24.5.19

The act

Série excelente! Tão boa que até tinha receio da hora de a ver.
Aqui conta-se a história de uma mãe que dizia que a sua filha tinha leucemia, asma, distrofia muscular, idade mental de 7 anos, forçava-a a usar um tubo de alimentação e a mover-se em cadeira de rodas, entre outras coisas... era tudo mentira. Um caso clássico de síndrome de Munchausen que teve como desfecho o assassinato da mãe pela filha e pelo namorado desta (que conheceu online).
Não pensem que estou a contar-vos o final. A história é bastante conhecida e o crime aconteceu há apenas 4 anos, no entanto, ver a representação do que provavelmente se passou (apesar de também ser um pouco ficcionado) é estranho. Daí eu dizer que era sinistra a hora de ver a série. Queria ver, mas ver deixava-me mal disposta. Como é que uma mãe que gosta da sua filha lhe pode infligir tanto sofrimento desnecessário?
É uma série de apenas 8 episódios e com uma interpretação absolutamente espectacular da Patricia Arquette e da Joey King. Transformação física impressionante e representação notável.  Também gostei de matar saudades da Chloé Sévigny. Não deixem de ver!
Há também o documentário da HBO, Mommy Dead and Dearest, que vale a pena ver também.






21.5.19

O primeiro antibiótico

Com a necessidade crescente de colocar os filhos em infantários e creches cada vez mais cedo, muitos pais já estão, infelizmente, habituados a ter os filhos doentes. Não foi o nosso caso, graças a Deus. Nem gosto de falar muito nisto porque tenho medo que algo aconteça, mas a minha filha tem sido muito saudável. Tomar o primeiro antibiótico aos 5 anos é, nos dias de hoje, coisa rara. Em bebé só teve as viroses comuns, não teve problemas com dentes, não teve más reações a vacinas. O que tinha era fácil e brevemente resolvido com Ben-U-ron. Mas sempre tive consciência do quão abençoados somos. Isto é que é a verdadeira riqueza e privilégio: ter filhos saudáveis. 
Esta última madrugada disse-me que lhe doía o ouvido por dentro. A minha mãe que me viu ter várias otites em pequena, sempre me pedia para ver se lhe doíam os ouvidos. Aliás, eu lembro-me de algumas otites e do que doíam. À 1 da manhã, dei-lhe Nurofen para ver se aliviava. Aliviou mas não passou. Apliquei calor na zona. Não dormimos nada. Às 7, repeti a dose. E às 13. Aqui já tinha febre e não havia dúvidas de que era para visitar o pediatra. Eu não sou de entrar logo em pânico. Já percebi que os médicos também gostam de aguardar para poderem fazer um diagnóstico mais preciso e eu resolvi aguardar, controlando a dor e a febre. Claro que já não foi possível esperar as 8 horas de intervalo e foi mais cedo mesmo. Não aguentava vê-la em sofrimento.
Quando foi à pediatra já estava novamente com febre. Confirmou-se a otite, tomou mais Ben-U-ron e veio para casa com o primeiro antibiótico da sua vida. Não está habituada a tomar remédios e eu não estou habituada a dar-lhos. Não gosta dos sabores. E estas são as nossas preocupações. E há pais que...  nem quero pensar nisso. As crianças não deviam sofrer e os seus pais não deviam vê-los sofrer.
Enquanto aguardávamos pela pediatra, com dores e febre, mas sempre bem-disposta.


15.5.19

O teu filho porta-se pior contigo?

Não sei se passa o mesmo com os vossos filhos, mas a minha filha na minha presença é terrível. 
Vou buscá-la à escola todos os dias e arranja sempremaneira de me chatear. Quando a deixo nos avós é igual. Está muito bem e, quando chego, faz birra por isto ou por aquilo. Habitualmente, por nenhum motivo especial, mas desencadeia-se uma série de acontecimentos que me faz sentir muito desconfortável. Então, estava bem e eu chego e faz este circo? O mesmo se passa quando a levo comigo a algum lugar. Nunca a levava comigo ao cabeleireiro. Achava que era muito tempo para ela se manter sossegada e era natural que se aborrecesse. Mas a minha sogra já a tinha levado algumas vezes e era só elogios ao seu comportamento. Garantiu-me que podia levá-la porque ela ficava à espera, conversava, e passava-se bem o tempo. Levei-a. Foi um terror! Eu a lavar o cabelo e era vê-la a trepar por cima de tudo, qual macaco, a abrir tudo e a mexer em tudo. E eu que não podia sair dali, a gritar repetidamente para estar quieta. Que vergonha! Parecia que a miúda não tinha educação!
Aos que se revêem nesta descrição, fiquem descansados. Andei a ler uns artigos e, afinal, não estamos a ser más mães. Estamos a ser óptimas mães! 
Os miúdos confiam completamente nos pais, por isso sentem-se à vontade para serem eles próprios, de todas as maneiras possíveis. E esta confiança não se estende a todos os adultos porque o nível de intimidade com os pais é muitíssimo superior. 
Ora, quando a criança está com outras pessoas, a tendência é comportar-se melhor porque está a reprimir certas emoções, particularmente as mais fortes, como a raiva ou a frustração. Ou seja, vão guardá-las para as libertarem quando nós chegamos. 
Por isso, para a próxima vez que nos disserem que os nossos filhos se portam muito melhor quando não estamos presentes, já podemos responder que é porque não se sentem à vontade o suficiente para serem eles próprios. E esta?
https://drive.google.com/uc?export=view&id=1b1YlRfsy06qitT9DTk8m6koIR0ujRaox

3.5.19

Ipsis verbis

Esta conversa, iniciada pela minha filha de 5 anos, não me deixa pensar noutra coisa desde há uns dias.

