8.1.22

Ir mais além

Usar uma cadeira de rodas já é difícil, ainda mais se as dificuldades se apresentam no percurso que se quer fazer. Inexistência de rampas, poças de água, lama…

Hoje, no Hospital de Vila Real, valeu-nos a prontidão de uma bombeira que rapidamente de ofereceu para nos ajudar e a simpatia do segurança.

Os hospitais estão cheios de bombeiros que acompanham os seus doentes. A maioria está na sua vidinha, quase sempre à espera de recolher os doentes de volta. Ver uma miúda bombeira que também estava na sua vidinha, ter vindo ter connosco porque nos viu em dificuldades, soube mesmo bem. Acabámos por não precisar da sua ajuda, mas fiquei logo mais tranquila. 

Assim que entrámos no IPO e somos recebidos por um segurança tão simpático, prestável e acolhedor. Tem uma voz que transmite serenidade e ajuda efetivamente quem por lá passa. 

Foi estes dois exemplos de pessoas que podiam ser apenas competentes e desempenhar as funções para as quais estão a ser remunerados. No entanto, escolheram ir mais além e conseguiram tornar o dia de alguém muito melhor. 

6.1.22

Hoje fiquei muito emocionada com um post que li na página de uma amiga próxima, mas que vive longe, nos Estados Unidos. Ela partilhava o texto que a sua querida sogra (Mother-in-love) tinha escrito. Era uma despedida. 

Em Novembro foi diagnosticada com um cancro no pulmão e, pela localização, parecia muito complicado. Foi acompanhada e foram-lhe propostas algumas formas de tratamento. Recusou e vai deixar a natureza seguir o seu curso. Foi assim mesmo que ela disse.


Admiro quem aguenta tratamentos de forma estóica. O meu saudoso sogro lutou com forças que tinha e que não tinha para ver a neta crescer. Foram tratamentos consecutivos que iam adiando uma inevitabilidade. O preço de ver a neta nascer e crescer foi pago com muito sofrimento. Mas viu-a crescer, ela conheceu-o bem e sentiu o seu amor. 


Admiro igualmente quem recusa esses mesmos tratamentos e não alimenta esperanças vãs. Sinto que é uma forma de respeito por si própria, de aceitação dos desígnios da vida e de paz consigo mesmo. 


A única coisa certa que temos na vida é a morte. A morte é muito vista como uma perda, é associada a sofrimento, saudade, dor, ausência, no entanto, é apenas o fim de um ciclo natural que todos sabemos que vai chegar. Espero que haja reencontros e coisas muito boas do lado de lá.


Sinto que devemos viver a nossa vida em harmonia com o que somos, mas aceitando as decisões individuais de cada um. 

5.1.22

🤍

Há um ano recebemos a notícia de que o meu sogro, avô da Maria Victória tinha finalmente descansado. Foi uma dura luta, muito prolongada. Ele foi um verdadeiro exemplo do que o ser humano é capaz de aguentar. 

Tenho a certeza que a existência da sua Mimi foi um ânimo extra para continuar a lutar e foi um bálsamo rejuvenescedor nos dias mais tristes.

O Vovô faz falta, muita falta… mas a vida segue e tem de seguir. Ficam as memórias que faço questão de manter vivas para que a minha filha nunca se esqueça que era tão amada e que continua a ter no avô uma referência que não pode perder nunca. 



29.12.21

Ano novo

Seria bom que a cada novo ano que se inicia fizéssemos um reset a todos os problemas. Que em Janeiro nada de mau existisse. Não é assim que acontece. 


Os problemas do ano anterior, lamentavelmente, vão transportar-se para o ano seguinte. 


Muitas vezes, a vida põe os nossos sonhos em pausa e nessas alturas é preciso reavaliar e reajustar os sonhos.


Por isso, as resoluções para o novo ano devem ser feitas a cada dia. Cada novo dia é uma nova oportunidade para sermos felizes com o que temos, com quem temos.



27.12.21

Ceia de Natal 🎄

Fogão a dar o máximo na cozedura do polvo, batatas e couves. O bacalhau é grelhado, por isso foi feito na churrasqueira do jardim. 


Entretanto, chega uma broa recheada e precisava de ir um bocadinho ao forno. Potência máxima para tostar o queixo e… puf! Apagou-se tudo e não voltou a funcionar.


Felizmente, estava tudo já cozinhado e não estragou a ceia de Natal. O pior seria o almoço do dia seguinte. Não tínhamos como cozinhar o almoço. 


Custou-me muito mas, na manhã de Natal, tive que ligar ao Sr. Aquiles. Não só me atendeu o telefone como veio cá a casa bem antes do almoço para uma avaliação.


A peça problemática foi substituída e voltámos a ter almoço de Natal.


Destaco aqui o profissionalismo do Sr. Aquiles, mas sobretudo a sua boa vontade. Saiu da sua casa no dia de Natal e veio até à minha salvar o almoço de Natal.


Paguei-lhe o dobro do que me pediu, mas o que ele fez não teve preço. Terá sempre a minha total consideração. 



26.12.21

Quem mora no convento é que sabe o que lá vai dentro.

Há uns anos, enquanto conversava com outras mães que tinha conhecido há pouco tempo, contavam-me que havia outra mãe que deixava os filhos na escola até às 7. 


Aquilo não era apenas a constatação de um facto. Havia ali crítica e julgamento.


Eu também já ia lançada para começar a julgar a decisão daqueles pais, mas entretanto lembrei-me que não o podia fazer do alto do meu privilégio. 


Eu também sabia que era difícil conciliar a vida doméstica e profissional com a existência de filhos. Por que motivo iria eu julgar uma mãe que mantém os filhos seguros na escola enquanto, presumo eu, trata de outras coisas? Se a mim me custava só com uma, imagino com 3 ou 4 crianças!


O que mais ouvi naquele momento foi “Que não os tivesse feito!” “Ter filhos para os deixar o dia todo na escola?”


Claro que não é a situação ideal, mas só aquela família sabe as batalhas que enfrentam e o que resulta melhor para eles.


Deixemo-nos de críticas aos hábitos dos outros e às suas decisões. As críticas não ajudam ninguém. 


“Quem mora no convento é que sabe o que lá vai dentro.”