22.12.19

Tumor mamário da minha gatinha

Há dois dias, descobri um quisto enorme na barriga da minha gatinha. Parecia uma bola de golfe. Nem queria acreditar e não quis tocar mais. Como era possível não ter reparado antes? Esta gatinha segue-me para todo o lado, vem para o meu colo. De facto, ultimamente só lhe fazia festinhas na cabeça e por cima, já que estava quase sempre deitada sobre mim... Não consegui dormir bem, não consegui comer quase nada, fui várias vezes à casa de banho porque, quando fico muito ansiosa, o meu intestino fica logo afectado. Ontem, logo de manhã cedo, marquei consulta no hospital veterinário. O temporal que tinha que estar hoje! Rai’s parta a tempestade Elsa! Coloquei uma mantinha quentinha na transportadora e lá fomos nós. O prognóstico não é bom! É um tumor mamário e muito provavelmente maligno. Eu já sentia que não era bom. A cirurgia já está marcada para dia 26 de Dezembro. Preveem-se 2 dias de internamento e só quero que passe depressa. A minha bichinha, tal como o seu irmão, têm quase 10 anos. A idade já se torna num problema. Não era suposto uma gatinha esterilizado ter este tipo de problemas porque nunca tomou a pílula. Mas foi esterilizada aos 8 anos e já foi um pouco tarde. Não lhe queria causar sofrimento com as cirurgias e olha... esse adiamento talvez lhe tenha causado este problema. Antes da cirurgia, vão fazer vários exames. Vão ver se os rins funcionam bem e se aguentam a cirurgia, os exames de sangue normais e também um exame aos pulmões para ver se o cancro não está metastizado. Se já estiver, provavelmente não operam. A operar, vão tirar todo o tecido do lado da maminha afectada. Caso haja do outro lado, só cerca de dois meses depois é que podem operar. É muito tecido cortado para se poder fazer tudo de uma só vez. A gatinha está normal, não me parece ter dores, só acho que se refugia mais para estar sozinha. No entanto, continua a querer o meu colo, gosta de andar sempre atrás de mim, gosta de ir até ao nosso jardim comer um pouquinho de erva. Não quero perder esta menina, faz-me tanta falta. Também não quero que sofra nada, não a quero assustada. Só quero que isto passe rápido e que ela possa descansar sossegada no meu colo, livre da doença. 
https://drive.google.com/uc?export=view&id=1dtemRg6RJd3AqrEIzUZTyA37nLkTDX8D

18.12.19

Festa de Natal da Escola 2019

Hoje foi dia de festa da escola. Foi um evento organizado muito em cima do joelho, mas acho que os meninos se divertiram, que é o que importa. 
Durante a manhã, uma empresa foi fazer animação na escola, mas não houve nada de especial para além das habituais pinturas faciais e balões. À tarde, houve umas apresentações das crianças, preparadas muito em cima da hora e um lanche. É uma pena que os (alguns) professores de hoje não esteja motivados para explorarem o melhor das nossas crianças. Andam saturados, cumprem um horário e acabou o dia de trabalho. É uma pena... Este é o último ano da minha filha no Jardim de Infância. Hoje notei uma evolução enorme desde a primeira actuação dela. Caso nunca tivesse sido exposta a um público, nunca teria tido a possibilidade de evoluir, de se melhorar. Quando eu era miúda, não havia muito o hábito de fazermos apresentações. Creio que só fiz duas e a cantar em grupo. Apenas na escola francesa fazíamos dramatizações a sério. Hoje, sou tímida, não gosto de falar em público. Gostava também que houvesse mais interesse dos país nas actividades da escola. É uma pobreza generalizada. Uns não querem saber porque vão trabalhar, outros não querem saber porque aquilo é apenas o seu trabalho. E quem perde são sempre os mesmos - as crianças. Como representante dos pais e encarregados de educação do meu Jardim de infância, fui eu que me encarreguei de comprar os presentes de Natal oferecidos pela Junta de Freguesia. Avisei logo que iria comprar livros. Houve logo pais que se queixaram que era melhor um carrinho ou bonecas. A sério? Aposto que têm tralha dessa a sobrar em casa e ainda querem mais bonecada? Outro disse que já tinha livros em casa. Ainda bem. E acrescentei que livros nunca são demais. Se já tem muitos e a criança já se cansou deles, pode sempre oferecer a uma instituição. Chegámos a casa, depois da festa, e separei alguns brinquedos para dar. Amanhã, vou separar mais porque a minha filha disse quer eram poucos. É boazinha, mas hoje também fez algo que me deixou triste. Falarei sobre isso amanhã. Hoje acabo o dia cansada. Acabo o dia com a sensação de que também eu tenho muito a fazer pelo que me rodeia e que tenho que me focar no que é realmente importante. Estamos na quadra perfeita para a reflexão. E que haja depois alguma ação também. 

