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11.5.16

Ela já foi uma coelhinha da Playboy e tinha um corpo perfeito.


Aos 30 anos e 2 filhos depois, está mais gordinha, flácida e com estrias na barriga. O que ela escreveu no passado Dia da Mãe a propósito da imagem da direita é a perfeita legenda.

Vejam o que os meus dois bebés fizeram... Fizeram-me feliz. 

Ganhou a minha admiração porque valorizou o que é realmente mais importante. E teve a coragem de o partilhar com o mundo. Acredito que deu alento a muitas mães que não se estão a sentir muito felizes com o seu corpo.



6.5.16

O regresso ao ginásio

Dois anos e meio depois, regresso ao ginásio.
Antes de engravidar fazia exercício com regularidade: alternava entre yoga, pilates, spinning, musculação, ginástica localizada... Não sou uma pessoa particularmente activa, por isso mexer-me foi sempre algo que fiz com sacrifício. Eu forçava-me a ir para ser o mais saudável possível. Mesmo antes de engravidar, estava a entrar naquela fase do vício. Eu precisava de ir ao ginásio e já estava perfeitamente incluído nas minhas rotinas.
Quando engravidei, sentia-me tão cansada, tão sonolenta, que estava mesmo a ponderar abandonar o ginásio. O obstetra decidiu que era melhor eu parar mesmo com o exercício, tendo em conta que eu tinha 35 anos e era melhor não correr quaisquer riscos. Acedi com satisfação, mas com a promessa de regressar ao ginásio após o parto.
Nestes dois anos após o nascimento da minha filha, fiz várias tentativas de retomar a actividade física. Não tive grandes problemas em perder o peso ganho durante a gravidez, mas este ia flutuando bastante. Foi um período muito difícil. Comecei a trabalhar 1 mês e meio depois do parto, mas fiquei com a minha filha em casa. A prioridade era ela, depois vinha o trabalho e, por fim, eu. A minha alimentação ficou muito afectada, dado que era mais prático comer congelados ou encomendar qualquer coisa. O descanso era muito pouco. Só agora é que a minha filha consegue dormir melhor e, portanto, vi-me e vejo-me privada do sono diariamente. No meu caso, isto faz-me engordar. Com esta roda-viva e cansaço permanentes não me apetecia nada treinar. Bem que tentei... mas era difícil incluir este tempo no meu dia. Mesmo tendo muitos equipamentos em casa, a disposição não ajudava. Depois de uma noite sem descanso e um dia de trabalho, só me apetecia estar com a minha filha. Esta foi a minha decisão e não me arrependo dela. Mais uma vez, ela estava em primeiro lugar e acho que é aí que os nossos filhos têm de estar, sobretudo nos seus primeiros anos. É um investimento para todos.
Acabadinha de fazer dois anos e cada vez mais autónoma, a minha filha também já tem sonos mais prolongados e eu consigo descansar melhor. Senti que, agora, era a hora de eu dedicar mais tempo a mim, também para que todos possamos ganhar com isso. Esta semana, inscrevi-me num ginásio. Levei um plano de treino que um PT elaborou para mim. Esse PT também definiu importantes aspectos alimentares que, em conjugação com o treino, vai ajudar-me a ter uma melhor condição física. Estou super dorida. Apesar do meu objectivo não ser perder peso, porque o meu peso está como antes de engravidar, o meu corpo está flácido. As dores que sinto no corpo ao fim de dois treinos mostram bem como estou fora de forma. Hoje farei o 3º treino da semana.
Espero continuar com esta motivação para cuidar de mim, de nós. A aparência não é tudo, mas a saúde é. Precisamos de ter energia para cuidar dos nossos filhos. Precisamos de saúde para os acompanharmos ao longo da vida.


18.4.16

O impacto da morte fetal ou neonatal nos homens

A Ana Filipa contactou-me para divulgar a investigação que está conduzir sobre o impacto da morte fetal ou neonatal nos homens, mas considerando a perspectiva de ambos os membros do casal.

Através deste blogue, mas também da minha rede pessoal de amigos, pude perceber todo o sofrimento que estas perdas trazem e o quanto podem afastar ou unir o casal. Não se fala muito nisto e quase todos sofrem em silêncio na esperança que a dor desapareça. E não desaparece. 

Queria pedir a todos os que passaram pela morte de um filho durante a gravidez ou nos primeiros 28 dias de vida que participem neste estudo. Toda a informação recolhida é anónima. Vamos ajudar a desmistificar dores. Vamos ajudar quem nos quer ajudar melhor. 

As informações serão recolhidas através de questionários disponíveis online,  que podem encontrar nos links seguintes: 
https://ana308.typeform.com/to/OXx39a (versão feminina) 
https://ana308.typeform.com/to/WV9NWC(versão masculina).

Grata!

