9.6.17

A primeira aula de Ballet

Acho que as bailarinas fazem parte do imaginário de qualquer menina. Fizeram parte do meu, sem dúvida, mas o ballet clássico ainda não estava tão disseminado como hoje em dia. Ainda bem que hoje qualquer criança pode aceder sem grandes investimentos a um pedacinho de sonho.
A Maria Victória gosta de tutus, dança, diz mesmo que é uma bailarina e faz piruetas. Pensei que o ballet fosse a sua praia e tratei de inscrevê-la para uma aula experimental. Talvez até seja, mas a primeira aula foi um verdadeiro desastre.
Assim que chegou à escola já estava maravilhada com aquele universo! Estava cheia de meninas (e meninos) já equipadas com as suas sapatilhas e tutus e ela adorou! Estava mesmo entusiasmada e conversou com todas enquanto também se preparava.
Entretanto, a professora chegou e levou-a para dentro. Minutos depois, voltou para me dizer que estava muito admirada com o à vontade dela, que não era muito comum. Lá fui eu embora descansada.
Uns 10 minutos depois, ligam da escola a pedir que lá fosse. Fiquei super aflita e corri para lá, porque estava mesmo ao
lado. Estava a chorar e a chamar por
mim porque tinha medo da música. Medo da música da aula de Ballet! A professora pediu-me que visse de onde vinha o trauma, que o trabalhasse e só lá para Serembro deveríamos insistir para ver se tinha passado.
Ora, ela em casa ouve música todos os dias comigo e com o pai. Música alta! Ficamos na sala a dançar os 3 como tolinhos! É certo que está na sua casa, com os pais, mas não seria motivo para ficar aterrorizada com a música.
No entanto, há uns meses, ela foi a um aniversário num daqueles espaços de festas infantis. Depois de eu ter estado por lá mais de uma hora a vigiar, mandaram-me embora, garantindo-me que me ligavam se houvesse algum problema. Quando lá cheguei, ela tinha estado a chorar debaixo de uma mesa e queixava-se do rádio, tinha medo do rádio. No dia seguinte, teve outra festa no mesmo espaço. Andou muito bem, mas a mãe do
menino que fazia anos conseguiu explicar-me de que é que ela tinha medo. Antes de irem cantar os parabéns, ligam a música e umas luzes a simular uma discoteca. Foi isso! Foi disso que ela teve medo!
Na aula de Ballet, provavelmente a música estava no mesmo volume da festa de anos e o eco provocado por uma sala ampla e vazia deve ter sido o mesmo. Foi o catalizador do medo.
Tenho mesmo muita pena que ela tenha tido este problema. Mesmo depois da primeira aula, ela ainda exibia orgulhosa os selos que lhe deram.
Vamos ver se conseguimos superar este medo até Setembro para ver se temos bailarina.

6.6.17

A minha solução para a obstipação

Imagem: Pinterest
Ser mulher é lixado! Há uma série de maleitas que têm mais incidência no sexo feminino e eu já fui premiada com algumas. Uma delas é a obstipação. A minha mãe tem, eu tenho e a minha filha também tem. Porreiro, não é?

Os meus problemas de obstipação já vêm de muito longe, mas pioraram com a idade. Procurava soluções milagrosas e, sobretudo, rápidas, mas nunca tive um trânsito intestinal normal. Os laxantes e outras alternativas instantâneas não são saudáveis e podem até trazer outro tipo de problemas.
Na gravidez, outro facto de risco, a obstipação agravou-se e até ganhei hemorroidas como consequência. Eu tomava farelo, ameixas, Laevolac e, ainda assim, nada!

De novo, não fazia isto de forma regular, por isso não é possível esperar resultados. Simplesmente não vai resultar. A solução é bastante simples: seguir um estilo de vida e alimentação saudáveis. Parece complicado com os nossos ritmos de vida, não é? Pois, parece, mas não é. Assim que começamos a ver o nosso corpo a transformar-se já não temos vontade de regressar à “má vida”.
Eu já segui um estilo de vida muito saudável há uns anos e que me fez perder 10 kg. Durante uns 7 ou 8 anos mantive o peso e não havia sinais de obstipação. Não me custou nada, garanto-vos. Mas depois a vida mais desacelerada, mas mais ocupada, a gravidez e a criança trouxeram-me uma nova realidade. Eu simplesmente não tinha tempo para planear refeições, para beber água, para me exercitar, para cuidar de mim. As prioridades da minha vida mudaram todas: 1º filha, 2º trabalho para sustentar a filha, 3º o resto, 100º eu. Horas a fio sem comer, refeições hipercalóricas, medicação e pouco exercício trouxeram-me de volta os kgs que eu nunca quis e, necessariamente, a obstipação. E como bónus pedras na vesícula.

