30.4.20

O Dia do Trabalhador

Amanhã é o Dia do Trabalhador e vou celebrá-lo como desempregada. No dia 1 de Abril, fui chamada para uma conversa no Skype e em 30 segundos o assunto ficou despachado. “A pandemia de Covid-19 afectou imenso a nossa empresa e tivemos que tomar decisões difíceis para todos... blá, blá, blá... e, infelizmente, também te afectou e temos que te mandar embora.” 

A camisola que vesti durante 13 anos foi-me arrancada de forma fria e cruel. Compreendo que não tivessem trabalho para mim, mas não precisavam de me dispensar já. Já estava há 15 dias sem trabalho, ou seja, sem receber nada. Fui freelancer durante 13 anos e, como tal, se não trabalhasse não recebia. Recordo imensas situações de dedicação extrema. Atender chamadas de trabalho durante a minha lua de mel, trabalhar em situações inacreditáveis, trabalhar em pleno trabalho de parto, tirar apenas 1 mês de licença de maternidade, passar horas e horas diárias sentada a um computador para cumprir prazos, chamadas de conferência às 5 da manhã ou à meia-noite... Tudo isso foi feito porque eu quis, claro, tamanha era a minha fidelidade. 

Não quero entrar num discurso amargo e ressabiado. Ganhei muito nesta empresa. Ganhei experiência profissional, ganhei dinheiro, ganhei amizades verdadeiras e sei que ajudei muita gente. Também ganhei a certeza de que o mundo dos negócios é tramado. Há quem se venda por muito pouco e quem não hesite em espetar-te uma faca nas costas, quando menos esperas.

Estar sem emprego numa altura como esta é duplamente desafiante. Já não bastava ter 41 anos, ter um CV com data de 2008, viver em Trás-os-Montes e ter experiência profissional em Controlo de Qualidade e CX que aqui de nada me valem. Tinha que vir uma pandemia que me impede de procurar um trabalho em condições. É a cereja no topo do bolo. 

Apesar de tudo, não sou pessoa de deitar a toalha ao chão. Neste mês de desemprego, já desbravei muito caminho e não vou desistir. Sou uma pessoa positiva e sei que tudo há-de correr bem. 

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