7.4.16

Os blogues e os grupos de mães

Criei este blogue no dia em que soube que ia ser mãe. Precisei de escrever sobre o turbilhão de emoções que estava a sentir nesse dia e nos outros dias que se seguiram. Tinha tempo para isso.
A minha filha nasceu e tudo mudou. O tempo para o blogue também. Mudou também a minha perspectiva sobre tudo e, consequentemente, a minha opinião sobre muitos assuntos. Havia coisas que eu defendia e, depois de ser mãe, passei a defender o contrário. Também era muito crítica em ralação às mães e passei a ser muito mais tolerante com elas. Agora conseguia perceber melhor muitas atitudes. 
Descobri que havia grupos fechados no facebook para imensas coisas: amamentação, alimentação, sono, disciplina... Não percebia por que eram fechados, privados dos olhares exteriores. Hoje percebi. As mães não podem ter opiniões diferentes porque são logo atacadas pelas outras mães. Falando no respectivo grupo, em princípio, não haverá grandes críticas. Digo em princípio, porque, até aí, podem ser enxotadas para o grupo ao lado. Ai de alguém que pergunte sobre sopas no grupo da disciplina! Não sou muito activa em nenhum dos grupos que frequento, mas gosto muito de ler as opiniões e experiências das mães. É mesmo enriquecedora essa partilha. E agora percebo porque as mães se fecham ali. Não têm que ser julgadas publicamente por defenderem isto ou aquilo. Ali todas pensam da mesma forma e podem falar abertamente. 
Nunca tive medo de dizer o que penso é muito menos agora. Uma mãe disse-me uma vez que achava louvável eu falar abertamente sobre ser contra o aborto, porque a maioria das pessoas não o faz por não ser politicamente correcto. A sério? Há gente que só vai à minha página fazer like nos comentários de quem me critica. Ainda assim, andam por ali. São todos bem-vindos. 
Hoje partilhei na minha página do facebook um texto escrito por outro pai, em que ele descrevia a receita dada por uma "especialista do sono" para a filha voltar a dormir 12 horas por dia. Não critiquei os pais porque eu, melhor do que muita gente, consigo avaliar o que é estar privado do sono por causa de um bebé. Sei que os pais procuram fazer o melhor para os seus filhos, mesmo quando não o fazem. E isto aplica-se a qualquer um de nós. Eu não sou excepção. Mas tenho uma opinião e disse que o que essa especialista do sono disse eram só disparates. Logo houve pessoas (2) que aproveitaram para dizer que eu era daquelas mães generalas que sabem tudo e criticam tudo. Eu critico é quem é assim, mas ok. Quem quiser ficar, seja bem-vindo, quem quiser ir para o blogue ao lado, faça favor. 

Isto é o que eu defendo, para que não haja mais dúvidas. Escusam de andar por aqui enganados: 

- contra o aborto. Com as devidas excepções que sempre estiveram previstas na lei, claro. 
- a favor da adopção por casais homossexuais, bissexuais, panssexuais, pretos, brancos, amarelos. O que importa é que haja amor e que amem a criança.
- a favor da amamentação até que o bebé queira. É verdade, eu não amamentei e só tive leite 2 meses. Muitos erros, muito cansaço, pouca orientação.)
- a favor da amamentação onde e quando o bebé quiser. Se uma mulher estiver com um grande decote está tudo bem e é bonito de se ver, se é uma mãe a alimentar o seu filho tem que se tapar ou ir para o carro?? 
- a favor do colo. Sempre. O contacto físico do bebé com a mãe ou pai é fundamental. A minha não me saiu do colo até aos 6/7 meses. A partir daí foi para os avós. Hoje, sempre que quer, aqui está o colinho para ela. 
- a favor do co-sleeping seguro, ou seja, o bebé dormir ao lado da mãe, num berço próprio para o efeito.
- contra a passagem prematura do bebé para o seu quarto. Não quero imaginar como um bebé se vai sentir ali, sozinho...
- a favor de tempo para os pais estarem com os filhos. Todo o tempo é pouco. E eles adoram estar connosco. Mas estar mesmo, a brincar, jogar, ler um livro...
- a favor de liberdade para as crianças, sem demasiadas preocupações com arrumações. No final, trata-se do assunto e arruma-se tudo. 
- a favor de um sono sem lágrimas. Travei grandes batalhas contra o sono intermitente da minha filha, mas ela nunca chorou. Ela é a prioridade. É complicado gerir o cansaço quando se trabalha a tempo inteiro, mas tudo se aguenta e é importante respeitar os ritmos de cada bebé.
- contra treinos de sono em bebés, com receitas iguais para todos. 
- a favor de uma disciplina positiva. Nada de berros e castigos (às vezes lá vai um berro, que a paciência também tem limites...). Um abraço e beijinhos são o melhor antídoto para as birras.
- a favor da prioridade ser a criança. Quanto a isto não há dúvidas. Muito li sobre a criança ter de se adaptar à vida que os pais já tinham. Nesse caso, a minha filha teria que ir jantar fora quase todos os dias e ir todas as noites para o café. Dormiria por volta da meia-noite. Para mim, isso acabou. Eu é que me adaptei às necessidades e rotinas dela. E vou fazer isto até que ela precise. 
- a favor de animais a conviver com as crianças. Só lhes faz bem! 

E é isto. Se alguém tiver alguma dúvida sobre algum assunto, podem perguntar que eu digo o que penso. 

15.1.16


7.1.16

E quando levamos os filhos ao hospital sem motivo?