Até estava a lidar bem com os kgs a mais, mas não consegui aceitar a doença. A iminência de uma cirurgia, o risco de ter uma doença grave, as dores, a possibilidade da minha filha ficar sem mim fizeram-me tomar a decisão. Há mais ou menos dois meses que não toco em açúcar, comida processada, gorduras, refrigerantes, álcool …

A primeira coisa que o meu corpo fez foi desinchar. Depois começou a funcionar como devia.
A solução não é um medicamento xpto, não é aquela fruta esquisita que vem de um país tropical, não é o iogurte ou queijo cheio disto ou daquilo. É muito mais simples e provavelmente até existe no vosso frigorífico ou na mercearia mais próxima. Ah… e é muito mais barato.

Há um guia fantástico que ensina a lidar com a prisão deventre sem laxantes e essas tretas. Para além de uma barriga lisinha, vão conseguir viver mais e melhor. Está cheio de dicas boas e simples, acessíveis a todos.

27.5.17

Mudar de casa

Mudámos de casa há 3 semanas. De lá para cá tem sido uma loucura.
Já mudei muuuuitas vezes de casa. A maior parte delas quando andava na faculdade. Era apenas eu e meia dúzia de coisas. 8 anos, 1 criança, 2 gatos e 3 andares de uma casa cheia de tralhas é outro nível.
Foram dias a transportar coisas de lá para cá e, no dia D, uma empresa de mudanças foi tratar do mais pesado, com ajuda de uma grua. Os gatos esconderam-se durante todo o processo. A criança estava entusiasmada, mas notava-se a estranheza de ver os espaços a ficar vazios. Ao fim do dia, a tarefa terrível de levar os gatinhos para a nova morada. Nesse momento, reparei que me tinham empacotado também a caixinha transportadora e já tinha ido no camião. Só me restava uma que me tinham emprestado para levar os dois gatos e eles recusavam-se a estar no mesmo espaço. Uma foi na caixinha e o outro foi ao colo e solto no carro. Entre arranhadelas e uma fuga, chegaram a salvo à nova casa. Como ainda havia muita confusão e gente estranha na casa, eles ficaram num espaço sozinhos até estarmos só nós. Tinham água e comida, mas ficaram escondidos de tão assustados que estavam.
À noite, a minha filha pediu-me para ir para casa. Expliquei que esta era agora a nossa casa, mas nos dias seguintes ainda se mantinha tudo muito confuso. Se, até este dia, a preocupação era enfiar tudo o que era possível em caixas e sacos... agora, a preocupação era desfazermo-nos dessas mesmas caixas e sacos. Parecia que nunca mais acabavam. Os armários enormes começavam a ficar cheios, mas o chão dos quartos continuava apinhado. Eu arrumava e arrumava e não se via serviço nenhum.
Antes da mudança aproveitei para dar imensa roupa, sapatos, televisões... Durante as arrumações, foram mais 3 sacos. Acredito que nos próximos tempos consiga livrar-me de mais coisas. É um excelente exercício de desapego.
Os gatos, para minha surpresa, adaptaram-se muito bem. Refugiavam-se nos quartos onde tínhamos as nossas coisas e o nosso cheiro e, aos poucos, lá começaram a explorar a casa. Acho que já se sentem bem aqui.
A filhota agora gosta tanto da casa nova que nunca quer sair daqui. Tem sido um castigo... Tem espaço, tem jardim onde pode correr descalça, pode ser mais livre. Tem sido óptimo. E desde que aqui chegou que tem dormido toda a noite. Sim, ao fim de 3 anos consigo dormir uma noite inteira.
Eu tinha muitas, muitas reservas. Sair do centro da cidade e regressar a uma aldeia ao fim de tantos anos parecia assustador. Ir habitar uma casa com mais de 200 anos era esquisito. Não me conseguia esquecer de todas as pessoas que já teriam aqui vivido. Também para mim tem sido uma agradável surpresa. Sinto-me mesmo bem aqui. Tenho vizinhos porreiros e fomos muito bem acolhidos. Já me ofereceram ovos, cerejas, alfaces... E estou a literalmente 5 minutos do centro da cidade.
Espero que consigamos ser felizes aqui.

