14.12.19

Pitos de Santa Luzia

Santa Luzia foi uma menina nascida em Siracusa (283? – 304), filha de uma família nobre e abastada. O seu pai morreu cedo e foi educada pela mãe nos princípios da igreja católica, muito perseguida, ainda, naquele tempo. Quando a sua mãe foi acometida por uma doença grave, fez uma viagem com ela a Catânia, onde se venerava a Mártir Águeda, para pedir a sua intercessão. Durante o sono, Santa Luzia teve uma visão de Santa Águeda que a informou que a sua mãe se encontrava curada por força da sua fé. De regresso a casa, Santa Luzia pede à sua mãe que não a obrigue a casar e que se iria manter virgem, e dedicar à vida da Igreja Católica. Por vingança, o jovem a que estava prometida em casamento decide denunciá-la às autoridades por ter faltado à palavra para o casamento, e por ser cristã. Receosa por esta denúncia, e possíveis consequências, Santa Luzia decide distribuir a sua riqueza pelos pobres. Na altura, o Imperador de Roma era Diocleciano. Foi levada a tribunal e confessou a sua fé. A primeira sentença remete-a para um prostíbulo para garantir a perda da sua virgindade. Certo é que tal não aconteceu porque forças extraordinárias impediam que ela se movesse. De volta à prisão, são-lhe retirados os olhos com punhais. Para espanto de todos, no dia seguinte, os olhos estavam no seu local no corpo de Santa Luzia. O governador, furioso, ordenou que ela fosse regada com resinas inflamáveis e lhe ateassem fogo. Quando as chamas desapareceram, o seu corpo encontrava-se sem qualquer queimadura.

A fúria contra ela continuou e, num golpe final, é-lhe cortado o pescoço e desfalece. Há várias versões sobre estes episódios mas o que mais parece ter impressionado naquela época é o terem-lhe extraído os olhos. Por isso, na iconografia de Santa Luzia, esta surge sempre numa das mãos com um prato ou uma almofada com os dois olhos. Na outra mão, habitualmente uma palma. Assim Santa Luzia transformou-se na protetora dos olhos, da visão, e das suas doenças. Os seus restos mortais, relíquias, estiveram em Siracusa, foram para Constantinopla e fixaram-se em Veneza onde ainda hoje se podem venerar. O Cardeal Angelo Giuseppe Roncalli, depois Papa João XXIII, tendo sido Cardeal e Patriarca de Veneza, tinha por hábito recolher-se junto destas relíquias.

Quis o destino que uma moça de nome Maria Ermelinda Correia, século XIX?, natural de Vila Nova, fosse trabalhar para o Convento de Santa Clara, em Vila Real, em Trás-os-Montes. Acabaria por tomar o hábito daquela Casa depois de um noviciado atribulado a servir entre a cozinha e o atendimento a doentes que se acolhiam na área hospitalar do convento. Maria Ermelinda tinha um prazer, pecado, assumido que era a sua gulodice. O convento seria uma forma disciplinar de expiar esse prazer não aceite para quem iria assumir uma dedicação monástica. Conhecida que era essa vontade devoradora por doces, rapidamente foi proibida desse consumo e passou a ser vigiada, mesmo trabalhando na cozinha onde os produtos pareciam facilitadores. Habituada que estava já à vida do convento, começou a dedicar devoção a Santa Luzia, “orago dos cegos e padroeira das coisas da vista”, segundo Juvenal Cardápio. Nunca se soube da verdadeira razão da devoção a Santa Luzia. Ou pelo facto da Madre Abadessa sofrer de visão ou se por essa razão se ter lembrado da inspiração para a criação dos famosos “pitos” batizados de Santa Luzia.

