Vira e volta ouve-se esta frase. Habitualmente, está associada a quem criou alguém, muito embora não o tenha parido. Eu nunca duvidei disto, nunca duvidei do poder do amor. O que eu nunca imaginei foi que a minha experiência como mãe biológica me viesse provar isso mesmo.
A minha filha foi um bebé planeado e desejado. Apesar de não ter gostado muito de estar grávida, criou-se na gestação um vínculo muito especial entre nós. Depois, chegou a hora do parto e, na verdade, eu estava tão focada no meu parto, no meu momento, que poucas vezes me lembrei que ia sair dali com o meu maior amor. Nesse dia, o sentimento não foi de inundação de amor. Aquela cena típica de filme, quando colocam o bebé em cima da mãe e ela chora de emoção não aconteceu. Estava muito feliz, claro, mas a minha primeira preocupação foi colocá-la no meu peito para que parasse de chorar. E parou.
Depois, nas horas seguintes, era evitar incomodá-la ao máximo. Eu não tinha a mínima ideia do que lhe fazer. Estar no hospital foi muito conveniente porque tinha ajuda à distância de uma campainha. Quando viemos para casa, teria que ser eu. E assim foi. O amor estava lá desde a gravidez, mas o amor maior foi-se construindo à medida que eu cuidava dela. E não tenho dúvidas de que cresce exponencialmente. Amo-a mais hoje do que ontem. E amanhã vou amá-la mais ainda. Parir é mesmo apenas dor. Criar é mesmo só amor!
Gosto de chamar cria à minha filha. Primeiro porque não me esqueço da ligação umbilical que já tivemos (e ainda temos), porque fui eu que a fiz, que a criei, e depois porque ela é mesmo a minha cria, porque continuo a criá-la. É quem eu cuido mais e melhor.
A relação biológica é apenas um detalhe que não proporciona amor por si só. O amor está no dia-a-dia, nos banhos, nas trocas de fraldas, na alimentação, nos abraços e beijinhos, nos olhares, nos toques... Por isso, é que muitos filhos gostam mais das amas ou dos avós do que dos pais. Gostam de quem cuida deles.
Hoje sei que, por exemplo, acordar com a minha filha é incomparavelmente mais extraordinário do que foi o meu parto. Acordamos as duas a sorrir, a dar beijinhos, completamente enamoradas. Agora que eu já conheço o amor no seu expoente máximo, já consigo ver no tudo no parto e na gravidez como especial. Foi a minha filha que me mostrou isso. Sinto saudades de estar grávida da minha filha (não de estar grávida novamente), emociono-me com o meu parto (e não vi motivos para o fazer na altura) e até com os partos de outras, como o da Maria Luiza. Chorei, chorei, chorei...
Parir é dor, criar é muito amor!
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