2.12.22

“Eu quero uma aventura sexual casual, leve...”

Ainda estou incrédula com o que me aconteceu há pouco.


Ontem, um amigo querido foi identificado numa foto com um amigo e fiz like. Hoje de manhã, vi que esse amigo me tinha pedido amizade. Ele é mais velho, andava no meu liceu e entrámos para faculdades vizinhas, por isso, estávamos sempre a cruzar-nos, ainda que não nos conhecêssemos formalmente. Por esse motivo, apesar de já não o ver há uns 20 anos, não estranhei o pedido de amizade no Facebook e aceitei.


Hoje ao fim do dia, começa a mandar-me mensagens. 

“Tudo bem? O que é feito de ti? 

Até aqui, tudo normal. 

“Estás cada vez mais bonita e sensual.”


Isto já me pareceu estranho. Não acho muito normal fazer esse tipo de reparo à minha sensualidade, mas resolvi ignorar e não comentei.


Sem mais demoras, começa a dizer a distância da cidade onde mora até à cidade onde eu moro, que são só 20 minutos e se não quero ir tomar café com ele.


Respondo que não tenho tempo livre, insiste noutra data, e faço questão de lhe dizer que sou casada. Só mesmo para informar. E ele diz-me isto:

“Também tenho namorada.

Mas, pode haver espaço.

Por mim top.

Sem problema.

Não te vou arrancar nada.

Eu quero uma aventura sexual casual, leve.

Estás interessada?”


Claro que disse que não. E é aí que ele me pergunta se conheço alguém que esteja interessada. Mandei-o para o Tinder. 


Serei eu que sou muito antiquada, que vivo numa bolha ou sou muito naïf? Não percebo este tipo de abordagens. Ele viu que eu era casada, eu confirmei-lhe que era casada e, ainda assim, ele achou normal fazer-me tal convite. 


O mundo anda mesmo assim? 


30.11.22

A Very British Scandal

Mini-série britânica de 3 episódios. Os protagonistas são Paul Bettany e Claire Foy, mas continuo a ver a Rainha Isabel I jovem na cara dela. Talvez porque a história se passe no final dos anos 50 e início dos anos 60, por isso, a estética da época continua muito lá.  

A série retrata o casamento e divórcio dos Duques de Argyll. Sem entrar em muitos detalhes, o escândalo começa devido ao adultério de Margaret. Ambos eram conhecidos por serem adúlteros, porém, apenas os casos de Margaret foram expostos de forma irreparável para a sua vida.




Nunca estive tão gorda

A idade trouxe-me uma coisa boa: aceito-me e gosto muito mais de mim. Acho incrível como era insegura, olhando para trás. 

Estou mais segura, é certo, mas também tenho mais noção. Nunca estive tão gorda. Não sou baixa, isto distribui-se bem, mas cheguei a um ponto que me incomoda olhar para o meu reflexo no espelho.

Já tentei fazer dietas e exercício. Acabo por desistir por força das rotinas que se fazem impor ou porque não tenho assim tanta vontade. A verdade é que quem quer mesmo uma coisa arranja sempre tempo. E para fazer uma dieta equilibrada não é preciso tempo. É preciso fazer escolhas. 

Eu já perdi 12 kg no passado. Eu sei como perder peso de forma eficaz e duradoura. Deixei-me enredar pelo facilitismo, pela auto-comiseração, pela procrastinação. Desculpas, desculpas, desculpas.

Era só isto. Vim aqui queixar-me de mim própria. 

29.11.22

Puberdade precoce e a exposição a ecrãs

Costumam dizer-nos que o uso excessivo de tecnologia pode provocar obesidade, problemas no sono e depressão, mas ainda não se fala muito que também pode causar puberdade precoce.

Li uma pesquisa que revela que a exposição à luz azul dos telemóveis e tablets inibe o aumento dos níveis da hormona do sono, a melatonina, que prepara o corpo para o descanso e o sono. É que os níveis de melatonina são mais elevados durante a pré-puberdade do que na puberdade, e acredita-se que a melatonina atrase o início da puberdade. 

Nos últimos anos, alguns estudos reportaram um aumento do início da puberdade em meninas, sobretudo durante a pandemia de COVID. Ou seja, estão a associar a exposição à luz azul ao aumento de uso de ecrãs. 

Esta equipa pretende agora investigar o dano celular e efeitos inflamatórios detectados após uma longa exposição à luz azul, visto que isto pode ter impactos a longo prazo na saúde reprodutiva e fertilidade. 

24.11.22

Netflix: Bolívar

Ando sempre à procura de livros, séries ou filmes que me acrescentem qualquer coisa. Gosto particularmente de biografias porque acho que se aprende sempre muito com histórias de outras vidas.

Passei o verão completamente obcecada com a série da Netflix Bolívar. Série talvez não seja o nome mais adequado porque a história divide-se em 60 episódios de 1 hora cada e mantém-nos colados ao ecrã do início ao fim, tantos são os acontecimentos e enredos. Diria que é mais uma novela.

A série retrata a vida quase toda de Simon Bolívar e a sua influência na história da América do Sul do século XIX. Não só tem drama e romance mas também desvenda muitos pormenores históricos que me levaram a encetar inúmeras pesquisas paralelas.

Todo o elenco tem uma prestação excelente, mas há personagens simplesmente notáveis. A produção é exemplar e não mediu esforços para nos fazer viajar no tempo. As roupas, a caracterização, as casas, os objetos e decoração, as formas de transporte, a tecnologia da época, a forma de falar foram todos cuidadosamente recriados para serem o mais fiel possível à realidade.

Imperdível. 






22.11.22

Halal

Há uns tempos, fui jantar com colegas de trabalho do meu marido. Havia três ou quatro portugueses, um espanhol, um italiano e um marroquino. O pobre do marroquino comunica-se em inglês com os colegas porque poucos ou nenhuns saberão falar francês com ele. Muito menos árabe, naturalmente. 

Foi a minha oportunidade de desenferrujar a oralidade do francês. Há muito que só escrevo em francês e foi bom perceber que havia muito vocabulário que eu ainda me lembrava. É incrível como as palavras vão fluindo sem que pensemos nelas antes.


Fomos jantar a um restaurante cuja especialidade é leitão. Como muçulmano, fizeram-nos o favor de preparar bacalhau cozido, com legumes, batatas cozidas e ovo cozido. 


Achou estranho aquilo ser apenas cozido em água. Eles temperam muito as coisas antes de cozinharem. Nós temperamos depois.


Está cá em Portugal há pouco tempo e trouxe a família. 


Explicou-me que vai comprar um frigorífico maior para armazenar mais carne. E foi assim que começámos a falar de Halal. Halal refere-se aos comportamentos, formas de vestir e de falar e alimentos que são permitidos pela religião muçulmana. 


Para alimentar a família de carne, tem que comprar os animais nas quintas e sacrificá-los ele próprio, de acordo com as normas halal. Acreditam que os animais não devem ser sacrificados com stress. Então, o animal não é amarrado, mas sim deitado e virado para este. Devem ter uma lâmina muito bem afiada para que, num só golpe e no sítio certo, possam cortar o animal e o sangue correr. 


Apesar da descrição gráfica, acho que este método é mais razoável do que o sacrifício num matadouro ocidental.