24.11.22

Netflix: Bolívar

Ando sempre à procura de livros, séries ou filmes que me acrescentem qualquer coisa. Gosto particularmente de biografias porque acho que se aprende sempre muito com histórias de outras vidas.

Passei o verão completamente obcecada com a série da Netflix Bolívar. Série talvez não seja o nome mais adequado porque a história divide-se em 60 episódios de 1 hora cada e mantém-nos colados ao ecrã do início ao fim, tantos são os acontecimentos e enredos. Diria que é mais uma novela.

A série retrata a vida quase toda de Simon Bolívar e a sua influência na história da América do Sul do século XIX. Não só tem drama e romance mas também desvenda muitos pormenores históricos que me levaram a encetar inúmeras pesquisas paralelas.

Todo o elenco tem uma prestação excelente, mas há personagens simplesmente notáveis. A produção é exemplar e não mediu esforços para nos fazer viajar no tempo. As roupas, a caracterização, as casas, os objetos e decoração, as formas de transporte, a tecnologia da época, a forma de falar foram todos cuidadosamente recriados para serem o mais fiel possível à realidade.

Imperdível. 






22.11.22

Halal

Há uns tempos, fui jantar com colegas de trabalho do meu marido. Havia três ou quatro portugueses, um espanhol, um italiano e um marroquino. O pobre do marroquino comunica-se em inglês com os colegas porque poucos ou nenhuns saberão falar francês com ele. Muito menos árabe, naturalmente. 

Foi a minha oportunidade de desenferrujar a oralidade do francês. Há muito que só escrevo em francês e foi bom perceber que havia muito vocabulário que eu ainda me lembrava. É incrível como as palavras vão fluindo sem que pensemos nelas antes.


Fomos jantar a um restaurante cuja especialidade é leitão. Como muçulmano, fizeram-nos o favor de preparar bacalhau cozido, com legumes, batatas cozidas e ovo cozido. 


Achou estranho aquilo ser apenas cozido em água. Eles temperam muito as coisas antes de cozinharem. Nós temperamos depois.


Está cá em Portugal há pouco tempo e trouxe a família. 


Explicou-me que vai comprar um frigorífico maior para armazenar mais carne. E foi assim que começámos a falar de Halal. Halal refere-se aos comportamentos, formas de vestir e de falar e alimentos que são permitidos pela religião muçulmana. 


Para alimentar a família de carne, tem que comprar os animais nas quintas e sacrificá-los ele próprio, de acordo com as normas halal. Acreditam que os animais não devem ser sacrificados com stress. Então, o animal não é amarrado, mas sim deitado e virado para este. Devem ter uma lâmina muito bem afiada para que, num só golpe e no sítio certo, possam cortar o animal e o sangue correr. 


Apesar da descrição gráfica, acho que este método é mais razoável do que o sacrifício num matadouro ocidental. 

17.11.22

A minha experiência num colégio privado

Os colégios privados podem até ser fantásticos para as crianças, mas eu já trabalhei num que era um verdadeiro terror para os professores.

Apesar de não ter sido muito traumático para mim, tive colegas para quem foi e muito. Consegui passar o ano lectivo sem meter baixa, mas tenho a certeza de que a passagem por lá deixou marcas.

Só falo agora disto porque a instituição já fechou e eu trabalhei lá há mais de 15 anos. E também porque me apeteceu.

Vou só contar algumas peripécias para verem o calibre do sítio. 

- Sempre que o colégio precisava de contactar um professor dava um toque para o nosso telemóvel. Deveríamos ligar de volta. Caso não o fizéssemos e atendêssemos a chamada, ela seria cobrada. Éramos mesmo chamados para pagarmos a chamada. 

- As aulas eram todas dadas de porta aberta. Não raramente ouviam as nossas aulas, mas às escondidas.

- Não havia funcionários, os chamados contínuos. Durante as aulas, um professor ficava em cada piso numa secretária no corredor, para qualquer eventualidade. O bar também funcionava com professores. Sim, os professores serviam alunos e os colegas professores. Durante os intervalos, eram também os professores que vigiavam os recreios e casas de banho. Sim, os professores. Havia escalas para isso. Os professores perdiam o seu próprio intervalo para fazer vigilância. 

- Caso houvesse algum dano material durante a supervisão de algum professor, era o próprio professor que pagava. Aconteceu-me chegar à sala de determinada turma e uma lâmpada ter fundido assim que acendi as luzes. Fui firme e recusei-me a pagar. Não teve tanta sorte uma colega minha que, durante uma vigilância nas casas de banho femininas, viu uma fechadura estragada. Teve que a pagar. 

- Fui uma privilegiada porque nunca tive funções nos corredores, no recreio ou no bar. A mim puseram-me a dar aulas de Inglês ao 1.º Ciclo - de graça e nem sequer me contabilizaram o tempo de serviço. Aposto que os paizinhos pagavam o Inglês, eu é que nunca vi nada. 

- Então, que funcionários trabalhavam na escola? 

- Professores para toda as funções.

- 2 pessoas na secretaria (que também era reprografia).

- 1 pessoa cuja função não consigo definir, mas era pessoa que nos dava toques para o telemóvel e trabalhava imenso.

- 1 Psicóloga.

- 1 pessoa que se passeava por lá com a psicóloga, cujas funções também não consigo definir mas pelas razões opostas - nunca a vi a trabalhar.

- Pessoal da cozinha.

- Pessoal de limpeza. É certo que estava sempre tudo muito limpinho, mas nunca lá vi ninguém a limpar. Provavelmente, alguém limpava fora das horas de serviço. Acredito que houvesse alguém a limpar. 

- A direção do colégio também convidava (ou intimava, como preferirem) o corpo docente para vindima. Enoturismo forçado.