19.4.17

3 anos de Maria Victória

A Maria Victória fez 3 anos. Já não consigo perceber se passou depressa ou devagar. Foram 3 anos muito intensos, muito felizes, muito esgotantes, muito cheios de Maria Victória. A Maria Victória deixou de ser bebé, apesar de eu lhe chamar bebé e ela gostar de fingir que é um bebé. É uma delícia acordar com ela todos os dias, sempre bem-disposta e feliz. É um privilégio vê-la crescer com saúde, rodeada de gente que a ama,

Este ano, o aniversário calhou na segunda-feira depois da Páscoa. Apesar de andar tudo enjoado com as amêndoas da Páscoa, tinha que haver um bolinho para a princesa. A festa será mais para o fim do mês. No ano passado, o tema da sua festinha foi o Panda e não é que ela quer o Panda outra vez! Logo agora que já tenho tudo preparado para o Mickey e a Minnie virem dar-lhe os parabéns na festa... A solução foi fazer um bolinho simples, com o Panda, só para apagar as velas. Ela adorou tudo! Ela contenta-se com tão pouco e é tão feliz com quase nada... É perfeita!

13.4.17

Crises de vesícula - pior que o parto

Há cerca de 1 mês, depois do almoço, tive uma dor muito forte na zona do estômago. Quando digo forte, era mesmo forte. Tão forte que eu chorei, gritei e até rebolei no chão, na tentativa que passasse... Umas duas horas depois do início da dor, já no carro em direcção ao hospital, a dor passou. Da mesma forma inesperada que surgiu, foi embora. O meu marido, com a desculpa da minha ansiedade, achava que eram "nervos"... Enfim, só eu sabia o quanto doeu. Para mim, tinha-me rebentado qualquer coisa cá dentro.

Na semana passada, novamente sem qualquer outra indisposição que servisse de aviso, a dor voltou. Esperei que passasse, chorei, gritei e rebolei no chão outra vez. Esperei 3 horas que a dor passasse e não passou. Quando cheguei ao hospital, a dor já tinha tomado conta também das costas e mal conseguia andar. Análises ao sangue, urina e uma ecografia ditaram o diagnóstico: tinha a vesícula cheia, mas cheia de pedras. Tinha que ser removida. Não naquele dia, porque não estava inflamada, mas a papelada já está a andar para que aconteça.

Para uma pessoa ansiosa como eu, foi como ficar sem chão. Entendo que é uma cirgurgia simples, muito comum, mas é uma cirurgia, requer anestesia geral e naturalmente há riscos. O meu medo é pela minha pequenina... nunca, nunca dormiu sem mim, que seria dela se me perdesse?

Apesar do médico me ter dito para não ir ao google, era impossível não o fazer. Já vi imensas cirurgias, protocolos cirúrgicos, estudos, notícias, testemunhos... Já me sosseguei, já chorei, já entrei em pânico, já entreguei tudo nas mãos de Deus... Seja o que Ele quiser.

Nessas minhas pesquisas,e também pelo feedback que tive na minha página do facebook, achei muito estranho que tantas mulheres jovens já tivessem removido vesícula. Pois bem, ser mulher e ter estado grávida são factores de risco para a formação de cálculos biliares. Um estilo de vida pouco saudável e má alimentação também contribuem para isso.

No meu caso pessoal, há outros factores que podem ter agravado a situação. Passo muitas horas sem comer, quando como, como mal, fast food ou comida com muita gordura. Não como fruta e como poucos legumes. Dependendo dos dias, bebo mais ou menos água. Não faço exercício e trabalho sentada. No último ano, fiz um tratamento medicamentoso forte que pode ter deixado sequelas no meu fígado. A única coisa positiva é que não fumo, não bebo álcool, nem café. É urgente mudar todos estes hábitos péssimos. Os cálculos na vesícula não me aconteceram por acaso. Fui eu que os provoquei.