Tinha eu uns 11 anos quando soube o que era um hipocondríaco, pelas palavras de Júlio Dinis n'A Morgadinha dos Canaviais. Muitos anos mais tarde, não tive dúvidas em identificar-me com essa condição. Passei a minha gravidez a ver vídeos sobre partos (normais e cesarianas), doenças que surgem na gravidez, problemas, tudo o que pudesse surgir. Preferi ler sobre tudo isso do que ficar a pensar nesses assuntos sem informação. Tento, sempre que possível, ler artigos científicos e não me limitar ao Google, já que pode ser pior a emenda que o soneto.
Sempre tive algum receio que a minha filhota fosse vítima deste meu desvio, que eu ficasse obcecada com o seu bem-estar e saúde e que isso a prejudicasse mais do que ajudasse. Para minha surpresa, até hoje tenho sido bastante relaxada. Mantenho-me muito atenta a tudo, conheço bem a minha filha e facilmente detecto quando algo não está bem. E deixo os médicos tratarem dela, como tem de ser.
Nestes 20 meses de Maria Victória, pude pôr-me à prova algumas vezes e portei-me exemplarmente: constipação com 1 mês, eritema súbito, gatroenterite (com estadia no hospital) e herpangina e algumas situações mais corriqueiras menores. Valeu-me quase sempre a Saúde 24 para me ajudarem a avaliar cada situação e evitar idas desnecessárias à fábrica de bichezas perigosas, também conhecida por hospital.
Por outro lado, fui capaz de perder toda a compostura com um corte superficial no pé da princesa no último verão. Ela tinha passado a tarde nos avós e, quando fui buscá-la, começou a chorar e a apontar para o pé. Os avós disseram que ela tinha partido um parto, mas estava calçada quando isso aconteceu. Procuraram se havia algum vidro no pé, mas não viram nada. Tirei a sandália e vi na planta do pé, mesmo numa ruguinha, aquilo que me parecia um corte, com sangue. Ela percebeu a minha aflição e continuou a choramingar com mimo. Entrei em pânico e corri com ela para o hospital. Não lavei o pé, não avaliei a situação, corri para o hospital pois só achava que tinha algum vidro alojado no corte. Ela parou de chorar assim que entrou no carro. Quando lá chegámos, não era nada e o corte só estava na pele. Não havia vidro algum. Levei com os risos condescendentes das enfermeiras e não me livrei de um raspanete, com toda a razão. 
Acho que todos os pais têm tanto medo que as crias fiquem em perigo que fazem estes disparates sem sentido. 
Conheço casos tão engraçados quanto o meu. Uma amiga minha levou o filhote à urgência porque ele estava a tossir. Outra porque o bebé tinha o nariz entupido. Até podemos criticar, mas não conseguem entender a aflição? Acredito que, com a experiência, todos aprendemos a lidar com estas situações e a avaliar a gravidade das mesmas. E continuo a crer que a intuição de uma mãe vale por muitos exames. 

22.12.15

Embrulhar presentes em casa

Ideias giras para embrulhar os presentes em casa. Fáceis de fazer e vão arrancar sorrisos, certamente!

























1.12.15

A maternidade em cartoon

Line Severinsen (@kosogkaos) que já retratou a gravidez de forma muito engraçada, também cartoons sobre a maternidade. Muito bom!








26.11.15

A perda da Maria

Depois de 27 anos sem qualquer sinal, o alarme do relógio biológico da Maria (nome fictício) soou. Conversou com o F. e marcaram uma consulta pré-natal. Fez análises, exames, iniciou o ácido fólico e parou de tomar a pílula. 4 meses depois, surgiu o tão esperado teste positivo. A segunda risquinha era tão clarinha que nem parecia verdade, mas era mesmo positivo sem margem de dúvida! Nesse mesmo dia, tal foi a felicidade de F. que ele contou a novidade aos amigos mais próximos.

A primeira ecografia foi feita no dia 14 de Fevereiro. Estava tudo bem! Tinha 5mm e já puderam ver os batimentos cardíacos! Estes pais saíram do consultório envoltos em felicidade. Como é que um ser tão pequenino podia já ser tão amado?

Na ecografia seguinte, o bebé já teria 9 semanas, mas foi aí que o pesadelo começou. Assim que a médica começou a fazer a ecografia, a sua cara indicava que alguma coisa não estava bem. Na sua inocência, Maria nunca pensou que fosse o que realmente seria. Entretanto, ela diz “Infelizmente, tem uma gravidez não evolutiva…” Maria gelou! O bebé tinha parado de se desenvolver desde as 7 semanas, ou seja, uns dias depois da primeira ecografia. A Maria não teve qualquer indício de que alguma coisa não estivesse bem. Até notou a barriga a crescer… Ainda na consulta, conversaram sobre os próximos passos a dar e optaram por esperar uns dias para ver se o corpo da mãe fazia a expulsão. Caso isso não acontecesse, deveria ir ter com a médica ao hospital. Foi isso que acabou por acontecer. Esse dia foi muito difícil. Maria chorou muito, mas não acreditava que aquilo estava a acontecer. “Porquê a mim? Porque é que aquilo tinha acontecido? Será que fiz alguma coisa de mal? Seria eu a culpada?” Essas eram perguntas sem resposta.