14.12.19

Pitos de Santa Luzia

Santa Luzia foi uma menina nascida em Siracusa (283? – 304), filha de uma família nobre e abastada. O seu pai morreu cedo e foi educada pela mãe nos princípios da igreja católica, muito perseguida, ainda, naquele tempo. Quando a sua mãe foi acometida por uma doença grave, fez uma viagem com ela a Catânia, onde se venerava a Mártir Águeda, para pedir a sua intercessão. Durante o sono, Santa Luzia teve uma visão de Santa Águeda que a informou que a sua mãe se encontrava curada por força da sua fé. De regresso a casa, Santa Luzia pede à sua mãe que não a obrigue a casar e que se iria manter virgem, e dedicar à vida da Igreja Católica. Por vingança, o jovem a que estava prometida em casamento decide denunciá-la às autoridades por ter faltado à palavra para o casamento, e por ser cristã. Receosa por esta denúncia, e possíveis consequências, Santa Luzia decide distribuir a sua riqueza pelos pobres. Na altura, o Imperador de Roma era Diocleciano. Foi levada a tribunal e confessou a sua fé. A primeira sentença remete-a para um prostíbulo para garantir a perda da sua virgindade. Certo é que tal não aconteceu porque forças extraordinárias impediam que ela se movesse. De volta à prisão, são-lhe retirados os olhos com punhais. Para espanto de todos, no dia seguinte, os olhos estavam no seu local no corpo de Santa Luzia. O governador, furioso, ordenou que ela fosse regada com resinas inflamáveis e lhe ateassem fogo. Quando as chamas desapareceram, o seu corpo encontrava-se sem qualquer queimadura.

A fúria contra ela continuou e, num golpe final, é-lhe cortado o pescoço e desfalece. Há várias versões sobre estes episódios mas o que mais parece ter impressionado naquela época é o terem-lhe extraído os olhos. Por isso, na iconografia de Santa Luzia, esta surge sempre numa das mãos com um prato ou uma almofada com os dois olhos. Na outra mão, habitualmente uma palma. Assim Santa Luzia transformou-se na protetora dos olhos, da visão, e das suas doenças. Os seus restos mortais, relíquias, estiveram em Siracusa, foram para Constantinopla e fixaram-se em Veneza onde ainda hoje se podem venerar. O Cardeal Angelo Giuseppe Roncalli, depois Papa João XXIII, tendo sido Cardeal e Patriarca de Veneza, tinha por hábito recolher-se junto destas relíquias.

Quis o destino que uma moça de nome Maria Ermelinda Correia, século XIX?, natural de Vila Nova, fosse trabalhar para o Convento de Santa Clara, em Vila Real, em Trás-os-Montes. Acabaria por tomar o hábito daquela Casa depois de um noviciado atribulado a servir entre a cozinha e o atendimento a doentes que se acolhiam na área hospitalar do convento. Maria Ermelinda tinha um prazer, pecado, assumido que era a sua gulodice. O convento seria uma forma disciplinar de expiar esse prazer não aceite para quem iria assumir uma dedicação monástica. Conhecida que era essa vontade devoradora por doces, rapidamente foi proibida desse consumo e passou a ser vigiada, mesmo trabalhando na cozinha onde os produtos pareciam facilitadores. Habituada que estava já à vida do convento, começou a dedicar devoção a Santa Luzia, “orago dos cegos e padroeira das coisas da vista”, segundo Juvenal Cardápio. Nunca se soube da verdadeira razão da devoção a Santa Luzia. Ou pelo facto da Madre Abadessa sofrer de visão ou se por essa razão se ter lembrado da inspiração para a criação dos famosos “pitos” batizados de Santa Luzia.

Consta que Maria Ermelinda, e possivelmente inspirada no famoso Milagre das Rosas, invocando Santa Luzia, se lembrou de preparar os ditos doces associados a curas ou tratamentos para os olhos, habitualmente umas compressas com papas de linhaça. Estas compressas consistiam num quadrado de pano cru e, no centro, colocavam-se papas de linhaça. Para que este creme não vertesse dobravam-se as pontas de forma a obter um quadrado mais pequeno. Então, com esta inspiração vai rapidamente para a cozinha, sendo certo que tinha acesso a poucas mercadorias e não poderia dar nas vistas. Assim começa por preparar uma massa com farinha e água, bem amassada. Depois de estendida, corta-a em quadrados. De seguida prepara, num tacho, uma compota de abóbora, com aparas desta que tinham sobrado na cozinha e com apenas a sua ração de açúcar. Deixa reduzir e fica um creme espesso. Sobre os quadrados de massa coloca um pouco do doce e dobra as pontas exatamente como faria às compressas. O pano cru era a massa, as papas de linhaça o doce de abóbora. Depois vão ao forno e ficam uns quadrados como podem ver na foto. No caminho da cozinha para a sua cela, cruzou-se com a Madre Abadessa que lhe perguntou o que ela transportava e a noviça Maria Ermelinda terá respondido que eram papos de linhaça que no dia seguinte viriam para os tratamentos. Parece que continuou a fazer estes doces em pequenas quantidades, para satisfação da sua gulodice, mesmo depois de ter professado e se ter transformado na Irmã Imaculada de Jesus.

