12 semanas depois, eis-me chegada ao fim do Capítulo II.
Perdi cabelo, mas ganhei 6 kg. Estou mais cansada, mas sinto-me mais forte.
Não cheguei aqui sozinha. Obrigada à minha mommy querida @juliadalilamoura que nunca me abandona e que não merecia mais este desafio da vida.
Obrigada a todos os que se fazem presentes e que não se intimidaram com este diagnóstico. Obrigada por continuarem a ligar, mandar mensagens e a convidar para jantar, mesmo que nem sempre atenda, que não responda rapidamente ou não me apeteça sair para jantar. Sem pressão, voltam a repetir os convites até que me apeteça. Os meus não foram embora.
E obrigada àqueles que se ausentaram. Foram poucos, mas aconteceu. Chemo ghosting é uma realidade, people. A desculpa comum é que estão a dar espaço para a pessoa se tratar ou que não saberiam o que dizer. É só ridículo e triste, mas aceito a sua decisão.
O meu núcleo está forte e estável. Só penso em quem não tem esse suporte e que necessariamente se vai abaixo porque se sente duplamente abandonado.
Por esse motivo, sou tão grata por quem tenho. Por ter quem tenho é que me permito ter uma boa auto-estima, esperança e ânimo numa recuperação total. Não é leveza. É saber que sou forte porque os tenho e que também quero continuar cá por eles.
Leio todas as mensagens que recebo. Reparo que todos os dias novas pessoas chegam ao meu Instagram. A maioria são mulheres que passaram ou estão a passar por este processo. Mas também há pessoas que não me seguem e dão-se ao trabalho de todos os dias irem visitar a minha página. Sim, eu consigo ver isso. Não sei se é curiosidade mórbida, se é cusquice ou simplesmente se é para ver se já morri. Ainda estou aqui.
Agradeço toda a força que recebi de amigos próximos e distantes. A dos próximos eu já antecipava. Agradeço que não me liguem só para saber como estou, mas também para me contarem da sua vida. Normalidade. A força dos amigos distantes, aqueles com quem já não falava há 20 anos ou mais, emocionou-me muito. Aquelas pessoas que, não conseguindo articular palavras, me deixam só um ❤️. Mil vezes isto do que um longo texto sem sentimento do chatGPT.
Ontem, fui ao portão de casa receber uma encomenda da MRW. O senhor ficou impressionado por me ver sem cabelo. Entrega-me a caixa e pergunto-lhe se precisa de alguma coisa da minha parte. E diz-me que só precisava que eu fosse feliz e tivesse saúde. Já viram a sorte que tenho? Obviamente que lhe desejo o mesmo.
Estou mesmo feliz porque cheguei até aqui. É motivo para celebrar porque consegui não falhar nenhum tratamento. Foram 12 semanas seguidas, com uma cirurgia e anestesia geral logo após o 1.º tratamento. Agradeço ao meu corpo que aguentou tanta toxicidade.
Não dou nada como garantido, mas faço a minha parte. Faço treino de força 2 ou mais vezes por semana, alimento-me bem, nunca perdi o apetite, tomo vitamina D e Omega 3 e sou selectiva com o que a minha mente consome. Isto aplica-se a pessoas, redes sociais (deixei de seguir uma série de páginas), livros, séries e filmes e música. Permito-me chorar de vez em quando porque tem mesmo de ser, como é o caso agora. E depois, foco-me em coisas positivas. Não que o que escreva não seja positivo. É positivo porque sinto que também tenho a responsabilidade de criar conteúdo que seja útil e motive outras pessoas. E aqui eu sou completamente honesta. Só falo do que acontece e não faço parecer fácil. O positivismo pode ser muito tóxico também.
Também estou feliz porque na próxima semana vou começar o Capítulo III desta aventura. Depois da cirurgia da mama, do tratamento de quimio branca, segue-se agora a quimio vermelha. Vai ser ainda mais desafiante porque traz mais toxicidade ao corpo, provoca anemia, mais problemas gástricos, problemas de pele, enjoos… o que for. Pode provocar tudo isso ou não. Estou entusiasmada porque me aproximo do fim disto tudo. Inicio o tratamento na próxima terça e depois, permitindo as análises ao sangue, repito o tratamento a cada 2 semanas, 4 vezes.
Espero manter o ânimo e a força, apesar de todo o cansaço já instalado. Obrigada a todos pela ajuda.
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