Depois contar à família e amigos o que tinha acontecido, foi como se a dor se tivesse instalado. Deu entrada no hospital, fez a medicação para a expulsão, mas o bebé recusava-se a sair e mantinha-se agarradinho à sua mamã. Como não havia descolamento, deram a Maria a possibilidade de esperar até ao dia seguinte e ir tentando a medicação ou ir ao bloco fazer a curetagem. Maria foi ao bloco. F., que até então a tinha apoiado em todos os momentos, não a pôde acompanhar. Quando acordou, já no recobro, Maria sentia-se vazia e com uma dor enorme na alma. O seu bebé já não estava consigo! O que se seguiu foram muitas noites sem conseguir dormir e dias passados a chorar. Um sofrimento indescritível.

Quando fizeram a consulta de seguimento para ver se estava tudo bem com Maria, a médica já tinha o resultado da autópsia ao bebé, mas não havia nada de concreto. As dúvidas continuavam. As pessoas à sua volta diziam que mais valia assim do que nascer com problemas, que mais valia agora do que mais tarde, que ainda era nova e que podia tentar mais tarde. Estas palavras causaram-lhe muito sofrimento na altura, apesar de Maria saber que o faziam apenas na tentativa de a reconfortar pela sua perda. Parecia que ninguém entendia pelo que Maria estava a passar, evitava-se o assunto, era como se nada se tivesse passado.

Para fazer a catarse da sua dor, Maria optou por ler bastante sobre perda gestacional e contactou com muitas mamãs que já tinham passado pelo mesmo. Foi muito bom saber de histórias semelhantes e conhecer mães que conseguiram dar a volta por cima e continuar a tentar. Foi verdadeiramente inspirador.

Maria e F. não desistiram e, 4 meses mais tarde, tiveram o seu segundo teste de gravidez positivo. Desta vez, a felicidade foi mais contida e mantiveram a novidade escondida. Marcaram consulta para fazer a ecografia, mas uns dias antes Maria começou a perder sangue e foi ao hospital. A espera para ser atendida pareceu uma eternidade e, quando chegou a hora de fazer a ecografia, o seu mundo parou outra vez. Tinha sido um aborto espontâneo e o útero já estava limpo. Uma vez mais, não baixaram os braços e continuaram o seu caminho. Ficaram com indicação médica para que, assim que engravidasse novamente, fizesse medicação de prevenção com aspirina e Progeffik.

Apesar de tudo, esta história tem um final feliz. Um ano depois do primeiro teste positivo, a felicidade volta a repetir-se. Sempre com medo, cautela e ansiedade, Maria viveu, assim, uma gravidez tranquila e o seu bebé nasceu às 41 semanas. Como Maria diz: “Hoje tenho um filho na Terra e dois no Céu, e tenho a certeza de que estão sempre a olhar por nós.

Imagem: Pais & Filhos



23.11.15

A gravidez em cartoon


Line Severinsen (@kosogkaos) é ilustradora e mãe de 2 filhos. Presenteou-nos com retratos humorísticos, mas muito reais, do dia-a-dia difícil de uma grávida.














11.11.15

O Teste Positivo da Márcia

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A Márcia é uma menina.

A gravidez da Márcia não foi planeada e o seu teste positivo foi uma verdadeira surpresa. Apesar de a cada mês ter as evidências de não estar grávida, outros sinais estiveram sempre lá: o cansaço extremo, as dores no corpo, inchaço, a vontade de comer esparguete a meio da noite… Para além disso, havia os contraceptivos. Não podia ser! As semanas passavam, os sintomas mantinham-se e a Márcia, em jeito de desabafo, partilhou com a sogra a sua preocupação, sem imaginar que pudesse estar diante de uma gravidez. Mulher mais experiente e preocupada com o que podia estar a acontecer a estes dois miúdos, no dia seguinte passa para as mãos da Márcia um teste de gravidez e pede-lhe que o faça já.

7.11.15

Herpangina

Na noite de quarta para quinta, a Maria Victória estava muito agitada. Não dormiu bem. Chegou mesmo a chorar um pouco, e só sossegou com o meu colo. De manhã, senti-a um pouco febril. Fomos buscar o recém-adquirido termómetro digital, que mede a temperatura na testa e na orelhe, e não funcionava. É o que dá a tecnologia. Ela ia sair para os avós, então pedi-lhes que vissem a temperatura lá. Tinha mais de 38º. Pronto, começaram logo as preocupações. Ela alternava entre estados de choro e de brincadeira. O problema foi que não comeu nada o dia todo. Recusou tudo o que lhe era oferecido.

29.10.15

A cama de grades

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Já não sabe o que fazer à cama de grades do seu bebé?

Bem, poderá sempre emprestá-la ou dá-la a uma família que precise. Ou pode reutilizá-la. O que não vale é guardá-la na garagem, sem qualquer utilidade.

Haja criatividade!


