Comecei esta nova etapa, na terça-feira, com alguma apreensão. Toda a gente me falava como era mais dura esta fase. Efetivamente, é mais dura, mas não a sinto dolorosa. Para já, pelo menos.
Não me administraram o anti-histamínico, por isso não tive sono. Entretive-me a conversar com duas parceiras de sala.
À minha esquerda, estava uma senhora de 70 e tal anos, e fazia a sua primeira quimio. Era a vermelha, não tinha cateter implantado e a enfermeira teve dificuldade em encontrar uma veia. O outro braço não podia ser furado porque já tinham esvaziado a axila. Esta senhora foi diagnosticada com cancro de mama no verão, fez cirurgia e só iniciou tratamentos agora, em Abril. Sinceramente, não entendo esta demora. Falou-me que não conseguiu quimio na semana anterior porque tinha os valores baixos devido a um antibiótico e, por esse motivo, tinha tomado umas injeções para a medula que lhe tinham provocado muitas dores nos ossos.
À minha frente estava uma miúda de 45 anos. Estava toda encolhida na cadeira, muito magra e fraca. Não podia beber o iogurte frio e contou-me como não tinha forças para nada. Deu para perceber quando foi à casa de banho. Mal conseguia andar ou manter-se em pé. Depois, explicou que tinha um cancro do intestino, grau 4, inoperável. Começou a quimioterapia no Natal, não perdeu o cabelo, mas perdeu toda a energia e apetite.
Do meu lado direito, estava um senhor, que já costumo ver por lá, e também aproveitou para reclamar do hospital de Lamego.
Assim passámos o tempo. Fui tentando motivar a senhora do lado, já que estava no início.
Vim para casa a fazer xixi cor de rosa/laranja. Efetivamente, aquilo tem um cheiro muito estranho, mas se bebermos muita água já não cheira.
Nessa noite, fiquei com o jantar um pouco embrulhado. Não tive vómitos ou diarreia, só mesmo alguma dificuldade em fazer a digestão. O que me custa são os calores que vou tendo (fruto da menopausa falsa provocada pela quimioterapia) porque me acordam e depois tenho dificuldade em adormecer.
Mantenho o cansaço e é mais intenso. Treinei nos dois dias seguintes à quimioterapia. Por outro lado, sinto que já não tenho o formigueiro nos dedos das mãos. Nos pés nunca senti. Na quarta, fiz também um direto com o PT Hugo sobre o trabalho que ele desenvolve com sobreviventes de cancro de mama. Pensei que não fosse conseguir devido à fadiga, mas correu muito bem.
Ontem, quinta-feira foi o aniversário da minha princesa. Foi um dia desafiante. Estava exausta, havia muito barulho aqui em casa, muita gente… só aguentei mesmo por ela. Por ela, tudo.
Hoje, sexta, foi o dia de iniciar a toma das tais injeções. Como a quimio vermelha baixa muito a nossa imunidade, é fundamental estimular a produção de glóbulos brancos rapidamente. Vou tomar uma injeção todos os dias até à próxima sessão de quimioterapia. É para aplicar na barriga e é a minha mãe que ma administra. Já foi assim quando fui operada.
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