- Mamã, quando for adulta não vou viver nesta casa, pois não?
- Podes viver nesta casa ou noutra casa. Depende devárias coisas.
- Não, eu quero viver noutra casa com os meus filhinhos, não quero viver aqui.
- E vais deixar-me sozinha nesta casa?
- Tu ficas com o papá e eu venho visitar-te.
- Mas eu queria que ficasses a viver comigo. Ou eu contigo, para te ajudar com os teus filhos.
- Mamã, quando eu for adulta, vou ser mesmo adulta.Não vou precisar de ajuda. 
- E quem vai viver contigo na tua casa?
- Vivo eu, os meus 7 filhinhos e o meu marido. Ainda não escolhi o meu marido, depois escolho.
- E podes deixar-me um filhinho teu cá em casa,de vez em quando?
- Posso, claro! Um ou dois. 

(Uma hora depois...)

- de certeza que não queres viver comigo quando fores adulta?
- naaaaaão!

Entretanto, como ainda estou em estado de choque com esta decisão, continuo a perguntar-lhe se quer realmente sair de casa para formar a sua própria família. Está de pedra e cal na decisão. Entretanto, os 7 filhos já passaram para 8 e também já me disse que me deixa em casa de todos os 8 filhos, em vez de apenas 2.

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1R_r_ZaoGRtOanBbRZELBDETrwngDIDhe

30.4.19

Lutamos juntos pela Carlota

Doenças infantis são um assunto que me deixa sem chão. 
Quando na semana passada soube que a filha de 4 anos de alguém que eu conheço pessoalmente tinha um problema oncológico grave, fiquei mesmo em estado de choque... Parece que é daquelas coisas que nunca nos acontece ou a quem está perto de nós, mas é mentira. Anda por aí e afecta também crianças! É uma crueldade, uma injustiça e dói-me imenso imaginar como pode um ser tão pequenino já sofrer tanto.
Depois, pensei naqueles pais. Não sei o que dizer. O que se diz aos pais num momento como este?! Recuso-me a imaginar sequer o que estarão a passar.
E a Carlota e a família não precisam da nossa pena. Eles só precisam da nossa boa energia, da nossa luz para ajudarem a sua princesa a vencer esta dura batalha. A Carlota tem uma página no Facebook - Lutamos Juntos pela Carlota - e lá podem acompanhar as vitórias diárias desta princesa guerreira e também iniciativas que promovem uma corrente de boas energias à volta desta família. 

24.4.19

As mães (e os pais) mentem

Ainda eu estava grávida da Maria Victória e já um grande amigo do outro lado do Atlântico, pai de uma menina de 2 anos, me avisava: "Você ainda não sabe, mas as outras mães vão-te mentir." E eu, ingénua, perguntava: "Mentir? Porquê? Sobre o quê?" "Sobre tudo e para se sentirem melhor", dizia ele.
Rapidamente pude constatar que era mesmo assim. Os pais mentem e acreditam piamente nas suas próprias mentiras. Tanto, que essas mentiras até passam a ser verdades para eles.
Os pais adoram os seus filhos e projectam neles todos os seus desejos e até frustrações. Os filhos são as nossas versões melhoradas e têm que ser bons a tudo. São os mais pesados, os mais compridos, fazem mais cocó, bebem mais leite... no primeiro ano. Depois, são os primeiros a andar e a falar e a cantar e a eu sei lá mais o quê... Só que muitos não! E aí começam as frustrações dos pais. Os miúdos estão-se bem a marimbar para percentis e pódios. Os miúdos querem é aprender o mundo e ser felizes naquele momento. Já os pais querem ter material para gabar o seu rebento. E quando falta esse material, toca a mentir. Há aspectos que é difícil esconder, como o andar e o falar. O que eu noto é que as temáticas sensíveis são as fraldas, a alimentação e a chupeta ou o biberão.
Como blogger até não sou muito atacada, mas já dei por mim a pensar se devia falar disto ou daquilo porque depois sei que vai aparecer um chorrilho de mentiras e de situações completamente fora da realidade.
Fraldas. "O meu filho deixou a fralda de dia e de noite em dois dias. Tem 2 anos." Qualquer outra mãe que oiça isto vai achar que o seu filho tem algum problema porque ele tem 2 anos e não controla os esfíncteres. Aliás, já tem quase 3 e ainda usa fralda e começa a sentir-se pressionada porque o seu filho deve ser o único a usar fralda. E certamente fez alguma coisa errada, é uma má mãe. E começam também as pressões com a criança em casa e isso só vai atrasar o processo do desfralde. O que a primeira mãe se esqueceu de falar é dos constantes acidentes que acontecem, da frustração que o filho sente de cada vez que há um acidente. Usa fralda? Sim. Controla sempre tudo? Não. Cada criança tem o seu tempo. Nada de pressões, nada de antecipações, nada de comparações.

O meu conselho às mães é que relativizem tudo o que ouvem e que se foquem nos seus filhos. Temos quenos orientar por etapas que devem atingir, claro, mas com cautela e sem pressão. É muito triste ver a pressão a que muitas crianças e até bebés estão sujeitos hoje em dia.

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1GRgsbaoUhGnCrssTxlaVfEMHnVMQKSyD

Imagem: Pinterest