2.11.20

Novo emprego durante a COVID-19


No dia 1 de Abril fui dispensada da empresa onde tinha trabalhado nos últimos 13 anos. 


Curiosamente, fui contratada numa altura de crise económica, em 2007. Na altura até saiu uma notícia sobre mim num jornal 😂. Foram 13 anos de muito trabalho, muito crescimento pessoal e profissional. Mostrei o meu empenho e dedicação e fui subindo na hierarquia. Até que, em 2011, atingi um patamar e de lá não mais saí. Não havia aumento, não havia progressão, mantinha-me como freelancer... inevitavelmente, deixou de haver motivação. Acomodei-me, confesso. Não fiz nada para mudar: o salário não era nada mau, não precisava de pensar muito para desempenhar o meu trabalho, deixei-me estar. Procurei esse desafio noutras áreas. Criei a MissVintage e tirei um curso de Decoração de Interiores. 


Quando em Março fui contactada para me darem a notícia de que iria estar sem trabalho, nunca pensei que 15 dias depois me iam mandar embora. 2 minutos no Skype e estava fora. Trabalhei no dia do parto da minha filha, tive várias chamadas de conferência à meia noite ou 5 da manhã porque era responsável pelos mercados australiano e americano, passei noites a fio a trabalhar, andava sempre com o computador comigo para cumprir prazos impossíveis. Tudo isto sem um contrato. Por isso, quando me dispensaram, fiquei sem nada.


Ora, como parece que eu me dou muito bem em épocas de crise, em 4 meses arranjei outro emprego. Vou ter que novamente mostrar o meu valor porque o sucesso não se conquista sem trabalho. E esta empresa, que não me conhecia de lado nenhum, já me está a dar mais do que a anterior: um contrato de trabalho, seguros de saúde e um horário ajustado à minha realidade familiar, trabalhando a partir de casa. Não é só durante a Covid, é sempre. 


Por isso, quem quiser tentar a sua sorte pode enviar-me o CV por e-mail. Há vários tipos de projectos, várias tipos de contrato, mas sei que o domínio (não é dizer umas palavras apenas, é ser fluente!) de línguas estrangeiras garante melhores possibilidades.

3.7.20

Receita para se transformar em sereia

Cá vai mais uma teoria da Maria Victória.

Então, quem quiser transformar-se em sereia basta misturar um peixe (perguntei se teria que ser vivo, mas parece que morto também serve), água, algas e espuma do mar. É mexer muito bem e colocar diretamente sobre as pernas da menina.

Para fazer o procedimento inverso, é mais complicado. Como no fundo do mar não há telefones normais, só há telefones de algas, é preciso ajuda de outra pessoa. Em terra, é preciso desenhar em papel beijinhos, abraços e corações. Depois, recortam-se e espalham-se sobre a cauda da sereia. Et voilà, voltamos a ter pernas de pessoa.

O Monstro da Sanita

Não sou só eu que conto histórias à minha filha. Ela também me conta. E resolvi escrevê-las para não esquecer. Então, cá vai...

(Até parecem as crónicas da Masha)

Há monstros que vivem dentro das sanitas e é por isso que temos que fechar sempre a tampa. Estes monstros alimentam-se de xixi e de cocó, por isso temos que ir à casa de banho muito depressa. Se repararem, quando abrem o autoclismo, e faz um barulhinho no final, é o monstro a tentar sair. Só não sai porque tem a tampa fechada e é por isso que acontece esse som - é o monstro a bater com a cabeça na tampa da sanita.
Se fecharmos as tampas, nada acontece. 

