio que provoca sonolência. É um medicamento para prevenir um efeito secundário qualquer. Já não me recordo. A Lília chega também e pede ao Dr. Edgar, nutricionista, que passe por lá. Ele é nutricionista oncológico, esteve a ver o meu caso e marcou consulta para o próximo dia de quimio. Vai ser espetacular ter as orientações do Dr. Edgar para conseguir aguentar melhor a quimio e potenciar o seu efeito.
Vou dormitando e já me administraram o medicamento que entretanto chegou da farmácia. Aquilo corre muito rapidamente e só é pena que não encontre uma posição confortável para dormir. O cateter central vai ser muito melhor. Comi um pão com manteiga e uvas e ainda fiquei com fome. Tive que ir duas vezes à casa de banho, sempre com o bengaleiro comigo, porque aquilo dá muita vontade de fazer xixi.
E, pronto, às 2:30 já estava a sair e desejosa de me enfiar na cama. Dormi um pouco e continuei com fome. Já estou a antecipar aqui um cenário de engorda… enfim. Mantenho-me muito sonolenta mas pode ser mesmo de não ter dormido. Amanhã é um novo dia e vou estando atenta a novos efeitos colaterais.