27.6.20

Ipsis Verbis

No outro dia, o marido da minha mãe estava a tratar de uma das nossas portas de casa que dão para o jardim. São em madeira, têm muita exposição solar e, uma delas, já estava quase sem protecção nenhuma. Precisava de ser tratada urgentemente com verniz adequado. 
Eu estava no interior da casa sem saber o que se passava no jardim quando a Maria Victória se aproxima e me diz, em tom de queixa: “Mamã, preciso de te dizer uma coisa, mas tenho medo de te dizer.” Insisti que me podia contar tudo. “Mas é uma asneira e não quero dizer.” Blá blá blá... “O Aníbal está a fazer uma coisa à porta. É como se fosse estragar, mas é outra palavra.” Parei. Só me ocorria a palavra F*$3R. “Qual é a palavra, filha? Aliás, por que letra começa?” Estava com muito medo da resposta. E ela responde L. L? “Ok. L e que mais?” “L e depois I”. Pronto, descobri a charada! A asneira era LIXAR. O Aníbal estava a lixar a porta. 
Conclusão: ela não diz asneiras, mas conhece-as. Cá em casa, como é natural aqui pelo norte, podem ouvir-se algumas asneiras às vezes. Mas ela percebe o contexto e sabe que não pode repetir. E, pobrezinha, até achava que o lixar literal da porta era o vernáculo que vai ouvindo. 

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