16.10.15

O Teste Positivo da Rita

Conheci a Rita em Julho de 2014. Na altura, eu estava a promover um passatempo juntamente com uma clínica e o prémio era um teste de determinação do sexo do bebé. A Rita candidatou-se, como muitas outras, e foi a sorteada. Foi aí que se começou a desenrolar uma história linda, que eu já tive oportunidade de partilhar convosco. A Rita contou-me, então, que não estava grávida, mas que ansiava pelo seu teste positivo há 2 anos. Estava a fazer um tratamento de fertilidade e a vontade que tudo corresse bem era enorme. Ter ganho este prémio entre mulheres que estavam efectivamente grávidas tornou-se num óptimo presságio e, agora, eu era mais uma a torcer pelo teste positivo. Pedi-lhe que me mantivesse a par dos desenvolvimentos.

Um mês e tal mais tarde, recebi a tão esperada novidade da Rita. O teste era finalmente positivo. Foram 2 anos de um caminho tortuoso, dezenas de testes negativos, muitos exames, nem sempre agradáveis e com resultados muitas vezes desanimadores. O facto da Rita e o marido, João, estarem a ser acompanhados numa clínica da especialidade deu-lhes ânimo, o teste que ganharam no meu blogue deu um empurrãozinho e a grande vontade de serem pais fez o resto. Os ingredientes estavam misturados e o universo encarregou-se de colocar tudo no devido sítio.

Após o tratamento de fertilidade, tinham que esperar 14, 15 dias para fazer um teste e ver se realmente tinha resultado. Mas, como calhava a um fim-de-semana, ainda tiveram que aguardar um pouco mais. Uma espera angustiante para quem já tinha esperado tanto. A Rita tentou manter-se calma e jurou a si mesma não se desgastar com testes antes do beta-hcg e fez o marido prometer que também não a deixava fazer. Havia sintomas estranhos, típicos de gravidez, mas a Rita, provavelmente não se querendo iludir demasiado, achava que podiam ser restos das imensas injecções que tomou: um bolo que sabia a peixe, as dorzinhas de barriga e o sono que a fazia bocejar mais de 30 vezes (sim, chegou mesmo a contar!).

No dia da análise, apresentaram-se na clínica às 10:30. Mantiveram-se tranquilos, como sempre procuraram estar longo deste processo todo. O resultado só estaria pronto no final do dia. Foram para casa, mas a Rita contava que o período aparecesse entretanto. Tinha aquelas moinhas… Depois do almoço, o telefone da Rita toca e, aí sim, o seu estômago deu duas voltas. Do outro lado era o Dr. Sérgio e perguntou-lhe se estava bem-disposta. “Sim, claro que estou bem-disposta!” “Ah, então ainda tem mais um motivo para estar! Deu positivo! 564! Está gravidíssima!” Explicou-lhe os passos seguintes e combinaram a primeira ecografia. A Rita olhou para o João, que tinha vindo a correr para ouvir a chamada, e abraçaram-se. Sem sequer falarem, perceberam que toda a frustração, dor e angústia tinham passado naquele momento. Choraram juntos e finalmente foram capazes de verbalizar um “Conseguimos!”, olhando-se nos olhos. O irmão do João, que também estava em casa, juntou-se a eles e deram juntos um abraço muito emocionado.

Entretanto, era hora de assimilar tudo o que estava a acontecer, fizeram muitas festinhas na barriga e partilharam a boa nova com os pais, que também aguardavam pela boa nova.

O teste de determinação de sexo fetal revelou que o feijãozinho na barriga da Rita era um menino. Em Março de 2015, o Tiago nasceu e tornou a vida da Rita e do João incomensuravelmente mais feliz.

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7.10.15

A angústia da separação

Até por volta dos 12 meses, a Maria Victória foi um bebé extremamente fácil. Raramente chorava, estava sempre feliz e bem-disposta e era extremamente sociável. Agora, aos 17 meses, continua assim, mas chora. E chora, sobretudo, quando me afasto dela.

Eu já tinha lido que esta coisa da angústia da separação surge nos bebés entre os 7 e os 9 meses. Essa fase passou e eu fiquei muito descansada. Achava que já me tinha livrado de mais uma dificuldade. Dava-se bem com toda a gente, estranhos ou familiares, ia ao colo das pessoas, e passava muito tempo com os avós, sem reclamar. Ou seja, não havia qualquer angústia na minha ausência. Mas, pelos vistos, é normal isto acontecer em qualquer altura até aos 18 meses.

Quando, em Agosto, passei o mês inteiro, o dia inteiro, com ela, tudo mudou. Andava à minha procura pela casa, chamava por mim, evitava o colo de gente que não conhecia. Quando regressámos a Vila Real e voltou à sua rotina de passar o dia na casa dos avós, já nada era o mesmo. Não queria ir, chorava, não queria sair do meu colo. Mesmo em casa, chora se saio da divisão onde estamos. E agarra-se ao meu pescoço a chorar. Sempre acordou uma ou duas vezes por noite, mas rapidamente regressava ao sono. Agora, chora copiosamente. E quer estar no colo, mas quer que eu esteja de pé. Se me sento na cama ou na cadeira de baloiço com ela ao colo, chora e não pára. Este espectáculo 2 vezes por noite tem sido terrível.

Como é que eu sei que a minha filha está a passar pela fase da angústia da separação?