Consta que Maria Ermelinda, e possivelmente inspirada no famoso Milagre das Rosas, invocando Santa Luzia, se lembrou de preparar os ditos doces associados a curas ou tratamentos para os olhos, habitualmente umas compressas com papas de linhaça. Estas compressas consistiam num quadrado de pano cru e, no centro, colocavam-se papas de linhaça. Para que este creme não vertesse dobravam-se as pontas de forma a obter um quadrado mais pequeno. Então, com esta inspiração vai rapidamente para a cozinha, sendo certo que tinha acesso a poucas mercadorias e não poderia dar nas vistas. Assim começa por preparar uma massa com farinha e água, bem amassada. Depois de estendida, corta-a em quadrados. De seguida prepara, num tacho, uma compota de abóbora, com aparas desta que tinham sobrado na cozinha e com apenas a sua ração de açúcar. Deixa reduzir e fica um creme espesso. Sobre os quadrados de massa coloca um pouco do doce e dobra as pontas exatamente como faria às compressas. O pano cru era a massa, as papas de linhaça o doce de abóbora. Depois vão ao forno e ficam uns quadrados como podem ver na foto. No caminho da cozinha para a sua cela, cruzou-se com a Madre Abadessa que lhe perguntou o que ela transportava e a noviça Maria Ermelinda terá respondido que eram papos de linhaça que no dia seguinte viriam para os tratamentos. Parece que continuou a fazer estes doces em pequenas quantidades, para satisfação da sua gulodice, mesmo depois de ter professado e se ter transformado na Irmã Imaculada de Jesus.

Começou, então, uma tradição em que as raparigas oferecem o “pito” aos rapazes no dia 13 de Dezembro, dia de Santa Luzia, na esperança de receberem a “gancha”, no dia de São Brás. Eu, como faço todos os anos, comprei os pitos para o meu marido. Aguardo a minha gancha de São Brás no dia 3 de Fevereiro.

 

Ipsis verbis

Ontem, a propósito de um episódio dos TOPS, eu conversava com a minha filha sobre a adopção. Neste caso, uma Flamingo tinha adoptado uma gatinha. Para criar uma família é só preciso AMOR. Entretanto, também lhe disse que eu e ela não éramos muito parecidas, no entanto tínhamos o coração igual. Ao que ela responde: “Mamã, o meu coração é um pouco diferente! É mais pequenino e tem purpurinas!” 🙈🙈😂😂

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1tZm_Yja3FF4s5leFgXRhwvBy3Ut-mEsD

13.12.19

Amigas de 5 anos

Hoje os miúdos do Jardim de Infância foram ao cinema ver o filme da Ovelha Choné. É grande acontecimento para a criançada. Vão todos juntos, a animação é outra. Pelos vistos, a minha filha e as amigas tinham combinado ir de vestido. Têm 5 anos e já se comportam como adolescentes. Foi um filme cá em casa. Hoje, o dia esteve diluviano e ela fez tanta questão de ir de perna ao léu que lá arranjei maneira de ir composta, quente e preparada para a chuva. Aqui em Trás-os-Montes a coisa é complicada. Chegada à escola, vai logo ter com as amigas e a Eva mostra-lhe o seu vestido. A minha tira o casaco e exibe o seu. A Francisca, surpreendida e desiludida, pergunta à minha filha por que não trouxe as calças aos quadrados. E ela não percebeu nada porque, afinal, tinham combinado usar vestido. A avó da Francisca entretanto esclareceu-me. Na casa dela também tinha sido complicado negociar calças com a menina, tendo em conta a intempérie. Então, resolveram dizer que as mães tinham combinado que as meninas levariam as calças aos quadrados. A Francisca aceitou, claro. Quem nunca mentiu aos filhos para conseguir fazer alguma coisa absolutamente razoável? Só tive pena de não ter tido a mesma ideia. 
https://drive.google.com/uc?export=view&id=1YsRFKlrsMGZDpKfOFX41lcDEThEd_JUD

