Ontem fiz quimio. Excepcionalmente não foi à terça, por ser Carnaval, por isso fui lá ontem. Estava uma autêntica feira porque devem ter passado tudo o que era de terça-feira para segunda e quarta. Esperei mais do que o habitual para ser chamada para as análises. Fui colher as análises na sala dos tratamentos e foi o enfermeiro que habitualmente está comigo que me recebeu. Pela primeira vez, colheram-me o sangue para análise através do CTI. Fizeram a preparação habitual e aplicaram-me o cateter externo de onde retiraram o sangue. Depois, fiquei já com o cateter colocado para fazer a quimio à tarde e poupei mais um furo no braço.
4.3.25
Quimio 7/12
3.3.25
Amigas
28.2.25
Treinar durante a quimio
À sexta quimio veio o tal do cansaço que nos derruba. Nunca tinha sentido isto, embora já me sentisse cansada antes. Curiosamente, esta semana também treinei mais, por isso também tenho tido mais dores musculares do que o habitual.
Hoje de manhã, ajudei a preparar a minha mais que tudo para o desfile de Carnaval. Estava linda!
Depois, fui até ao Hospital de Dia porque me tinham ligado para fazer as análises hoje, já que farei a quimio na segunda-feira. Estava já a entrar na sala das análises quando chega uma enfermeira a dizer-me que não poderia fazer as análises hoje. Era muito cedo, tendo em conta que fiz quimio apenas há 3 dias. Precisava de mais tempo para recuperar os valores. Por isso, vou ter que ir fazer as análises da segunda de manhã para saber se poderei fazer a quimio de tarde. Ou seja, quem me ligou não prestou atenção às datas dos meus tratamentos.
Voltei para casa e não fui ver o desfile da minha querida filha. Estava super cansada e meti-me na cama. Ainda dormi mais um pouco e, por volta do meio dia, começo a receber mensagens do grupo de exercício físico do WhatsApp. Estava a aproximar-se a hora do treino.
Enchi-me de coragem, levantei-me e equipei-me. Se estivesse a treinar fora de casa, certamente hoje não teria feito nada. Não tinha a energia para sair de casa, ir treinar e regressar.
Treino com o Hugo Ribeiro, que é especialista em exercício oncológico. Entramos no zoom e, juntamente com um pequeno grupo de outras senhoras que tiveram ou têm cancro de mama, fazemos um treino orientado para as nossas necessidades.
No momento atual, fazer estes treinos tem sido uma mais valia porque não preciso de sair de casa. Numa altura em que tenho a imunidade comprometida e muita falta de vontade de me mexer, ter este incentivo é excelente. O exercício físico é de capital importância durante os tratamentos e para evitar recidivas.
Pronto, hoje foi o que fiz. Não consegui ir andar a pé, mas trabalhei as pernas, braços e o core. De tarde, apetecia-me ir para a cama, mas o sol estava tão bom que decidi fazer outra coisa. Muni-me de uma manta quente, boné e um livro e instalei-me numa espreguiçadeira ao lado da piscina. Ali fiquei, ao sol, mas protegida do mesmo e voltei a adormecer. Soube-me mesmo bem.
Amanhã espero ter mais energia. 💪
27.2.25
Primeiro dia em baixo
Hoje foi o primeiro dia, desde que iniciei os tratamentos, em que me senti em baixo. Os dois dias anteriores de insónias também não devem ter ajudado muito.
Acordei para preparar a miúda para o colégio, mas não me consegui levantar da cama. Fui controlando tudo à distância, mas não a ajudei em nada.
Tentei manter-me acordada, ouvi o podcast da Joana Marques, mas rapidamente adormeci. Estive on & off até às 12, mas só saí da cama às 13. Vesti um hoodie por cima do pijama e fui almoçar. O barulho incomoda-me. Até o barulho dos talheres a encostar nos pratos.
Passei a tarde no sofá, à lareira, e vi um filme na Prime - Anyone but you. Não consegui ter energia para ler. Preferi ver uma comédia e este filme foi bem interessante, até porque é inspirado na peça Much Ado About Nothing, de Shakespeare. Ligeiro como eu precisava.
