Informou-me de tudo, manteve-se disponível para responder a todas as minhas perguntas. É das minhas: traça os piores cenários para que sejamos surpreendidas com coisas boas. Para já, tem corrido tudo bem.
Informou-me que vou começar a quimio na próxima semana. Ao contrário do esperado, vou iniciar com aquela que é considerada a mais facilmente tolerada. Serão 12 rounds semanais. Começo por esta porque a outra requer a administração por cateter central e ainda não o tenho colocado. Para não atrasarmos o tratamento, faço já a quimio que pode ser recebida através de cateter periférico. A outra é de tal forma tóxica que queima o braço todo, por isso não é aconselhável fazê-lo sem o cateter central. Também provoca muita toxicidade no coração e vai ser necessário monitorizá-lo regularmente.
A quimio ataca as células que se estão a dividir mais rapidamente, ou seja as células cancerígenas. Acontece que o nosso cabelo e pêlo tem grande renovação celular, por isso é logo afetado. Estou apaziguada com essa questão, mas não duvido que me vá perturbar imenso ver-me sem cabelo. As pessoas olham para mim com muita pena porque me veem de cabelo tão comprido e acham que me vai custar mais. Acho que é igual. Mesmo às pessoas de cabelo curto deve custar verem-se carecas.
Outros efeitos colaterais são as aftas e gengivites, diarreia, falta de apetite, náuseas e cansaço. Trouxe uma receita para combater isso tudo. As unhas podem escurecer e recomendou-me que as pintasse de escuro. Estes são os efeitos secundários mais comuns e não quer dizer que os tenha a todos ou que não possa ter outros.
Todas as terças feiras, durante 12 semanas, vou estar ligada à corrente a limpar qualquer célula maligna que tenha subsistido. Assim que terminar estas sessões, farei mais 4 sessões da tal quimio mais agressiva, que se irão distribuir por 2 meses.
Antes de cada sessão, terei que fazer análises que avaliam a minha capacidade de receber a medicação. Se tudo estiver bem, avanço para a quimio. Se os valores não estiverem bons, nessa semana não poderei fazer o tratamento.
Não trouxe grandes recomendações relativamente à alimentação ou suplementação. Acredito que estas façam toda a diferença no que diz respeito aos valores que preciso de ter nas análises ao sangue. Já agendei uma consulta de nutrição no hospital com um nutricionista especialista em oncologia. Sinceramente, não me apetece nada atrasar o tratamento de forma alguma, por isso, vou tentar colaborar de todas as formas possíveis.
Já saí de lá com as análises feitas para que na terça-feira possa receber o meu tratamento. Uma colheita tão tranquila que nem sequer senti a agulha. Que delicadeza de enfermeira.
O meu tumor já não está comigo, no entanto, por ser tão agressivo e por ter uma taxa de proliferação tão alta (90%) temos que garantir que nenhuma célula sobrevive em mim. Se não fizer estes tratamentos, a probabilidade de o tumor voltar nos próximos é muito grande. E eu não quero isso. Tenho muito para viver, tenho uma filhinha que precisa muito da sua mamã e uma mamã que já perdeu muito e não pode perder a sua filha. Estou muito grata por poder fazer os tratamentos, estou grata por haver tratamentos para o meu caso, estou grata por me sentir bem.
Sem comentários:
Enviar um comentário