Começou, então, uma tradição em que as raparigas oferecem o “pito” aos rapazes no dia 13 de Dezembro, dia de Santa Luzia, na esperança de receberem a “gancha”, no dia de São Brás. Eu, como faço todos os anos, comprei os pitos para o meu marido. Aguardo a minha gancha de São Brás no dia 3 de Fevereiro.

 

Ipsis verbis

Ontem, a propósito de um episódio dos TOPS, eu conversava com a minha filha sobre a adopção. Neste caso, uma Flamingo tinha adoptado uma gatinha. Para criar uma família é só preciso AMOR. Entretanto, também lhe disse que eu e ela não éramos muito parecidas, no entanto tínhamos o coração igual. Ao que ela responde: “Mamã, o meu coração é um pouco diferente! É mais pequenino e tem purpurinas!” 🙈🙈😂😂

https://drive.google.com/uc?export=view&id=1tZm_Yja3FF4s5leFgXRhwvBy3Ut-mEsD

13.12.19

Amigas de 5 anos

Hoje os miúdos do Jardim de Infância foram ao cinema ver o filme da Ovelha Choné. É grande acontecimento para a criançada. Vão todos juntos, a animação é outra. Pelos vistos, a minha filha e as amigas tinham combinado ir de vestido. Têm 5 anos e já se comportam como adolescentes. Foi um filme cá em casa. Hoje, o dia esteve diluviano e ela fez tanta questão de ir de perna ao léu que lá arranjei maneira de ir composta, quente e preparada para a chuva. Aqui em Trás-os-Montes a coisa é complicada. Chegada à escola, vai logo ter com as amigas e a Eva mostra-lhe o seu vestido. A minha tira o casaco e exibe o seu. A Francisca, surpreendida e desiludida, pergunta à minha filha por que não trouxe as calças aos quadrados. E ela não percebeu nada porque, afinal, tinham combinado usar vestido. A avó da Francisca entretanto esclareceu-me. Na casa dela também tinha sido complicado negociar calças com a menina, tendo em conta a intempérie. Então, resolveram dizer que as mães tinham combinado que as meninas levariam as calças aos quadrados. A Francisca aceitou, claro. Quem nunca mentiu aos filhos para conseguir fazer alguma coisa absolutamente razoável? Só tive pena de não ter tido a mesma ideia. 
https://drive.google.com/uc?export=view&id=1YsRFKlrsMGZDpKfOFX41lcDEThEd_JUD

12.12.19

Guarda-chuvas

Adoro guarda-chuvas na perspectiva do observador e não do utilizador. Gosto, compro e não uso. Não são práticos, é mais uma coisa para levar na mão a juntar à mala, a outros sacos e, agora, à criança. Por isso, sempre fui adepta da corrida e dos capuzes. Mas agora coincide que tenho vários casacos sem capuz e faz com que tenha de correr mais. Mas, como quase sempre tenho a criança comigo a corrida já não é tão imediata quando saio do carro. Tenho que sair, fechar a minha porta, contornar o carro, abrir a porta da criança, tentar tirá-la rapidamente (que nunca acontece), fechar porta e, então sim, correr. Perante isto, prefiro sair calmamente do carro, ocupar a mão com o guarda-chuva e não me molhar. O cerne da questão é quando regressamos ao carro. O guarda-chuva da criança fica no chão do banco dela (também é pequeno) e eu faço uma ginástica do caraças para, no final, me molhar toda na mesma. Abro a minha porta, enquanto entro no carro começo a fechar o dito cujo e depois fico sem saber onde o colocar. Molho-me toda na mesma. E ao carro. Colocar no lado do passageiro molha-me as pernas ao passar por cima de mim, deixar entre a minha porta e a minha perna esquerda molha-me a perna também. Para mim, a solução é continuar a não usar guarda-chuva. Molho-me menos!https://drive.google.com/uc?export=view&id=1kVP2K8ScThKJRLlNt8XlQEBOaUi9pCLs
Foto: Pinterest