- As reuniões de departamento eram uma comédia negra. A auto-designada delegada de departamento mandava-nos ler uma obra cujo assunto teríamos que discutir na reunião seguinte. Também preparávamos um tema gramatical para ser debatido. Eu sentia-me na escola primária de novo, só que o professor era um aluno da pré… A senhora era muito ignorante e levava autênticos bailes de conhecimento. O pior é que refutava tudo, sem argumentos válidos. Perdia todo o nosso respeito. 

- As reuniões de grupo já iam pelo mesmo caminho. A delegada do meu grupo propôs, por sugestão do direção do colégio, aplicar-nos um teste de Inglês. Só lhe disse que não havia ninguém naquela escola capaz de me avaliar e não fiz teste algum. Outros colegas de outras disciplinas fizeram-no e passaram pela humilhação de ver os seus resultados divulgados.

- As melhores reuniões eram mesmo as do Pedagógico. Pareciam rajadas de metralhadoras a serem disparadas por todos os professores. Raros eram os que se safavam.

Havia tanto mais para falar… Aquele ano naquele colégio proporciona assunto sem fim. Tenho a certeza que ainda vou voltar a este tema. 

Até porque também tinha coisas boas.



15.11.22

I will always love you - Dolly Parton

Enquanto navegava no Facebook, soube que o sucesso da Whitney Houston 'I will always love you' foi na realidade escrito e gravado originalmente por Dolly Parton.

Escrito como um adeus ao seu parceiro de negócios e mentor Porter Wagoner, expressando a decisão de Parton de seguir uma carreira a solo, o single de música Country foi lançado em 1974. A canção foi um sucesso comercial para Parton, chegando duas vezes ao topo da Billboard Hot Country Songs: primeiro em Junho de 1974, depois novamente em Outubro de 1982, com uma regravação para a banda sonora de The Best Little Whorehouse no Texas.

Whitney Houston gravou um arranjo da canção para o filme The Bodyguard de 1992. A versão de Houston atingiu o número um no Billboard Hot 100 durante 14 semanas. Foi o primeiro single Diamante de Houston e o primeiro álbum Diamante. A canção foi um sucesso global, encabeçando os tops em quase todos os países. Com 20 milhões de cópias vendidas, tornou-se o single mais vendido de todos os tempos por uma artista solo feminina. Houston também ganhou o Grammy Award para Álbum do Ano em 1994.

Com esta versão, Dolly Parton ganhou 10 milhões de dólares em direitos de autor. Ela usou parte do dinheiro para investir num bairro historicamente negro no Tennessee, criando um escritório e utilizando-o para trazer emprego e economia para o bairro.

Fonte: Wikipedia


Troca de população Greco-Turca

Da série da Netflix "Um novo eu", aprendi que a Turquia e a Grécia trocaram de população em 1923.

Envolveu pelo menos 1,6 milhões de pessoas e os historiadores descreveram-na como uma forma legalizada de limpeza étnica mútua.

O intercâmbio da população Greco-Turca resultou do tratamento dado pelas forças armadas turcas e gregas às minorias cristãs e maiorias muçulmanas, respectivamente, na Ásia Menor durante a Guerra Greco-Turca (1919-1922) que se seguiu à autorização das Potências Aliadas de uma zona de ocupação grega no derrotado Império Otomano. Esta ocupação grega foi concebida para proteger as minorias cristãs restantes, que tinham sido massacradas repetidamente no Império Otomano antes e durante a Primeira Guerra Mundial. Mas, em vez disso, desencadeou mais massacres tanto destes cristãos como agora também de muçulmanos, uma vez que ambos os exércitos procuravam assegurar o seu domínio eliminando quaisquer habitantes cuja existência pudesse justificar fronteiras desfavoráveis. Isto continuou, agora em ambos os sentidos, num processo de limpeza étnica na Ásia Menor que tinha sido conduzido inicialmente pelo Estado otomano contra as suas minorias durante a Primeira Guerra Mundial.

O intercâmbio populacional, embora confuso e perigoso para muitos, foi executado com bastante rapidez por supervisores respeitados. Se o objectivo do intercâmbio era alcançar a homogeneidade étnico-nacional, então isto foi alcançado tanto pela Turquia como pela Grécia.

Os líderes da Grécia e da Turquia viram a homogeneização étnica resultante dos seus respectivos estados como positiva e estabilizadora, uma vez que ajudou a fortalecer a natureza de Estado-nação destes dois estados. No entanto, as deportações trouxeram desafios significativos: sociais, tais como ser retirado à força do próprio local de vida, e mais práticos, tais como abandonar uma empresa familiar bem desenvolvida. Os países também enfrentam outros desafios práticos: por exemplo, mesmo décadas mais tarde, poder-se-ia notar certas partes de Atenas, áreas residenciais que tinham sido rapidamente erguidas com um orçamento enquanto recebiam a população em fuga da Ásia Menor. Até hoje, a Grécia e a Turquia ainda têm propriedades, e mesmo aldeias que foram abandonadas desde a troca.

Fonte: Wikipedia e Netflix





In bocca al lupo

 Quando um colega suíço do cantão italiano me contactou e lhe disse que ia mudar de empresa, respondeu-me com um “in bocca al lupo”. Pelo contexto, percebi que me estava a desejar boa sorte e agradeci.

Mas a expressão era engraçada e resolvi pesquisar um pouco sobre ela.

Então, esta expressão idiomática é muito típica em italiano e surgiu para desejar boa sorte na caça. A tradução literal é “na boca do lobo” e a resposta que se dá é “Crepi al lupo”, ou seja “que o lobo morra”, ou simplesmente “Crepi”. 

E foi o que fiz, assim que aprendi mais sobre a expressão.