18.4.25

Quimio vermelha 1/4

Comecei esta nova etapa, na terça-feira, com alguma apreensão. Toda a gente me falava como era mais dura esta fase. Efetivamente, é mais dura, mas não a sinto dolorosa. Para já, pelo menos.


Não me administraram o anti-histamínico, por isso não tive sono. Entretive-me a conversar com duas parceiras de sala. 

À minha esquerda, estava uma senhora de 70 e tal anos, e fazia a sua primeira quimio. Era a vermelha, não tinha cateter implantado e a enfermeira teve dificuldade em encontrar uma veia. O outro braço não podia ser furado porque já tinham esvaziado a axila. Esta senhora foi diagnosticada com cancro de mama no verão, fez cirurgia e só iniciou tratamentos agora, em Abril. Sinceramente, não entendo esta demora. Falou-me que não conseguiu quimio na semana anterior porque tinha os valores baixos devido a um antibiótico e, por esse motivo, tinha tomado umas injeções para a medula que lhe tinham provocado muitas dores nos ossos. 

À minha frente estava uma miúda de 45 anos. Estava toda encolhida na cadeira, muito magra e fraca. Não podia beber o iogurte frio e contou-me como não tinha forças para nada. Deu para perceber quando foi à casa de banho. Mal conseguia andar ou manter-se em pé. Depois, explicou que tinha um cancro do intestino, grau 4, inoperável. Começou a quimioterapia no Natal, não perdeu o cabelo, mas perdeu toda a energia e apetite. 

Do meu lado direito, estava um senhor, que já costumo ver por lá, e também aproveitou para reclamar do hospital de Lamego. 

Assim passámos o tempo. Fui tentando motivar a senhora do lado, já que estava no início. 

Vim para casa a fazer xixi cor de rosa/laranja. Efetivamente, aquilo tem um cheiro muito estranho, mas se bebermos muita água já não cheira. 

Nessa noite, fiquei com o jantar um pouco embrulhado. Não tive vómitos ou diarreia, só mesmo alguma dificuldade em fazer a digestão. O que me custa são os calores que vou tendo (fruto da menopausa falsa provocada pela quimioterapia) porque me acordam e depois tenho dificuldade em adormecer. 

Mantenho o cansaço e é mais intenso. Treinei nos dois dias seguintes à quimioterapia. Por outro lado, sinto que já não tenho o formigueiro nos dedos das mãos. Nos pés nunca senti. Na quarta, fiz também um direto com o PT Hugo sobre o trabalho que ele desenvolve com sobreviventes de cancro de mama. Pensei que não fosse conseguir devido à fadiga, mas correu muito bem. 

Ontem, quinta-feira foi o aniversário da minha princesa. Foi um dia desafiante. Estava exausta, havia muito barulho aqui em casa, muita gente… só aguentei mesmo por ela. Por ela, tudo. 




Hoje, sexta, foi o dia de iniciar a toma das tais injeções. Como a quimio vermelha baixa muito a nossa imunidade, é fundamental estimular a produção de glóbulos brancos rapidamente. Vou tomar uma injeção todos os dias até à próxima sessão de quimioterapia. É para aplicar na barriga e é a minha mãe que ma administra. Já foi assim quando fui operada. 


Disseram-me que a aplicação era dolorosa e que pareciam vidros a entrar. Passei o dia todo a pensar nisso e só quis tomar a injeção no final do dia, com receio da dor. Não me doeu absolutamente nada. Também pode ter sido da camadinha adiposa que tenho sobre a barriga… 

A minha vizinha de cadeirão também me disse teve fortes dores nos ossos. Para já, não sinto nada, mas pelo sim pelo não vou tomar um paracetamol. Se puder evitar dores, vou evitar. 

Para já, é isto. Estou sempre cansada, nem sequer me apetece beber água, tenho muita falta de energia e uma má disposição digestiva constante. E acho que também já estou a comer bem menos. Valha-nos isso, a ver se perco os kilos que não me pertencem. 

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