Logo depois desta crise, tive uma consulta de Medicina Tradicional Chinesa e conversámos sobre isto. O terapeuta confirmou-me que a remoção de um órgão nunca é favorável para o equilíbrio do corpo. Comecei, então, uma luta para salvar a minha vesícula. Se não funcionar, tenho sempre a cirurgia. Desta consulta, trouxe alguns trabalhos de casa: fitoterapia para ajudar a "limpar" o fígado, visualização da dissolução das pedras, exercício físico e yoga.

Depois, lembrei-me que o melhor Naturopata, Homeopata e Iridologista do país é amigo da família, o Dr. Abel Sousa Dias. Este sábado fui a uma consulta com ele e fiquei a saber mais umas coisinhas a meu respeito através de uma análise à minha íris. Foi-me feito um diagnóstico completo que confirmou uma série de maleitas que eu sentia. Relativamente aos cálculos, estes são de colesterol, logo são de mais fácil dissolução, mas tenho muito trabalho pela frente.

Dieta muito pobre em gorduras, com uma lista do que posso ou não comer. O mais estranho será implementar estas regras: 1,5 litros de água só da parte da manhã, fruta antes da refeição e legumes só cozidos ao valor. Ou seja, nada de sopa. Também não posso beber leite, apenas iogurtes sólidos. Não posso comer pão, apenas tostas. Para além disto, faço fitoterapia para a litíase vesicular. São dois frascos que sabem muito mal, mas até já me estou a habituar.

Estou a esforcar-me imenso para evitar ter outra crise ou inflamar a vesícula. Não quero mesmo a cirurgia e farei de tudo para a evitar. Espero que valha a pena e que consiga limpar toda a porcaria que meti dentro do meu corpo. Está na hora de me cuidar para que possa cuidar melhor da minha filhota.

10.4.17

Os nomes que já ninguém quer dar aos filhos

As modas aplicam-se a tudo e também aos nomes que damos aos nossos filhos. Acho que já todos demos conta que quando chamamos o nosso filho 3 ou 4 se viram para trás ao mesmo tempo. Se noutros países impera a criatividade, por cá gistamos todos do mesmo.

A minha filha chama-se Maria Victória. Victória era o nome da minha avó materna e sempre quis dar esse nome a uma filha minha. Quando há uns anos comecei a ver bebés com esse nome, percebi logo o que ia acontecer: uma avalancha. Há Victórias e Vitórias por todo o lado.

Eu chamo-me Mara. Em 1978, quando nasci, não havia Maras. Passei a vida a ver o meu nome mal escrito e mal pronunciado. Era Maria, Marta, Sara, Lara... mas Mara, não. Outro dia no dentista chamaram pela D. Maria e lá fui eu. Só quando já estava a meio do procedimento é que percebemos que eu não era a tal Maria. Por acaso não era, mas quase sempre sou. Sempre disse que nunca iria dar um nome esquisito a um filho. Se, por um lado, é bom sentirmo-nos únicos, por outro, eu só queria ter um nome normal, como as minhas amigas. E é sobre os nomes das minhas amigas que hoje falo. Esses nomes que hoje já ninguém dá aos filhos. Numa turma havia uns quantos com o mesmo nome. E hoje acontece o mesmo, mas os nomes são outros.

O que é feito destes nomes?
- Ana Isabel
- Ana Cristina (e outras combinações)
- Carla
- Sandra
- Sónia
- Susana
- Tânia
- Liliana
- Marisa
- Elisabete
- Anabela
- Paula
- Rui
- Nuno
- Paulo
- Bruno
- Carlos
- Ricardo
- Sérgio
- ... podem acrescentar nomes à lista

Era moda, também, termos 2 nomes. Eu sou Mara Cristiana. Giro, não é? Era preciso termos 2 nomes para que os nossos pais chamassem pelos 2 nomes para nos meterem medo. Hoje em dia, já não se pode traumatizar os meninos, por isso prescindiu-se do segundo nome. Eu, pelo sim, pelo não, resolvi dar 2 nomes à minha para impor respeitinho.

Eu acho que nos últimos anos houve uma grande tendência para nomes que eu chamo de "betos" (Constança, Bernardo e afins...). Hoje, a tendência é para os nomes vintage que são bem mais do meu agrado (Laura, Amélia, Emília...).

E depois temos os intemporais que nunca saíram dos tops e nunca saem de moda: Maria e João.

Seja qual for a nossa tendência, penso que todos nós dedicámos muito tempo a pensar e repensar no nome dos nossos filhos e foi com todo o carinho que os baptizámos.