Essencialmente, porque ela cumpre todos estes requisitos:

- Não quer sair do meu colo: grita, chora ou reclama sempre que saio do seu campo de visão ou me afasto.

- Rejeita pessoas estranhas. Quanto mais se aproximam, tentando tocar-lhe ou dar-lhe um beijo, pior é. Fica com medo e chora.

- Não se sente bem em ambientes que não lhe são familiares. O caso mais flagrante é a creche.

- Tem dificuldade em adormecer e acorda com frequência durante a noite. Só acalma no meu colo.

- Medo do banho, da água... este é o mais recente sintoma.

Por que acontece?

A boa notícia é que acontece porque o desenvolvimento psíquico da criança está a decorrer de forma correcta. O bebé toma consciência de que é distinto da mãe e sofre com a separação. Como não tem a percepção de que vai voltar, acha que é a ausência da mãe é para sempre. Se não vê, não existe. Como não tem noção de tempo, 1 minuto só para a mãe ir à casa de banho pode parecer-lhe uma eternidade. Agora, sim, já compreendo o sentimento de abandono e por que chora mesmo quando me ouve. Deve ser mesmo terrível achar que a mamã não vai voltar.

Desta forma, o bebé também aprende a distinguir quem lhe é familiar de quem não é. Também não é menos comum, o bebé afastar pessoas que lhe são familiares e focar a sua atenção apenas na mãe. É importante que estas pessoas que gostam tando do bebé não se sintam mal por serem afastadas. Sobretudo, esta também não é uma fase pela qual todos os bebés tenham que passar desta forma tão angustiante.

O que se pode fazer para ajudar o bebé?

As angústias e medos fazem parte da vida e não devemos evitá-los e, sim, aceitá-los e superá-los. Por isso, a missão é enfrentar esta fase com coragem. Muita força, porque eu estou quase a perder a minha.

- Não deixar o bebé chorar sem lhe prestar atenção. Tranquilize-o. Dê-lhe colo. Eu faço sempre isso. Até estava com receio de estar a pecar por excesso. Fico feliz por poder continuar a confortar a minha menina.

- Não deixar o bebé sozinho por muito tempo ou num quarto escuro para que ele vença o medo do abandono. Credo! Até me dá arrepios de saber que há pais que fazem isto. Nunca seria capaz de fazer isto.

- Se chorar duranto o sono, não se deve tirar o bebé da cama, ou estaremos a alimentar um transtorno do sono. Neste caso, deve-se tranquilizar o bebé, falar com ele e tocar-lhe para que regresse ao sono. Aqui estou claramente a fazer a coisa errada. Pego na minha filhota ao colo sempre que ela acorda. Este é um exercício para pôr em prática já esta noite.

- Permitir que o bebé acompanhe a mãe. Sempre que é possível, levo a minha filha comigo. Adoro que me acompanhe.

- Brincar às escondidas. Além de divertir o bebé, vai ajudá-lo a perceber que as coisas e as pessoas não desaparecem ainda que não estejam no seu campo de visão. O mais engraçado é que sempre brincámos com ela às escondidas desde bebé pequenina. Esta brincadeira sozinha, pelos vistos, não evitou a angústica da minha filhota.

- É boa ideia explicar às pessoas que o bebé está a passar por uma fase de angústia e que não levem a mal algum comportamento que não era habitual. Essas pessoas devem aproximar-se lentamente, brincando, falando, mantendo-se perto da mãe. Nunca coloque o bebé no colo de um desconhecido contra a sua vontade. Eu tento explicar, até porque às vezes é um bocado constrangedor. Sempre falei as melhores coisas do comportamento da minha menina que é difícil entender algumas reacções.

- Exponha o bebé a outras pessoas, sempre no seu colo. Isso não é problema. Faço questão que ela conheça muita gente. Se estiver comigo, no meu colo, reage bem às pessoas. Se querem tocar-lhe, então a coisa é diferente.

- Se o bebé chora muito quando a mãe tem que sair para trabalhar, é importante que esse tempo de afastamento seja o mais curto possível, até que ele perceba que a mãe vai regressar. Férias ou viagens de trabalho são de evitar. Isso não é problema. Não me afasto da minha filha mais do que as horas necessárias para trabalhar.

- Se esta fase se prolongar apesar de todos os esforços, é bom que se contacte um pediatra. Também pode ser que o bebé sinta falta de carinho ou atenção por parte de quem o cuida quando não está com a mãe. Isto não se aplica a nós. Falta de afecto é coisa que não existe.

- Caso tenha plena confiança na pessoa que cuida do seu filho, tente telefonar para lá 10 minutos depois de o ter deixado. Provavelmente, a angústia já passou. Isto confirma-se. Sai de casa num pranto e minutos mais tarde já está entretida com a sua vida. Fico muito mais aliviada.

- Muitos bebés, em especial os mais velhos, começam a apegar-se a um objecto de transição, uma manta ou brinquedo, que os ajuda a superar esta angústia. Não notei nenhum objecto com predilecção especial. Gosta de todos os brinquedos, mas rapidamente perde o interesse e passa para outro.

