1 - Insónias. Custou-me sair da cama e não quero meter-me em mais drogas do que as que já tomo. Tenho andado a tomar melatonina, mas já tomo tarde e consequentemente adormeço muito tarde. Tenho que acordar sempre às 7:30 para ajudar a MV a preparar-se para o colégio e já não consigo voltar a dormir. Têm sido vários dias com apenas 5 horas de sono e não lido bem com isso. Preciso de me disciplinar no descanso.
2 - O cadeirão é desconfortável. Apesar de dar para reclinar, tem outras funções que não estão operacionais. Dormir naquela sala não é fácil porque tem muita luz. Deveria ter trazido qualquer coisa na cabeça porque a sensação de sentir a pela da cabeça colar no cadeirão é muito desagradável. Mas estava tão cansada que, após os anti-histamínicos, dormi assim mesmo.
Hoje levei a manta e o tablet para continuar a ver a série Adolescência (ainda não acabei). Senti uma vontade enorme de falar com a minha filha e um medo de usar corações, já que desconheço a mensagem subliminar que cada cor tem. A adolescência dos tempos de hoje tem desafios muito perigosos e isso preocupa-me muito.
3 - Estava tão ferrada a dormir (apesar do desconforto) mas tive que fazer a escala habitual na casa de banho. Ganhei forças para me levantar porque uma senhora muito simpática da Liga Portuguesa contra o Cancro apoiou as mãos no braço da minha cadeira porque me queria oferecer um lanche. Agradeci e disse que já tinha comido porque eu vou sempre prevenida.
Entretanto, ela olha de novo para mim e pergunta-me se eu ainda não tinha ido lá acima (deveria estar a referir-se à associação Borboletas aos Montes) buscar uma peruca. Com a mesma simpatia, expliquei-lhe que tinha várias em casa e que eu gostava de não usar nada. Ficou um pouco desconcertada e afastou-se, compreendendo.
Eu sei que pode ser chocante andar com a cabeça nua. Mas já o é cada vez menos. Gosto de ter opções, até gosto de me ver de peruca, não gosto de me ver com outros acessórios, mas o mais confortável é não usar nada. Para mim, é assim. E já ando a ver novas perucas. Continuo a gostar.
4 - Ao fim de 9 viagens destas, isto já não tem muita graça. O cansaço e a impaciência instalaram-se. Será que isto nunca mais acaba? Admito que estou farta disto. Sinto-me mais fraca emocionalmente, com muitas dúvidas e acho que é normal. Este processo é muito longo, há margem para acontecerem muitas coisas e o estado de espírito não é linear. É preciso saber acolher esses momentos de incerteza e insegurança e, no dia seguinte, levantar a cabeça e seguir rumo à cura total.
5 - A desmontagem do material. Debaixo da minha pele está um acesso intravenoso para receber a medicação. Já falei aqui sobre isso. Desta vez, mostro como se retira. E é super simples porque é apenas uma agulha que fica instalada no tal acesso. E eu até tenho que colocar uma agulha maior porque aparentemente o meu cateter está muito profundo (ou seja, não é imediatamente debaixo da pele) e uma agulha maior é mais segura para que a medicação passe sem problemas. Não dói nada. O que mais me custa é tirar o adesivo porque faço sempre uma pequena reação.
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