17.2.25

I feel good

Amanhã faço a 5a sessão de quimioterapia. Falando muito honestamente, não me sinto doente, não tenho sentido efeitos secundários de relevo e tenho conseguido fazer uma vida relativamente normal. 

A sensação que tenho é semelhante à que senti na gravidez. Tinha a informação de que estava grávida, mas não me senti grávida até às 18 semanas, quando senti a minha filhota a mexer na minha barriga. Até lá, confiava nas imagens das ecografias, já que não tive enjoos ou outras maleitas.

Agora é mais ou menos a mesma coisa. Nunca me senti doente, embora tenha sentido aquele nódulo. Informaram-me que tinha um tumor maligno. Os exames de diagnóstico que fiz causaram-me mais stress do que os procedimentos cirúrgicos. Nunca tive dor que não passasse com um paracetamol. 

Com a quimioterapia acontece o mesmo. Alertaram-me para os efeitos adversos, mas até agora só mesmo o cansaço e a queda de cabelo se manifestaram. 

Eu sei que ainda é cedo e que vai ser difícil, mas eu sinto-me mesmo bem. Não me sinto doente e não me comporto como doente. Não gosto de me vitimizar, mas permito-me parar quando estou cansada. Procuro manter-me activa e retomei o exercício na semana passada. Faço caminhadas sempre o que sol me convida e ontem até andei de bicicleta. Tendo em conta tudo isto, como posso reclamar? Sou muito sortuda, é o que sou.

A questão do cabelo começa a perturbar-me porque não sei como me apresentar em público com auto-confiança. Tenho saído com perucas, mas assim que chego a casa tiro-a. Não é confortável e sinto-me a usar um disfarce. Parece que está toda a gente a olhar para mim. Não gosto de usar gorros ou lenços sem cabelo porque associo sempre a cancro. Em casa, uso gorros porque é confortável, mas não gosto da imagem.

Amanhã, preparo-me para sair pela primeira vez sem nada na cabeça. Vou usar uma camisola com capuz, caso sinta frio ao sair do carro e assim protejo-me. Vai ser um teste a mim própria e nada melhor do que ir à quimioterapia assim. Lá não me devem achar uma alien. 





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