29.6.20

Finalista do Jardim de Infância

Acabou mais um ano lectivo. Habitualmente tínhamos festa na escola, com direito a atuações, apresentações, representações, comidinha boa, diversão, muitas fotos, desejos de boas férias.
Eu fui daquelas mães que optaram por não levar a filha à escola aquando da abertura dos Jardins de Infância. Não que houvesse grande perigo onde eu vivo. Todo o pessoal docente e não docente foi testado e só duas crianças frequentavam o espaço. Na altura, achei que era desnecessário por apenas 20 dias. Fiquei de passar pelos jardins da escola para visitarmos à distância os professores e colegas. Não o fizemos porque entretanto o tempo foi passando e nem me lembrei, confesso.
Na sexta-feira passada, enquanto via o Jornal da Tarde, apercebi-me que era o último dia de aulas. Fomos até à escola na esperança de ainda apanharmos lá alguém. 
Fui convidada a entrar. Havia solução alcoólica à entrada da escola e da sala. Vários equipamentos estavam tapados. Lá dentro uma mesa preparada para uma festa para aqueles dois meninos. Adoraram a nossa visita e para eles foi muito importante verem outras pessoas. Se eu soubesse, neste contexto concreto, até teria deixado ir a minha filha. Ambas teríamos beneficiado muito. 
Ela quis muito voltar a brincar no recreio. Estava cheia de saudades. 


Nunca gostei muito desta moda das capas, cartolas e fitas aplicada às crianças, mas este ano que a minha filha foi finalista até achava piada que ela tivesse tido uma. Como este fim‑de‑semana passei umas horas em casa da minha mãe, ela viu lá a minha velha cartola. Não resisti e tirei umas fotografias que representam o fim desta etapa. 


27.6.20

Ipsis Verbis

No outro dia, o marido da minha mãe estava a tratar de uma das nossas portas de casa que dão para o jardim. São em madeira, têm muita exposição solar e, uma delas, já estava quase sem protecção nenhuma. Precisava de ser tratada urgentemente com verniz adequado. 
Eu estava no interior da casa sem saber o que se passava no jardim quando a Maria Victória se aproxima e me diz, em tom de queixa: “Mamã, preciso de te dizer uma coisa, mas tenho medo de te dizer.” Insisti que me podia contar tudo. “Mas é uma asneira e não quero dizer.” Blá blá blá... “O Aníbal está a fazer uma coisa à porta. É como se fosse estragar, mas é outra palavra.” Parei. Só me ocorria a palavra F*$3R. “Qual é a palavra, filha? Aliás, por que letra começa?” Estava com muito medo da resposta. E ela responde L. L? “Ok. L e que mais?” “L e depois I”. Pronto, descobri a charada! A asneira era LIXAR. O Aníbal estava a lixar a porta. 
Conclusão: ela não diz asneiras, mas conhece-as. Cá em casa, como é natural aqui pelo norte, podem ouvir-se algumas asneiras às vezes. Mas ela percebe o contexto e sabe que não pode repetir. E, pobrezinha, até achava que o lixar literal da porta era o vernáculo que vai ouvindo. 

A queda do primeiro dente

Se for como eu, a minha filha vai perder os dentes de leite muito devagarinho e tarde. Depois, nasceram-me enormes, estranhos, separados... para entretanto se tornarem muito bonitos e muito direitinhos, modéstia à parte. Só com o nascimento dos dentes do siso, já em idade adulta, é que se moveu ligeiramente um deles.

Pois bem, em plena pandemia a Maria Victória teve um dente a abanar. Ela não lhe ligou muito, apesar da impaciência e receio para ele cair. Eu notava que já havia pressão do dente definitivo porque a gengiva já estava um pouco pisada, mas ela não mexia muito no dente e nada acontecia.
No dia 16 de Maio, fomos passar uns dias à nossa casa na zona de Viana do Castelo para mudar um pouco de ares. Tínhamos acabado de chegar e passámos no supermercado para fazer umas compras. À ida para casa, 2 ou 3 minutos depois de entrarmos no carro, ela diz-me para lhe tirar uma foto porque o dente estava todo torto e ela queria ver. Viro-me para trás e tiro-lhe uma foto.

Depois, pensei que talvez fosse melhor filmar porque ela estava a mexer muito no dente e talvez ele caísse ali mesmo. E não é que caiu mesmo? E eu filmei tudo! Que alegria a dela e a nossa! Abençoadas tecnologias que nos permitem registar estes momentos sem que percam a espontaneidade e naturalidade.