- Despedir-se sempre do seu bebé, diga-lhe que a mãe vai, mas volta. Não desapareça de repente. Desde que comecei a fazer isto que as coisas têm sido mais fáceis. Sempre que a distraem para eu ir embora ou ma levam é pior. Faço questão de lhe dar um beijinho, dizer-lhe que gosto muito dela e digo adeus. Espero que me acene de volta e acho que começa a compreender.

- Nesta fase, não se devem alterar rotinas. Ou seja, não é o momento ideal de ir para a creche. Oops!! Foi exactamente o que fizemos. E, de facto, não está a correr muito bem. Estou um bocado perdida e é um work in progress.

Espero que este texto tenha ajudado mães cujos filhotes estão a passar por esta fase. A mim, que fiz a pesquisa, ajudou imenso. Caso tenham outras sugestões, por favor, deixem nos comentários.

http://www.mustela.pt
http://www.materna.com.ar
http://www.bebesymas.com

10.9.15

Como pentear o cabelo sem magoar

O meu cabelo tem vida própria. Quando tinha o cabelo muito comprido, era um castigo para o pentear. Bastava encostar-me um pouco na almofada e ficava com rastas. Nem imaginam como acordava! Perdia milhares de cabelos a tentar penteá-lo. Só com doses massivas de amaciador conseguia suavizá-lo um pouco.

A forma que eu arranjei de pentear o meu cabelo sem me descabelar toda foi com a Tangle Teezer. Comprei-a ainda grávida quando a vi numa farmácia. Sou um bocado impulsiva e comprei apenas porque achei a escova gira e pequenina e cabia facilmente na carteira. Adorei! Não magoa, não arranca cabelo, só me fazia falta um cabo.

A minha filhota herdou o meu cabelo. O dela ainda é encaracolado, mas temo que ficará como o meu: nem peixe, nem carne, assim um frisado esquisito. O dela é lindo, mas também fica logo cheio de nós. Pentear-lhe o cabelo é complicado. Experimentei a Tangle Teezer nela e é fantástico. Consigo pentear-lhe o cabelinho, sem a magoar, e ela até adora brinca com a escova.



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8.9.15

Sim, vivo para a minha filha. Qual é o problema?

Há uns dias chegou-me a informação que uma pessoa tinha dito que não queria ser como eu, que só vivia para a minha filha. Nunca me senti ofendida, até porque também me comparou com outra mãe que muito admiro.

Para pôr os pontos nos is, começo por dizer que a minha primeira prioridade na vida é a minha filha. E é-o desde o momento que soube que estava dentro da minha barriga. O sentimento de importância que ela tem na minha vida tem vindo a crescer exponencialmente: quando a comecei a sentir os seus movimentos, quando a barriga se tornou maior, quando nasceu, quando a acalmei junto ao meu peito, quando mamou, quando me apertou a mão, quando sorriu, quando, quando... o amor é maior do que ontem e os laços estreitam-se a cada segundo que passa. Qualquer mãe me entenderá. Quem não o é, poderá ter dificuldades em perceber isto.

É que isto de eu colocar a minha filha em primeiro lugar, não me impede de fazer outras coisas. Faço-as é menos. Dá para ver pelo número de posts no blog, que reduziu dramaticamente.

Eu sempre disse que entendia o que era ser mãe, porque era filha. A minha relação com a minha mãe é muito umbilical, e só reproduzo o que me foi ensinado. Eu escolhi ser mãe aos 35 anos porque já sabia que, a partir do momento que fosse mãe, tudo o resto poderia parar e ainda não estava preparada para largar o que tinha. A verdade é que hoje me arrependo de não ter sido mãe antes. Eu achava que estava ocupada a fazer coisas muito importantes, mas andei foi entretida, a perder tempo. Adiei a maternidade por nada!

Para aquelas meninas de trintas que me criticam por estar dedicada à minha família, pensem bem em quem andará mais feliz. Eu ou vocês? É que eu tenho o sono interrompido todas as noites desde há 2 anos, não saio para beber, não voltei a ir à discoteca, nunca mais consegui acabar um livro ou mesmo uma revista, não vejo TV em directo, vou ao cabeleireiro e à esteticista quando posso e ainda não consegui ir para o ginásio. Estou cansada, mas estou muito feliz. Na presença da minha filha, estou sempre a sorrir (sim, mesmo quando me acorda durante a noite!), já perdi todo o peso da gravidez graças à minha filhota, não leio nem vejo TV, mas aprendo todos os dias a ser uma pessoa melhor com a minha filha, e não sinto saudades nenhuma da noite.

Há muitos motivos que podem levar uma mulher a não querer ter filhos (homem errado, carreira, egoísmo, falta de instinto maternal...). Está tudo muito bem! Agora, não critiquem quem está no ninho com a sua cria e é muito feliz. É muito feio.

13.5.15

Semanas vs. Meses

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Antes de engravidar, confesso que me metia imensa confusão falarem-me em semanas de gestação. Não percebia nada. Nunca percebi, na verdade. Só fazendo a conversão para meses é que conseguia entender quanto faltava para o bebé nascer. Engravidei e a confusão manteve-se. Percebi que o limite eram as 40 semanas (nalguns casos mais!), mas traduzir as minhas semanas para quem me perguntava era sempre complicado. Então, passei a andar com esta imagem no telemóvel. Não para mim (porque a mim só me interessavam as semanas), mas para os outros. Para as grávidas interessam só interessam as semanas. O resto do mundo quer é saber dos meses. Aqui está tudo clarinho como a água.