Ao fim do dia, tive que ir buscar a MV ao colégio e ainda passei no Continente, mas fui contrariada. Apetecia-me cama.
Ajudei-a a preparar a roupa para amanhã, já que vai haver desfile de Carnaval. A turma dela vai representar países e culturas, como já aconteceu no passado. Da outra vez, representou o Japão e amanhã representará a Índia. Tenho muita roupa e acessórios que a minha querida Krupa me ofereceu. Tivemos que fazer algumas adaptações porque amanhã vai estar mesmo muito frio.
26.2.25
Quimio 6/12
Mais uma voltinha ao Hospital de Dia para a 6a sessão de quimioterapia branca.
Sinto-me super confortável em andar pelos hospitais de cabelo rapado. Na rua tenho mais receio dos olhares, mas esta semana até fui buscar a miúda ao colégio assim. Foi muito rápido e não deu para avaliar as reações.
Desta vez fui com um bocado de receio devido ao cateter e avisei a enfermeira. Também levei uma roupa mais aberta para não dificultar o trabalho. Não doeu e hoje também não dói. Mas a enfermeira confirmou que o cateter está mais profundo, sim.
Recebi a visita da Lena, que é médica no hospital. Soube-me tão bem ver por ali uma cara familiar. E ela é uma querida! Além de que tem as filhas mais fofinhas! Antes de ir embora ofereceu me um livro da Joana Marques. Sou super fã, não passo sem o podcast Extremamente Desagradável e é o tipo de leitura que me apetece fazer nesta fase. Veio mesmo a calhar.
Por incrível que pareça, não tenho lido nada. Tinha começado a ler um livro que queria muito (faz parte de uma quadrilogia da Elena Ferrante) quando o Filipe teve o acidente em Agosto. Nunca mais lhe consegui pegar e continua na mesa de cabeceira. Entretanto, fiz uma tentativa com um livro mais “fácil” da saga da Criada e também o abandonei após as primeiras páginas. Acho que vai ser mesmo este da Joana Marques que vai quebrar o enguiço porque comecei a lê-lo no cadeirão da quimio.
Para o meu almoço, voltei a levar 2 sandes, de ovo e de carne. E esqueci-me que tinha uma banana, ou também a teria comido. Desta vez, consegui dormir um pouco após me darem o anti-histamínico, mas aqueles cadeirões são muito desconfortáveis.
Há duas salas para administração da quimio: a dos cadeirões e a das camas. Claramente, prefiro ir para as camas, são mais confortáveis e o descanso é outro. Só a luz na sala das camas me incomoda um pouco porque é quase totalmente artificial. A luz natural entra por umas janelas muito pequenas na parte superior da parede. Já a sala dos cadeirões tem muitas janelas e grandes para o exterior, vemos a rua e veem-nos a nós. Ontem estava um dia muito solarengo, eu estava de frente para essas janelas e o sol batia-me na cara.
Entretanto, acordada da minha breve soneca, uma senhora que tinha chegado perguntou-me se eu era a Mara. Esta senhora é minha vizinha e já tínhamos falado por mensagem, só que não nos conhecíamos pessoalmente. Estivemos a conversar com outra senhora pelo meio e foi muito bom. Já fez os tratamentos todos, a cirurgia e agora faz imunoterapia. Estava giríssima com o cabelo curto e super animada. Também não teve grandes efeitos secundários, o que me dá esperança para continuar animada.
Em casa, não consegui dormir mais. Nem a botija de água quente que a D. São me deixou já na cama aberta puseram a dormir. E isso leva-me a um novo efeito secundário: a insónia.
Adormeci já bem depois das 2 da manhã e acordei às 6. Isto é completamente atípico em mim. Eu durmo, gosto de dormir e preciso de dormir umas boas 7 horas. Hoje, deixei-me ficar na cama para recuperar algum sono e não consegui dormir. Vou levantar-me e fazer uma caminhada.
A outra coisa que me está a incomodar muito é o apetite exagerado. Tenho andado descontrolada e vou parar isto imediatamente. Não aceito engordar porque é algo que tenho algum poder de mudar. E este é um compromisso que faço comigo.