12.12.19

Guarda-chuvas

Adoro guarda-chuvas na perspectiva do observador e não do utilizador. Gosto, compro e não uso. Não são práticos, é mais uma coisa para levar na mão a juntar à mala, a outros sacos e, agora, à criança. Por isso, sempre fui adepta da corrida e dos capuzes. Mas agora coincide que tenho vários casacos sem capuz e faz com que tenha de correr mais. Mas, como quase sempre tenho a criança comigo a corrida já não é tão imediata quando saio do carro. Tenho que sair, fechar a minha porta, contornar o carro, abrir a porta da criança, tentar tirá-la rapidamente (que nunca acontece), fechar porta e, então sim, correr. Perante isto, prefiro sair calmamente do carro, ocupar a mão com o guarda-chuva e não me molhar. O cerne da questão é quando regressamos ao carro. O guarda-chuva da criança fica no chão do banco dela (também é pequeno) e eu faço uma ginástica do caraças para, no final, me molhar toda na mesma. Abro a minha porta, enquanto entro no carro começo a fechar o dito cujo e depois fico sem saber onde o colocar. Molho-me toda na mesma. E ao carro. Colocar no lado do passageiro molha-me as pernas ao passar por cima de mim, deixar entre a minha porta e a minha perna esquerda molha-me a perna também. Para mim, a solução é continuar a não usar guarda-chuva. Molho-me menos!https://drive.google.com/uc?export=view&id=1kVP2K8ScThKJRLlNt8XlQEBOaUi9pCLs
Foto: Pinterest 

11.12.19

Verniz gel - dilemas de uma Mulher

Desde Setembro que não pinto as unhas com o tal gelinho ou verniz gel. Sentia que andava completamente escravizada pela ditadura das unhas. Não que me incomodassem as unhas arranjadas, pelo contrário. Mas era aquela coisa de ter que marcar, se deixava passar uns dias ficava com aquele aspecto horrível de unha a crescer por baixo. Cansei- me daquilo tudo. Durante o verão, não estava sempre por casa então ficava ainda mais complicado de arranjar tempo e disponibilidade da manicura para ir. Simplesmente arranquei aquele verniz todo sozinha. Com os dentes mesmo. As unhas ficaram uma merda  e cobri com um verniz da minha mãe. Eu já nem equipamento tinha em casa. Não tinha vernizes, limas ou mesmo removedor de verniz... Entretanto, falaram-me de um verniz semelhante ao verniz gel, mas para fazer em casa sem a luz UV. É um verniz normal e finaliza com outro que faz endurecer. Remove-se com removedor de verniz normal.
Promete ser milagroso, mas na verdade é muito semelhante aos normais. Também se estraga tudo se não estiver bem seco. Bom, comprei esses dois vernizes e tenho andado estes últimos meses a alternar entre unhas sem nada e com isto. As unhas ficaram fraquíssimas porque estão mais expostas do que com o verniz gel. Basta-me tomar banho para haver mais permeabilidade e lá se vai uma lasca de unha. Não é de verniz, é mesmo de unha. Estou farta de ter de pintar eu as unhas ou de andar sem verniz. Gosto de ver uma mão bem cuidada. Não propriamente aqueles trabalhos elaboradíssimos que fazem nas unhas. Artisticamente tem o seu valor, esteticamente é muito mau. Desculpem a quem usa, mas eu não gosto. Gosto de uma unha não muito comprida e nada de bonecada. Portanto, amanhã retomo a rotina. Consulta (pode dizer-se consulta para manicure?) marcada e deverei alinhar por uma das minhas cores de sempre: preto, bege leitoso ou vermelho... logo se vê. 

Duas?

A minha cara de parva quando abri a caixinha da ZARA e vejo que encomendei 2 unidades da mesma camisola. Não, não de vê a cara de parva, mas estava lá. Não havia problema algum porque podia ter trocado, aliás até troquei outra peça. Mas resolvi perguntar à minha querida afilhada se gostava dela e vou oferecer-lha. Só achei piada porque estava a fazer um unboxing e fui surpreendida pelo que eu própria disse.