4.5.15

A auto-estima

Com a maternidade vem, não raras vezes, a falta de auto-estima. O corpo transforma-se e as rotinas e as prioridades também. Aquela barriga enorme que antes se exibiu com orgulho dá lugar a uma pança vazia e flácida. A gordura que o corpo foi acumulando para alimentar bebé e mãe teima em não sair. As mamas agora vertem leite e lá se foi o imaginário sensual a que as associamos. A hora do banho é quando o bebé deixa. Muitas vezes, tem de se optar entre o banho, uma refeição a correr e uma sesta. Tudo isto (e a lista podia continuar) pode desencadear na mulher um decréscimo vertiginoso na sua auto-estima. Aconteceu comigo. Durante este ano que passou em que vivi a experiência mais tudo que alguma vez viverei, consegui descer até bem lá abaixo. Eu praticamente deixei de existir. É a culpa só foi minha. Prioridade nº 1 - a minha filha. Vivo em função dos seus horários e das suas necessidades. Não quero perder um minuto que seja dela. Quando está acordada estou com ela. Quando está a dormir fico a olhar para ela. Acabaram-se as depilações a laser, as massagens, as máscaras, o verniz gel, os livros, as revistas, as séries, a roupa... Como, durmo e respiro bebé. Prioridade nº 2 - o trabalho. 1 mês e meio depois do meu amor nascer, muito contrariada, regressei ao trabalho. Como o faço a partir de casa, pensei que fosse mais fácil. É um engano. Foi pior. E vieram ainda mais responsabilidades. Até aos 6 meses fiquei dia e noite com ela. Na alcofa ao meu lado, quando dormia. No meu colo quando estava acordada. Foram horas e horas ao computador: teclado numa mão, Maria Victória na outra. Inúmeras chamadas de conferência em que lhe ia dando um leitinho. Felizmente, ela foi sempre muito sossegada e os meus interlocutores até gostavam que ela os saudasse. E, pronto, acabaram-se as prioridades. Não havia mais nada para além disto. O marido, tal como eu própria, foi chutado para canto. Não há tempo para mais ninguém. Não saio de casa, não sei o que se passa no mundo, não quero saber. Pelo meio, apareceu uma ligeira depressão (provocada por agentes externos) que, aproveitando esta fragilidade, se instalou e agravou tudo. Ansiedade, pânico, insegurança, medo, tristeza. Já não era mais eu. A entrada em 2015 fez-me rever prioridades. Para alguma coisa tem que servir a chegada de um novo ano. Como é óbvio, mudanças deste género não se operam do dia 31 para o dia 1. Mas tomei a decisão de ir mudando. Ainda não consigo colocar nada nem ninguém acima da minha querida filhinha. Não sei sequer se quero. Mas tem que haver mais alguma coisa para além dela e do trabalho. Quero que ela tenha orgulho na mãe, a todos os níveis. Sei que devia estar a fazer isto por mim e não por ela, mas vou fazê-lo pelas duas. Vou ter de separar algum tempo para investir em mim. Pode ser para me embelezar, para me cultivar, para relaxar, para me fortalecer ou para não fazer nada. Acho que só assim serei uma melhor mãe para a minha filha e uma pessoa melhor para mim.

3.5.15

Ser mãe

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A construção de uma mãe começa quando ainda se é apenas filha. É no saber ser-se filha que se vai aprendendo a ser mãe, mesmo antes de se ser. Eu já entendia muito da maternidade só de ser filha da minha mãe. Esta relação umbilical, que não se consegue ter com mais ninguém, é uma aprendizagem que não tem preço e que não se ensina explicitamente. A minha mãe pensa que me ensinou muito, mas na verdade ensinou-me muito mais. E ensinou-me muito mais do que eu sei agora. Ensinou-me coisas que só saberei mais tarde. Sou mãe há pouco mais de um ano, mas já vejo em mim muito da minha mãe. Será difícil equivaler-me a ela, mas tenho sempre presente a minha mãe quando olho para a minha filha. O colo que lhe dou é igual ao colo que a minha mãe me dá. A minha mãe perdeu a sua mãe ainda muito jovem, quando eu tinha poucos meses. E eu sei a importância que essa avozinha, que eu não cheguei a conhecer, tinha para a minha mãe. Cresci a ouvir falar dela, da pessoa fantástica que era, das saudades que deixou a todos os que a conheceram e, sobretudo, à minha mãe. Influenciou-me de tal forma que a minha filha herdou o seu nome. Somos todas uma herança dessa Victória. Apesar de nem sempre estar de acordo com a minha mãe, no essencial somos a mesma pessoa. Gostava de conseguir ser para a minha filha tudo o que a minha mãe é para mim: o exemplo de pessoa generosa e dedicada aos outros, honesta e genuína, mãe extremosa e incansável. Um feliz dia, Mãe.